domingo, 12 de julho de 2015

Movimentos se unem em ato em defesa da democracia no dia 14 de julho


O ato é suprapartidário, mas está sendo organizado pelo Diretório Municipal do PT - São Paulo
Por DM-PT-SP


  
Movimentos sociais, sindicais, intelectuais, políticos e jurídicos se unirão em ato em defesa da democracia, que acontecerá no dia 14 de julho (terça-feira), na Uninove - Vergueiro. O objetivo do evento é chamar a atenção para a defesa da democracia contra qualquer tipo de atitude que possa representar ameaça ao atual Estado democrático de direito.

O ato é suprapartidário, mas está sendo organizado pelo Diretório Municipal do PT - São Paulo. A ideia surgiu diante do diálogo do partido com movimentos populares, entidades e intelectuais, que tem se indignado com ameaças que desrespeitam a legitimidade das eleições realizada no país.
“O ato visa reforçar toda união e defesa do que já tem sido realizada pelas diversas frentes sociais e alertar que a defesa da democracia tem uma base sólida”, afirma o vereador e presidente do Diretório Municipal do PT- SP, Paulo Fiorilo.

Ato em Defesa da Democracia
Todos pela democracia! É hora de agir e lutar pelo estado democrático de direito!
Data: 14 de Julho (terça-feira)
Horário: Às 18h
Local: Uninove Vergueiro
Endereço: Rua Vergueiro, 235/249 - Liberdade
Próximo ao Metrô São Joaquim


Uma nova agenda para barrar o conservadorismo


VALMIR PRASCIDELLI - Deputado federal do PT São Paulo

Uma onda conservadora vem assolando o Brasil nos últimos anos. A novidade é que esse fenômeno não é exclusividade do Congresso Nacional e da grande mídia. Quem conversa com a população percebe que o discurso de direita, intolerante e excludente, vem ganhando mais adeptos a cada dia.
Vejam-se as manifestações de racismo, machismo e homofobia que proliferam nas redes sociais. Esse estado de espírito pôde ser aquilatado pela recente pesquisa do DataFolha que mostrou que 87% da população são favoráveis à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.

Tal situação representa, para a esquerda em geral e o PT em particular, o maior desafio em décadas. Nós lutamos contra a ditadura militar e depois, na chamada "Nova República", no sentido de ampliar as conquistas dos trabalhadores e dos movimentos sociais. No governo, o PT, herdou do PSDB uma herança trágica com desemprego e inflação. A partir de políticas desenvolvimentistas reverteu a situação econômica e e promoveu a maior inclusão social da nossa história. Agora, o Brasil vive momentos difíceis devido à persistência da crise econômica internacional. E foi nessa brecha que a direita se aproveitou para crescer.

Mas não podemos nos contentar em acusar a direita com um discurso de vitimização. Para reverter esse quadro desfavorável, temos de ter a coragem de assumir nossos erros. É inegável que temos parte de responsabilidade por essa situação. Nos últimos anos, nós do PT deixamos nos levar pela dinâmica dos embates eleitorais e acabamos nos afastando das forças vivas da sociedade. Deixamos de fazer o trabalho de base nos sindicatos, nos movimentos sociais e nos bairros. No plano propriamente eleitoral, o PT disputou eleições de forma mais pragmática do que programática, muitas vezes fazendo alianças com setores ultraconservadores apenas para ganhar eleições. Ajudamos a repaginar várias lideranças que já deveriam estar na lata de lixo da História.

Em segundo lugar, não soubemos politizar as grandes conquistas sociais dos governos Lula e Dilma. O PT promoveu a inclusão de 40 milhões de brasileiros com programas como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, Luz Para Todos, entre outros. Mas não dialogou corretamente com esses setores. Não mostrou que essa transformação não caiu do céu, mas foi fruto de uma concepção de sociedade e de Estado que prioriza o desenvolvimento econômico com geração de emprego e distribuição de renda, dando mais oportunidades aos cidadãos.
O resultado é que esses setores ficaram vulneráveis à pregação conservadora que cresceu com o acirramento da crise. Com isso, apesar de ganhar a eleição presidencial no ano passado, o governo não conseguiu se organizar para o segundo mandato. Então, temos hoje um governo fragilizado, um partido fragilizado e uma bancada fragilizada.

