domingo, 24 de novembro de 2013

STF, achincalhes, chicanas e deboches.


Para o bem da democracia, juízes deveriam ser levados ao banco dos réus.

Por Alipio Freire

O achincalhe, a chicana, o deboche do Supremo Tribunal Federal (STF), frente às leis que regem (ou, pelo menos, deveriam reger) suas decisões, parecem não ter limites. As prisões ilegais dos réus do processo conhecido — não por acaso incorretamente — pela alcunha de “mensalão”, além de um atropelo às leis vigentes, segue a batida das piores tradições golpistas da direita brasileira: foi decretada em vésperas de feriado prolongado, quando a dispersão das organizações e movimentos populares e democráticos impede toda reação contra o ato.

 Assim foi com o Ato Institucional Número Cinco — AI-5 (numa sexta-feira de meados de dezembro — dia 13); assim tentou o fraudador da Constituição — doutor Nelson Jobim, então ministro da Defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na passagem do ano de 2009 para 2010, contra o Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), do também então ministro Paulo Vannuchi, hoje — com todo mérito — eleito membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

 Toda vez que uma decisão importante e de interesse da maioria for tomada às vésperas de um feriado longo, em longínquos dias de dezembro, ou em qualquer momento de desmobilização, estejamos alertas: trata-se de um golpe contra os interesses da maioria da sociedade.

 Aprendamos — mas jamais repitamos.Ou seja, método tipicamente da direita, tão velho quanto sonhar agachado — há quem confunda a serventia da posição e a use para seus devaneios, sendo que o presidente do STF — doutor Joaquim Barbosa e a maioria dos seus pares parecem especializados neste metier. Enfi m, existem sonhos de todo tipo e qualidade...

Há os que sonham, por exemplo, com a impunidade — exatamente por isto se agacham céleres perante qualquer possibilidade de ascensão que vislumbrem, tornando-se muitas vezes vassalos mais realistas que seus senhores.

A Corte Suprema do país é isto. E não se trata apenas de mudar os nomes que a compõem, embora de imediato isto fosse o desejável. Quem sabe um impeachment. Por essas e outras, ou abrimos através de uma séria reforma política essa caixa-preta, ou as nossas conquistas democráticas retroagirão. Os venais devem ser punidos. Estejam nos executivos, nos legislativos ou nos judiciários — mas punidos na forma da lei.

E a independência dos Três Poderes jamais deve servir de pretexto para a omissão e a crítica de uns sobre os outros. Lembram-se das fanfarronadas do doutor Gilmar Mendes, quando presidente do STF, em seus comentários sobre decisões do Executivo e do Legislativo?

Aliás, assusta-nos a presteza com que o atual ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça (PT), tem atendido e cumprido as ordens emanadas de certos setores da escancarada oposição de direita, ultradireita e de pusilânimes em geral. E não apenas no que diz respeito à disponibilização de forças federais frente aos mais tolos conflitos sociais.

No presente caso, é imperdoável a postura do ministro Cardozo frente à “fuga para a Itália” do ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, entrando imediatamente com o pedido de sua extradição junto ao governo de Roma. O caso Henrique Pizzolato (cidadão com dupla nacionalidade) é uma das maiores aberrações do processo em curso: todos sabemos (é mais que público) que o doutor Joaquim Barbosa ocultou cínica e despudoradamente as provas de inocência do réu, que constavam do processo.

Ora, o ministro Cardozo teria feito melhor para a nossa democracia, se houvesse contestado o doutor Barbosa e — pelo menos — forçado o esclarecimento da questão. Mas, se for possível o julgamento do senhor Pizzolato por um tribunal italiano (como ele pretende), a desmoralização do STF, do doutor Barbosa e de seus parceiros de venalidade, ganhará dimensão internacional. E, junto com a caterva, irá água abaixo o nome do ministro Cardozo...