Logicamente, a direita se aproveitou disso e arreganhou os dentes. Saiu para as ruas pedindo intervenção militar e impeachment. E colocou sua agenda no Congresso Nacional, cuja bancada é a uma das mais conservadoras da história. Eles se uniram para implementar políticas conservadoras, como por exemplo, a redução da maioridade penal; a PEC da bengala; o PL 4.330, que é um retrocesso nas relações trabalhistas; a revisão do Estatuto do Desarmamento e a questão do Pacto Federativo, que está sendo discutido de forma absolutamente conservadora.

A bancada do PT na Câmara está reagindo a essa ofensiva, tentando construir uma pauta propositiva que traga a recuperação econômica do país, mas preservando e ampliando as conquistas sociais. Uma das propostas nesse sentido é a retomada do projeto que limita a jornada de trabalho em 40 horas semanais. A outra é a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Sabemos que hoje somente as 15 maiores fortunas do país somam um patrimônio de US$ 120 bilhões. Um imposto de 1% ao ano renderia US$ 1,2 bilhão aos cofres públicos. Outra proposta é a mudança no Imposto sobre Heranças e Doações. No Brasil, a alíquota média de imposto sobre herança é de 3,8% e o teto de 8%. Só para efeito de comparação, no Chile esse teto é de 13%, na França de 32,5% e no Reino Unido 40%!
Para viabilizar essa pauta e, mais, barrar o avanço da direita, é fundamental que o PT retome sua ação junto aos movimentos sociais. Se a construção do PT superou o método histórico e tradicional da esquerda radical, agora é a hora de superar o imobilismo da agenda institucional que seduz os oportunistas.



Objetivo do governo é manter esforço fiscal previsto para 2015, afirma presidenta Dilma





Dilma comentou situação da Grécia, desejando que o País permaneça na União Europeia e se recupere. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