A rigor, o comportamento do STF (com as honrosas exceções de alguns juízes), coadjuvado pela grande mídia comercial, não é o da busca da Justiça — papel defi nido pela Constituição. Ao contrário: é a busca da estigmatização e linchamento dos réus do “mensalão” que, de fato, enquanto tal jamais existiu(*), embora outros atos ilícitos tenham sido cometidos, como admitem mesmo alguns dos réus. Em qualquer democracia ou república, o linchamento é o oposto de toda Justiça. E aqui, convêm algumas considerações e perguntas:

Exceto o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que tomou atitude firme e pública durante seu Congresso no final da semana passada, onde andam as forças de esquerda, os partidos e demais entidades democráticas deste país? Pretendem ganhar eleições ou barganhar cargos à custa mesmo da injustiça e arbítrio das forças saudosas da ditadura? A manifestação da Executiva Nacional do próprio Partido dos Trabalhadores — ao qual pertenceram vários dos réus, foi pífia, de tão tímida.

Mas, deixemos de lado as instâncias formais e subalternas. Reportemo-nos diretamente ao poder de fato do PT, que migrou e se metamorfoseou ambulante e sucessivamente do grupo de “compadres sindicalistas”, para as Caravanas da Cidadania; destas para o Instituto da Cidadania; passeou em seguida pelos aparelhos da Presidência da República e, hoje, se manifesta através do Instituto Lula, onde senta praça.

Onde foi parar toda essa gente? Esperam se ver livres de companhias hoje “incômodas”, das quais fi eram todo tipo de uso e agora descartam? Temem se chocar com a direita que integra as bases de governabilidade dos seus sucessivos governos? Sim, realmente — com a política que desenvolveram acumpliciados com alguns dos hoje réus, fica difícil sequer se referir ao julgamento do ex-presidente Fernando Collor de Mello, cujo processo jaz em alguma gaveta há mais de 20 anos, “à espera de ser julgado”.

E as correntes do PT? Até o momento, exceto o líder de O Trabalho, Markus Sokol, os representantes das demais tendências não disseram a que vieram. Pensam se livrar de alguns camaradas que nas disputas internas se utilizam de métodos muitas vezes da direita para abater seus adversários? Vão agir como alguns deles que hoje criticam e até execram, mas aos quais já se aliaram em diversos momentos?

Algo precisa ser dito, sem rebuços. Independentemente de qualquer crítica que tenhamos (e temos muitas, algumas graves) ou venhamos a ter a qualquer dos réus petistas, todos eles se comportaram com uma dignidade exemplar: em nenhum momento hesitaram em assumir para si as responsabilidades perante as acusações pelas quais respondem. Jamais sequer cogitaram em lançar mão do espúrio direito da “delação premiada”, que transforma cada cidadão brasileiro num potencial dedo duro. Se há algum outro petista (dirigente ou não) envolvido no assunto, nunca saberemos — pelo menos, através desses homens presos.

Às vezes nos parece haver um certo júbilo de uns e outros, frente a essas prisões e linchamentos. Algo como alguns personagens de esquerda que comemoraram o fi m da antiga União Soviética — a Queda do Muro de Berlim, promovida pela direita... E vejam no que deu. Isto acontece sempre que nos aliamos ou nos omitimos perante o inimigo. Diria Dercy Gonçalves: a perestroika da vizinha está presa na gaiola. Mas, a omissão, a covardia, o permanente “senso de oportunidade” têm sempre um preço. Como escreveu em mensagem sobre o assunto, numa lista, a nossa companheira Eliete, “Àqueles que não se rebelam contra as injustiças: amanhã será tua vez!”.

Mais que Dirceu, Genoíno, Delúbio e outros, mais do que o PT, e muito mais que qualquer divergência política ou de métodos (estas últimas, as mais graves); mais que os resultados eleitorais de 2014 — ou a não conquista do tão almejado cargo de assessor de porteiro na Embaixada do Brasil em Uganda perseguido por tantos; mais que o fato de não petistas também estarem a ser igualmente punidos de forma arbitrária; o que está em jogo são conquistas democráticas conseguidas com o sangue e o suor de milhões de brasileiros. Silenciar neste momento é capitular. Perder uma eleição é uma derrota conjuntural. Perder conquistas democráticas é uma derrota estrutural. A defesa das nossas instituições democráticas é um dever de todo e toda cidadã.

(*) O termo “mensalão” foi criado pela grande mídia comercial, para designar um suposto crime de corrupção que implicaria em um pagamento mensal regular que seria feito por dirigentes petistas a diversos parlamentares federais, para que apoiassem/ votassem as propostas do Partido dos Trabalhadores no Congresso. Já foi sobejamente provado e aceito que tal prática jamais aconteceu. A insistência no uso da expressão faz parte de uma campanha de criminalização e difamação dos réus ora processados.

Alipio Freire é jornalista, escritor e membro do conselho editorial do Brasil de Fato.


 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Dilma anuncia plano safra específico para o Semiárido



Escrito por PT Senado

“Os países que têm inverno suportam esse processo sem voltar atrás no caminho do
desenvolvimento. Por que não podemos fazer o mesmo com a seca?”
A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta segunda-feira (3), em Natal (RN), o lançamento de um plano safra específico para o Semiárido Nordestino, que sofre com a maior estiagem dos últimos 50 anos. O objetivo é melhorar a estrutura dos produtores rurais no período da seca e reduzir a dependência da importação de milho para alimentação do rebanho. As dívidas dos agropecuaristas da região serão equacionadas. Esta é mais uma iniciativa do Governo Federal, que desde o ano passado, vem atuando para prevenir e amenizar os efeitos da seca.
Em abril, Dilma se reuniu com os governadores para anunciar repasse de R$ 9 bilhões para a região atingida com enfoque na ampliação do fornecimento de água. Entre as ações estão a ampliação em 30% da frota de carros-pipas; e a construção de cisternas. Também foi negociada a renegociação das dívidas e a oferta de crédito para as novas plantações. Por meio de medidas provisórias, o Governo ainda aumentou o socorro aos agricultores que perderam suas safras.
Os planos safra nacionais 2013/2014 da agricultura empresarial e da agricultura familiar serão lançados nesta semana pelo governo.
Dilma comparou a seca nordestina ao inverno rigoroso que alguns países enfrentam. “Os países que têm inverno com 20 graus negativos, onde tudo é tomado pela neve, suportam esse processo sem voltar atrás no caminho do desenvolvimento. Por que não podemos fazer o mesmo com a seca?”, questionou.
A presidenta, que foi ao Rio Grande do Norte entregar retroescavadeiras e motoniveladoras a 149 municípios do estado para construção e reestruturação de estradas rurais — parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) — destacou em seu discurso que é possível conviver com a seca e escolher a melhor forma de enfrentar os prejuízos que ela traz. Para tanto, disse ela, trabalha-se com dois eixos principais: segurança hídrica e segurança produtiva.
Enfrentamento dos efeitos da seca
"A segurança hídrica é estratégica”, avaliou Dilma, lembrando que o Governo federal vem repassando recursos aos estados e municípios para garantir a escavação de poços e construção de pequenos sistemas coletivos de abastecimento, alem do pagamento da garantia safra e bolsa estiagem. “É por isso que não vimos, apesar da profunda seca, ataques a supermercados e feiras, porque criamos um cinturão que vai durar enquanto a seca durar", disse.
O primeiro eixo vem sendo executado com obras de transposição, cisternas e barragens, entre outras obras para estruturar a região. A segurança produtiva será implementada, a partir de agora, pelo plano safra a ser anunciado, bem como pelos equipamentos doados para  construção e reestruturação de estradas rurais que permitam o escoamento da produção. Além dos recursos para investimentos e custeio, o plano vai prever assistência técnica para os produtores da região. Uma dos principais investimentos para a segurança produtiva do Semiárido é a construção de armazéns e silos para estocar os alimentos.
No Rio Grande do Norte, a presidenta confirmou o repasse de mais de R$ 300 milhões para que o governo estadual construa a Barragem de Oiticica, entre os municípios de Caicó e Jucurutu, e que deve beneficiar mais de 500 mil pessoas. “A Barragem de Oiticica, durante 63 anos, ficou esperando. Nós temos que fazer obras estruturantes, da proporção dessa barragem. Por isso que ela é um compromisso do governo federal. Essas obras têm um objetivo, que é assegurar um horizonte de segurança hídrica. É ter seca, e ainda assim, controlar o nível da água”, defendeu Dilma.
Ela também anunciou a liberação de R$ 30 milhões para reforma e ampliação do Centro de Convenções de Natal, com recursos do Ministério do Turismo, e participou do lançamento do edital de licitação para obras complementares da duplicação da BR-101 no estado, como obras de drenagem e construção de vias marginais e de dois viadutos.
Dilma ressaltou a importância do Nordeste para o crescimento econômico do país e disse que a região é prioridade. “O Brasil não vai crescer o que tem que crescer se o Nordeste não continuar crescendo acima de outras regiões, porque tem que tirar o atraso”, concluiu.