O governo fará todos os esforços para manter a meta fiscal prevista para este ano, de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), sigla que representa a soma de todos os bens e riquezas produzidos no País em determinado período de tempo. A declaração foi dada pela presidenta Dilma Rousseff neste sábado (11), em entrevista coletiva concedida após visitar o Pavilhão Brasil, na Expo Milão 2015. A meta fiscal corresponde à economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida pública.
“Nosso objetivo é manter a meta. É isso que nós queremos. O Planejamento não está ainda colocando isso [uma eventual redução] de maneira nenhuma. A nossa decisão é manter a meta. Agora, a gente avalia sempre e vamos fazer todos os esforços para manter a meta”, afirmou.
Grécia
A presidenta comentou ainda a questão da Grécia, afirmando acreditar no bom andamento das negociações com os credores. “Espero que a Grécia se mantenha na União Europeia, que haja um acordo e que o país saia, o mais cedo possível, dessa situação econômica.”
O parlamento grego deu, na sexta-feira (10), o aval para o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, negociar com os credores um novo pacote de ajuda financeira. Neste sábado, os ministros da economia do Eurogrupo devem se reunir, para analisar uma nova proposta do país para receber ajuda financeira.
Perguntada se a Grécia poderia receber auxílio do Novo Branco de Desenvolvimento dos Brics (NBD), a presidenta respondeu que o NBD começa com recursos que serão destinados ao próprio Brics. “Na sequência, ele abrirá para todos os outros países que quiserem. Mas não é agora.”
Congresso
Dilma Rousseff reafirmou a normalidade das relações entre o governo e o parlamento brasileiro, descartando a ideia de rebelião da base aliada. “Eu não chamo de rebelião votação no Congresso em que há divergências – ou a gente perde umas e ganha outras. Se a gente fizer um balanço, nós mais ganhamos do que perdemos. Eu não concordo que haja uma rebelião. Nós temos tido a aprovação de muitas coisas importantes e temos tido também desaprovações.”
Lembrou que, na democracia, se espera que haja debate. “Não tem como nenhum país do mundo achar que se aprova todas no Congresso, em qualquer país do mundo. Aliás, nos mais democráticos é que se torna mais complexa a aprovação, onde há liberdade de opinião, onde há uma ampla manifestação de opiniões, como nos Estados Unidos.”
Reajuste de servidores
De acordo com a presidenta Dilma, o governo está avaliando a possibilidade de veto ao aumento de 53% a 78,56% para servidores do Poder Judiciário, que foi aprovado pelo Senado no dia 30 de junho. “Porque é impossível o Brasil sustentar um reajuste daquela proporção”, disse.
Pela proposta aprovada, o custo total do reajuste acumulado de 2015 a 2018 seria de R$ 25,7 bilhões. Após 2018, o custo adicional seria de R$ 10,5 bilhões por ano, segundo cálculo do Ministério do Planejamento.
“Nem em momentos de grande crescimento se consegue garantir reajustes de 70%. Muito menos em um momento em que o País precisa fazer um grande esforço para voltar a crescer. Tem certos valores, certas quantidades de recursos, que algumas lei exigem e que são impraticáveis. O País não pode fazer face a isso.”
Além disso, ponderou, nenhum segmento do funcionalismo público está isolado dos demais. Há uma grande diferença entre os salários dos servidores do Judiciário e carreiras similares do Executivo. Atualmente já há um ganho a maior de até 60% em favor do Judiciário. Com a nova proposta de reajuste, essa diferença subiria para 170%.
“Você não tem somente um segmento pleiteando reajuste. Tem vários segmentos. Então, não é possível supor que qualquer país do mundo hoje tem condição de dar reajuste de 70% a qualquer segmento do seu funcionalismo público”, concluiu.



Num país em construção, outra agenda é possível

Ajuste que desajusta não passa confiança à sociedade nem a empresários. Caberia, no lugar do atual programa, retomar a combinação de democracia com crescimento e distribuição de renda

por Márcio Pochmann 

O diagnóstico de que a economia brasileira não cresceria mais sem antes haver a recuperação do grau de confiança dos empresários levou a equipe econômica do segundo governo da presidenta Dilma Rousseff a defender um conjunto de medidas definidas como ajuste fiscal. Isso porque a queda nas expectativas dos empresários foi entendida pelo governo federal como decorrente de piora na situação das contas públicas.
Como somente o ajuste fiscal causaria um novo contexto nacional de finanças saudáveis, plenamente satisfatório à elevação das expectativas dos empresários, a retomada do crescimento econômico brasileiro se tornaria mera consequência. Justificável, portanto, a centralização do funcionamento do governo federal – neste início de 2015 – em torno das políticas de ajuste fiscal de curto prazo.
Mas, junto com isso, passaram a surgir contradições importantes, talvez inesperadas inicialmente. De um lado, a posição dos ministérios da Fazenda e do Planejamento comprometida com a adoção do programa de austeridade fiscal, que atinge valor próximo de R$ 106 bilhões e se compõe de três partes, a saber. A primeira a ser anunciada foi a de cortes nos benefícios sociais (abono salarial, seguro-desemprego, seguro-defeso, pensão por morte e auxílio-doença), impulsionada pela expectativa da economia de cerca de R$ 15 bilhões.
A segunda parte do programa de austeridade fiscal implementado compreendeu a alta nos tributos sobre combustíveis, cosméticos, operações financeiras e produtos importados, entre outros. A arrecadação adicional esperada pelo governo federal foi de quase R$ 21 bilhões.
Por fim, a terceira parte foi a retenção das despesas orçamentárias (contingenciamento), que limitaram os gastos nos ministérios. Para 2015, por exemplo, o governo federal contingenciou a soma de R$ 69,9 bilhões, o que equivale a reter R$ 1 de cada R$ 4 que havia previsto despender no orçamento deste ano – os cortes serão nas despesas chamadas discricionárias (aquelas que não obrigatórias, definidas pela Constituição federal, o piso mínimo para educação e saúde, por exemplo).
A maior parte da retenção orçamentária veio do Programa de Aceleração do Crescimento, que contribuiu com R$ 25,7 bilhões (39% do total contingenciado), seguida de outras despesas como saúde, educação, transporte, ciência e tecnologia, entre outras, representando R$ 22,8 bilhões (33% do total retido). As emendas parlamentares contingenciadas envolveram a somatória de R$ 21,4 bilhões (31% do total contido).
Com esse esforço gigantesco, a equipe econômica acreditou ser possível garantir a realização de superávit fiscal equivalente a 1,1% do Produto Interno Bruto de 2015. Ou seja, terminar o ano com um saldo positivo de R$ 55 bilhões, resultado de receita líquida federal esperada de R$ 1,158 trilhão para uma despesa primária (sem contar gastos com juros) fixada em R$ 1,103 trilhão.
Combinação contraditória
De outro lado, está a postura do Banco Central comprometida com a elevação das taxas de juros. Somente nos primeiros seis meses do ano, a taxa de juros subiu dois pontos percentuais (de 11,75% anuais em dezembro de 2014 para 13,75% em junho de 2015).
Considera-se que a cada aumento de um ponto percentual na taxa de juros o custo total anual da rolagem da dívida do setor público indexada à Selic eleva-se em torno de R$ 13 bilhões. Com isso, o Banco Central sozinho contribuiu para o aumento das despesas públicas em R$ 26 bilhões por força da alta nos juros somente neste primeiro semestre.
A combinação do programa de austeridade fiscal com a elevação das taxas de juros provocou inexoravelmente o encolhimento da economia brasileira. Diante da queda na renda nacional, a diminuição da arrecadação tributária torna-se simples consequên­cia. Estimativas iniciais apontam a possibilidade de redução da arrecadação tributária em até 3% em termos reais, o que poderia equivaler a algo próximo de R$ 50 bilhões a menos nos cofres governamentais deste ano.
Eis aqui a contradição das políticas de curto prazo em 2015: o programa de austeridade fiscal dos ministérios da Fazenda e Planejamento visa à economia de R$ 106 bilhões, enquanto a ação do Banco Central, com a elevação dos juros, e a recessão contaminando o caixa do governo envolvem cerca de R$ 76 bilhões. Ou seja, o imbróglio de seis meses do segundo governo Dilma encontra-se entregue a uma batalha de R$ 30 bilhões capazes de fazer emergir o grau de confiança dos empresários e, por assim, dizer, o retorno do crescimento da economia nacional com base em investimentos do setor privado.
Sem superar essa armadilha de curto prazo, o horizonte do crescimento dificilmente voltará a aparecer. Mas outra agenda é possível, uma vez que o papel dos governos é o de trazer para o valor presente o que o povo imagina ser apenas possível na forma de sonho.
O Brasil é um país em construção. Falta ainda de tudo, da infraestrutura básica (saneamento, rodoviá­rias, ferrovias, entre outros) à pesquisa científica e tecnológica. Essa deveria ser a agenda retomada, em que o segundo Programa de Investimento em Logística recentemente anunciado poderia se constituir em nova direção a seguir.
Na esteira desse rumo, a implementação de uma política pública democraticamente negociada em defesa da produção e do emprego nacional se colocaria essencial. São milhões de ocupações ceifadas pelo curso da recessão que, acrescida da queda dos rendimentos do trabalho, aprofunda o desgaste no interior da estrutura social e ameaça combinar-se com as faces política e econômica da crise aberta.
Estancar o sofrimento humano, que resulta de um programa que em vez de ajustar desajusta, deve ser prioridade, alcançável por meio da adoção de outra agenda. O crescimento de uma economia como a brasileira não se constitui de uma simples e natural confiança dos empresários, ainda que fundamental, mas não o suficiente.
O sentido, a direção e a motivação geral que definem o crescimento econômico dependem da confiança da sociedade no seu governo. O programa atual de austeridade fiscal não tem conseguido estimular a maior confiança tanto da sociedade como dos empresários. Para que outra agenda se mostre capaz de recuperar a força do desenvolvimento, a combinação da democracia com crescimento econômico e distribuição de renda deve seguir sendo a principal força motriz.