Lançamento
O Ministério do Desenvolvimento Agrário informou que o Plano Safra para o Semiárido será lançado oficialmente ainda nesta semana, quando serão apresentados os detalhes do programa e o volume de crédito que vai ser ofertado para os agricultores da região.


A elegante resposta de Dilma e a verdade sobre boatos do Bolsa Família



Elegante e firme, a resposta da presidenta Dilma Rousseff em relação aos boatos sobre o falso fim do programa Bolsa Família está à altura do cargo que ela ocupa. Nós não temos esse limite, essa injunção do cargo, e dizemos com todas letras aqui no blog o que foi aquela irresponsabilidade: sabotagem com objetivos políticos e eleitorais.
A boataria espalhada há uma semana provocou corrida bancária e tumulto em 13 Estados e levou 920 mil dos 13,5 milhões de famílias beneficiárias do programa a sacar R$ 152 milhões.  A presidenta Dilma afirmou que os boatos sobre o Bolsa levam o governo federal a aprimorar o sistema de fiscalização do benefício. "O que a gente pode tirar de bom disso? Ficar sempre mais atentos para essa possibilidade (de boatos), porque durante 10 anos nunca houve isso", afirmou a presidenta.
Ela evitou comentar a investigação sobre a origem dos boatos que, de acordo com o apurado inicialmente pela Polícia Federal, podem ter sido disseminados por uma pequena central de telemarketing com sede no Rio. Mas a presidenta deixou claro não acreditar que a razão tenha sido a mudança no cronograma de pagamentos pela Caixa Econômica Federal (CEF), na véspera dos boatos, como quer fazer crer a mídia, em particular a Folha de S.Paulo.

CEF já deu explicações; Folha insiste em culpá-la
A CEF já explicou que a antecipação de pagamentos feita no fim de semana passado, quando usuários correram às agências para sacar a parcela mensal do Bolsa Família, foi um procedimento normal com o objetivo de melhorar o cadastro do programa.
"Eu li a nota da Caixa. O que ela admite é que está em transição de um sistema para outro e suspendeu, de fato, uma pessoa do pagamento. Isso explica o pagamento dessa pessoa, mas não a corrida à Caixa. Não explica o porquê da quantidade de pessoas que procuraram a Caixa no sentido de receber (o benefício). Somos humanos e uma falha tópica não explica esses rumores", considerou a presidenta.
Como se vê, a pretexto de ser objetiva e buscar a verdade, buscar erros e falhas, apontar  a persistência de desigualdades sociais no Brasil, o que a Folha faz é o seu jogo de desconstruir o legado da gestão do presidente Lula e o governo Dilma. Ela é oposição a nós.
Já nós repetimos com todas as letras: a boataria sobre o falso fim do Bolsa foi sabotagem com objetivos políticos e eleitorais. A oposição vestiu a carapuça porque quis e porque gostou do pânico que se instalou em varias capitais, já que trabalha sempre com uma crise qualquer para ver se pelo menos vai para o 2º turno nas eleição presidencial do ano que vem.