O que Goebbels ensinou à Globo


Conhece Joseph Goebbels, o violento ministro de propaganda de Hitler? Estes são os 11 princípios que levaram o povo alemão a tentar exterminar à humanidade:

1.- Principio da simplificação e do inimigo único.
Simplifique não diversifique, escolha um inimigo por vez. Ignore o que os outros fazem concentre-se em um até acabar com ele.
2.-Princípio do contágio
Divulgue a capacidade de contágio que este inimigo tem. Colocar um antes perfeito e mostrar como o presente e o futuro estão sendo contaminados por este inimigo.
3.-Princípio da Transposição
Transladar todos os males sociais a este inimigo.
4.-Princípio da Exageração e desfiguração
Exagerar as más noticias até desfigurá-las transformando um delito em mil delitos criando assim um clima de profunda insegurança e temor. “O que nos acontecerá?”
5.-Princípio da Vulgarização
Transforma tudo numa coisa torpe e de má índole. As ações do inimigo são vulgares, ordinárias, fáceis de descobrir.
6.-Princípio da Orquestração
Fazer ressonar os boatos até se transformarem em noticias sendo estas replicadas pela “imprensa oficial’, pigal.
7.-Principio da Renovação
Sempre há que bombardear com novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o receptor não tenha tempo de pensar, pois está sufocado por elas.
8.-Princípio do Verossímil
Discutir a informação com diversas interpretações de especialistas, mas todas em contra do inimigo escolhido. O objetivo deste debate é que o receptor, não perceba que o assunto interpretado não é verdadeiro.
9.-Principio do Silêncio.
Ocultar toda a informação que não seja conveniente.
10.-Principio da Transferência
Potencializar um fato presente com um fato passado. Sempre que se noticia um fato se acresce com um fato que tenha acontecido antes
11.-Princípio de Unanimidade
Busca convergência em assuntos de interesse geral apoderando-se do sentimento produzido por estes e colocá-los em contra do inimigo escolhido.
Qualquer semelhança com as práticas do PIG é pura coincidência….




Franklin Martins mostra o Brasil que a música inventou

ENTREVISTA

Jornalista, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula resgata a história brasileira contada em tempo real ao longo de um século por seus melhores intérpretes: os compositores populares

por Paulo Donizetti de Souza publicado 11/07/

Veio a calhar a quarentena imposta a si mesmo por Franklin Martins, desde que saiu da cadeira de ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula – exceto para os movimentos sociais que preferiam vê-lo seguir na missão de tocar uma nova regulamentação para o sistema brasileiro de radioteledifusão, a lei de meios. O anteprojeto que deixou pronto antes de se retirar, no último dia de 2010, nunca mais saiu da gaveta. A regulação atual é de 1962 e já caducou. Estaria, portanto, na frente da fila de projetos que passaram por suas mãos. Nos últimos tempos, porém, o jornalista decidiu tocar outro projeto seu, na fila desde 1997: investigar a relação das canções populares com o cotidiano e a política, dos primeiros anos na República ao início deste século.