Pesquisas mostram que ataques da mídia conservadora não atingem a presidenta



Por Redação - de São Paulo

A presidenta Dilma Rousseff, a exemplo de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria uma espécie de “blindagem popular” contra a mídia conservadora, capaz de impedir que os ataques simultâneos dos maiores meios de comunicação do país atinjam a sua imagem perante o eleitor. A certeza de que esta façanha seja verdadeira viria de pesquisas de opinião realizadas sistematicamente pela assessoria da Presidência da República, segundo revela em seu site, Blog da Cidadania, o advogado Eduardo Guimarães, no artigo publicado neste sábado. Tais estudos junto ao eleitor mostrarão ser inúteis os artigos, notas, manchetes e outros destaques das notícias negativas contra a mandatária brasileira, teria afirmado um interlocutor do blogueiro no Palácio do Planalto.
 “Sobre as acusações de alheamento ao processo de difamação do governo, a fonte garante que este vem fazendo medições diárias dos efeitos do bombardeio midiático através de um método de sondagem da opinião pública conhecido como tracking, tudo sob o comando do marqueteiro João Santana. Nesse aspecto, sobre a cobrança deste Blog no sentido de que a presidente da República fosse à televisão, em rede nacional, a fim de fornecer ao público a versão correta dos fatos, o Planalto, por conta da sondagem que faz da opinião pública, teria dados que comprovam que a farsa ‘não colou’ e que as falas não-oficiais da presidente, de Lula e do presidente do PT teriam bastado”, escreve Guimarães.
Ainda segundo a fonte,”não está sendo feito hoje pela mídia nada que já não tenha sido feito antes e que, como se sabe, não funcionou. O Planalto consideraria, pois, que ‘Em time que está ganhando não se mexe’ e que futuras pesquisas que serão difundidas publicamente revelarão que o bombardeio em curso terá sido ‘inútil”. Mas Guimarães não se convenceu: “A ver”.
Coexistência
“O bombardeio midiático de saturação contra o governo Dilma começou neste ano. Nos seus dois primeiros anos, a presidente desfrutou de coexistência pacífica com a mídia, cujos ataques se limitaram ao PT e ao ex-presidente Lula. Agora, aqueles ataques deram lugar ao que este Blog previu, ao longo de 2011 e 2012, que ocorreria. Era previsível que o ataque a Dilma seria deixado para mais perto de sua sucessão (2014) e que, primeiro, haveria que desmoralizar o responsável pela eleição dela e o partido de ambos. Nos últimos dias, este Blog vem criticando duramente o que qualificou como mutismo da presidente e do PT diante dos ataques da oposição e da mídia, nos quais o discurso antigoverno se tornou tão uníssono que chega a impressionar, dando a impressão de que o pré-candidato tucano Aécio Neves vem escrevendo os textos dos três grandes jornais e da principal revista semanal de oposição”, continuou Guimarães.
O blogueiro reparou que “tanto faz ler a Folha de São Paulo, O Globo, o Estado de São Paulo ou a revista Veja. Os três – entre outros – divulgam editoriais, artigos, colunas, reportagens e até cartas de leitores idênticos exprimindo meras opiniões contra o governo e de vitimização da oposição. E como tanto faz ler sobre política em um dos três grandes jornais ou na revista semanal e congêneres, tome-se como exemplo editorial da Folha deste sábado, o qual deixa a impressão de ter sido escrito com base em pronunciamento recente do senador tucano por Minas Gerais, Aécio Neves, em que acusou a presidente da República de ser a responsável por informação errada dada pela Caixa Econômica Federal sobre a liberação antecipada de pagamentos do Bolsa Família e pelos boatos que causaram pânico entre os beneficiários do programa”, concluiu. 