Sua pesquisa identifica o que as marchinhas do início dos 1900 têm em comum com o rap recitado hoje: ambos registram a cena social e política no momento em que acontece. É o povo, por meio da arte musical, escrevendo a sua própria história. Para batizar esse projeto, nada mais apropriado do que Lamartine Babo (1904-1963), que absorveu como poucos duas grandes características do povo brasileiro: humor e sensibilidade. Uma frase que abre a antológica marchinha História do Brasil dá nome também à vasta garimpagem de Franklin Martins transformada em livros. Quem foi que inventou o Brasil? acaba de ter os dois primeiros volumes lançados pela Editora Nova Fronteira – um contando a história musicada da República até 1964 e outro que vai daí até 1985. O terceiro e último, de 1985 a 2002, sai em breve. São canções de todos os gêneros imagináveis, com letras e muitas imagens nas versões impressas e áudios disponíveis no site do projeto.
Franklin Martins, a completar 67 anos em agosto, escreveu nos principais jornais de alcance nacional e foi comentarista político em rádio e TV. Durante a ditadura, foi ativista na resistência ao regime, conheceu a prisão, viveu cinco anos na clandestinidade e outros cinco no exílio. Nesta entrevista, assinala que só comenta a história até 2002. Provocado, porém, a indicar uma música de sua garimpagem que se encaixaria nos dias de hoje, cita de pronto o Rap da Felicidade (Eu só quero é ser Feliz), na verdade um funk de 1995 da dupla de MCs Cidinho e Doca. Para quem compilou mais de 1.100 canções desde os teatros de revista de Arthur Azevedo, diz muito. “O Brasil resolveu muitos problemas de 2002 para cá, mas surgiram novos.”

Essa pesquisa tão intensa chegou a pegar o ambiente entre monarquia e república?
Pega alguma coisa, porque quando veio a indústria fonográfica foram gravadas músicas de sucesso na transição. Por exemplo, a primeira música do livro, As Laranjas de Sabina, foi gravada em 1902, mas é de 1889, meses antes da proclamação da República, e foi depois tema de teatro de revista em janeiro de 1890, dois meses depois da proclamação. Contava a história de uma mulata que vendia laranjas, na porta da Academia de Medicina, no Rio. A música é de Arthur Azevedo, que foi um grande autor de teatro de revista. O subchefe de polícia proibiu a mulher de continuar vendendo laranja. Os alunos fizeram um protesto bem-humorado, sacaneando o subchefe e pedindo que ela voltasse a poder vender laranja. Percorreram o centro do Rio de Janeiro, visitaram os jornais, a população começou a aplaudir e, naquilo, começaram os “Viva a República”, “Viva Ruy Barbosa”. A polícia voltou atrás, e ela virou uma bandeira republicana, sem querer. Então começa nessa época. Garimpei mais de 1.100 músicas, o que mostra a riqueza da produção musical, no Brasil, sobre política. Além dos livros, os fonogramas estão em um site que tem o nome do livro, quemfoiqueinventouobrasil.com.