Dilma ouve Chagas e Bernardo, e esquece Marx, Chacrinha e Nelson Rodrigues




Por Altamiro Borges - de São Paulo

Chacrinha: “Quem não se comunica se trumbica”
A presidente Dilma Rousseff está preocupada com o rumo do PDT
A presidente Dilma Rousseff não está preocupada com a mídia… Deveria
Segundo li no Blog da Cidadania, do Eduardo Guimarães, a Comunicação da presidenta Dilma tem pesquisas que mostram que toda a campanha da mídia corporativa contra seu governo ainda não atingiu sua imagem.
Não penso assim, por isso repito quase na íntegra postagem deste blog de junho de 2011.
O governo da presidenta Dilma ainda não percebeu que a batalha das comunicações é tão importante hoje em dia quanto o saneamento básico, o acesso à educação e à saúde.
Porque o mundo vive hoje a chamada guerra de quarta geração, que se desenvolve não nos campos de batalha mas na cabeça e no coração das pessoas. A mídia corporativa é o braço avançado dessa guerra na luta para o Brasil voltar a se encaixar na ordem capitaneada pelos Estados Unidos.
O ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez conheceu essa força em 2002, quando foi derrubado do poder por um golpe idealizado, forjado, trabalhado, incitado e comandado pela mídia corporativa de lá, liderada pela cadeia RCTV (a RGTV – a Rede Globo de Televisão – de lá, à época).
A batalha da comunicação se desenrola como um roteiro cinematográfico, onde os lados opostos vão criando seus personagens, tramas, subtramas, com o objetivo de conseguir chegar ao seu final feliz.
Por serem governo e oposição, é claro, o final feliz de um é a desgraça do outro, como experimenta agora a oposição quase esfacelada com o impressionante sucesso do governo do presidente Lula e agora da presidenta Dilma.
Grosso modo, a história que o governo pretende contar está resumida no discurso de posse da presidenta Dilma (que pode ser lido na íntegra aqui). É uma história de continuidade em relação ao governo anterior, mas também de avanço e com um eixo central:
A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos.
Já a história que a oposição – há tempos subsidiada, mas hoje assumidamente liderada pela mídia corporativa – quer contar é a seguinte: Este é um governo demagógico, que se vale de bolsas e transferência de renda para vagabundos, numa compra indireta de votos; é um governo de petralhas, de cumpanheros enriquecendo como nunca; uma república sindicalista, com bolsa de estudo para pobre, tudo para os pobres, com o objetivo de continuar vencendo as eleições e poderem roubar ainda mais.
Já tentaram o golpe em 2005, com o mensalão. Em 2006, levaram a eleição para o segundo turno com o episódio da foto do dinheiro feita pelo delegado Bruno. Depois, em 2010, a guerra do aborto, o episódio ridículo da bolinha de papel, o jogo sujo da ficha falsa de Dilma na primeira página da Folha.
Perderam mais uma vez. Mas, aos pouquinhos, na timeline da comunicação, vão construindo seu roteiro, deixando registrados os papéis que querem destinar ao governo: corrupto, antidemocrático, defensor da censura, populista.
O presidente Lula sozinho conseguia fazer a comunicação de seu governo. Graças a seu carisma, sua história de vida. Graças também às inúmeras campanhas majoritárias que disputou antes de vencer em 2002. Ainda assim, quem não se lembra?, chegou a ficar atrás de Serra em pesquisas de 2005, ano auge do ‘mensalão’.
Lula talvez conheça o Brasil como ninguém (“nunca dantes”). Talvez tenha ido a mais municípios brasileiros que qualquer outro cidadão. A ponto de o povo mais humilde se identificar com ele e ver na sua luta e luta de cada um deles.
Além do mais, Lula foi um sindicalista, um líder metalúrgico. Tem liderança reconhecida na classe trabalhadora organizada.
A presidenta Dilma não tem essas características.
Por isso, o outro grande movimento da oposição é afastar os dois e fazer o povo esquecer que Lula é Dilma e Dilma é Lula. Se na mente das pessoas eles estiverem separados, nem Lula conseguirá uni-los novamente.
Enquanto pudermos continuar crescendo, gerando empregos e desenvolvimento social, eles terão dificuldades. Mas, tudo isso tem um gargalo. E há ainda a crise mundial, que, longe de ter passado, volta a se agravar.
Por isso a comunicação tem que ganhar a importância que ainda não tem neste governo. Porque a comunicação democrática, o livre fluxo da informação, é um direito humano tão importante quanto o acesso à educação e à saúde.
Porque, como eu já escrevi aqui em O poder dos cartéis midiáticos não permite a informação livre e põe em risco a democracia no Brasil:
A implantação urgentíssima do PNBL e a consequente Ley de Medios são lutas que podem impedir que o país retroceda e acabe, por blablablás lacerdistas, nas mãos de quem vai entregar a Petrobras e nossas riquezas, na próxima oportunidade.
Encher as burras da mídia corporativa de dinheiro e ignorar o trabalho de formiguinha que ela vem fazendo no dia-a-dia, como verdadeiras saúvas (valha-me Macunaíma!), é fechar os olhos ao que já aconteceu no mundo.
A corrida de mais de milhão de beneficiários do Bolsa Família às agência da Caixa, a partir de um boato, foi um ensaio, mas também um aviso de que hoje, mais do que nunca na História, tudo o que é sólido desmancha no ar.
Ou, saindo do velho Marx para nosso Chacrinha, “Quem não se comunica se trumbica”.
Ou Nelson Rodrigues, que alertava que o vídeo-tape é burro. O tracking também, presidenta.
Altamiro Borges é jornalista, coordenador do Centro de Estudos Barão do Itararé.