O início do século passado coincide com a formação do operariado. Isso se vê também no cenário musical?
Aparece pouco. Talvez porque a formação do movimento operário se dá em São Paulo, e a única gravadora que existia estava no Rio. Você tem os fenômenos políticos mais gerais sendo refletidos, as gozações aos presidentes da República, as grandes revoltas, a Revolta da Chibata, da Vacina, Contestado, tudo isso tem. Mas o movimento operário mesmo não aparece.
Depois começa a movimentação política para decidir qual setor da elite vai controlar o poder. A era dos golpes, a Revolução de 1930...
Na Revolução de 30 já tem o rádio. Antes, uma característica impressionante da música é a constância da produção sobre política. Isso não ocorre em outros países, pelo menos não com a mesma intensidade. No Brasil, temos produção de caráter militante, mas temos uma crônica social muito presente. A música brasileira tem uma tradição de fazer crônica.
Ora ufanista, ora dramática, ora brincalhona...
Em geral, ela é irreverente, brincalhona. No Brasil Colônia se tem referências de muita poesia irreverente, com Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga. Quando a família real vem, se faz música gozando a família e a corte. A corte foi se instalando na casa dos outros e botando todo mundo para fora. Tem muita sátira daquelas injustiças. A partir de 1850, se tem os cafés dançantes, ou os chopes berrantes, no Rio. E botavam alguém ali para cantar. Geralmente, músicas influenciadas pela cançoneta francesa, que tem o duplo sentido, maliciosa. Era a época de grandes autores de teatro de revista e, sempre, com caráter sarcástico, brincalhão. O que fazia o teatro de revista? Passava em revista os acontecimentos dos meses anteriores. Não só políticos, mas culturais, comportamentais, moda... Isso vai até 1902. A indústria fonográfica começa. Os primeiros sucessos têm muito a ver com isso.
E quando a música começa a ganhar a rua?
Por volta de 1915 um fenômeno vai consolidar essa característica da crônica na música brasileira e, por tabela, da crônica sobre política: a mudança do caráter do carnaval. O carnaval era fundamentalmente uma festa bailada. As pessoas desfilavam ao lado de um corso, ao lado de um carro alegórico ou de um bloco. Mas bailava – como é o carnaval no mundo inteiro. O carnaval começa a assumir a caraterística de festa marchada, pulada. Pelo Telefone, gravado em 1917, estoura no carnaval. O carnaval se torna desaguador dessa crônica social, política, cultural, comportamental. O que é o carnaval? É o teatro de revista na rua. Populariza um tipo de teatro de revista e cria um mercado espetacular. Quando morreu o Barão de Rio Branco, pouco antes do carnaval de 1912, o governo quis suspender, guardar o luto, e coisa e tal, e marcou o carnaval para a quaresma. Aí, tem umas músicas que brincavam. Diziam “O Barão morreu, fizeram dois carnavais. Que bom se morresse o Marechal”, se referindo ao presidente Hermes da Fonseca. Já era festa com apelo popular. Quando vem o rádio, em 1922, isso se multiplica.
A música caipira mudou a indústria e a indústria mudou a música caipira?
Quando chega a indústria fonográfica, a música caipira, em que muitas vezes o cara contava uma história em 20 minutos, tem de ser reduzida para dois, três, para ser lançada em disco. É a primeira produção independente no Brasil, em 1929. O Cornélio Pires, desde 1915, viajava pelo interior de São Paulo, do Paraná e de Minas dando espetáculos, mas não era nada gravado. Contava causos e tinha músicas. Em 1924, ele tinha composto a Moda da Revolução, sobre o movimento daquele ano, que não foi gravada na época, porque ninguém gravava música caipira. Só foi gravada em 1929. Ele vai para uma das gravadoras americanas recém-chegadas e diz que quer gravar. “Não, não tem mercado para isso”, ouve do diretor. Ele saiu e voltou com um pacotão de dinheiro: “Quero que imprima seis discos para mim, 5 mil de cada um (as tiragens costumavam ser de 300, 400). E tenho as minhas condições: quero a cor do rótulo diferente, quem vai vender sou eu, nas minhas exibições.” Na primeira turnê, esgotou. Voltou lá, e pediu mais. As gravadoras – eram quatro grandes, no Brasil – descobriram que a música caipira era um filão espetacular e todas, em um ano, estavam com uma dupla caipira. Tinha dupla que cantava com um nome em uma gravadora, e em outra com outro nome.
O período do Estado Novo é um prato cheio para a música política?
É. Mas tem diferenças. Getúlio fica de 1930 a 1945, mas não é o mesmo regime. Até 1937, tem um regime centralizado, fruto de uma revolução. Nomeou interventores em todos os estados. Está cheio de músicas sobre os interventores. Teve um processo político, tem a Constituição. Em 1937, ele dá o golpe e vem uma ditadura. Os anos 1930 marcam o crescimento da produção do Norte e do Nordeste. Tem muitas músicas sobre todos os fatos. Só não tem sobre a Aliança Nacional Libertadora (ANL), do Prestes. Tem Hino Integralista. Tem músicas gozando integralistas. Quando vem o Estado Novo tem um período de pasmaceira. As músicas eram de puxação de saco. O DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) proibia música contra.
E na Segunda Guerra, quando o governo ficou em cima do muro um tempo?
Durante muito tempo ficou dividido. Depois as músicas começam a elogiar a América, a bater no Hitler. A luta política vai se transferindo para o único terreno em que era permitido. Reuni mais de 100 músicas sobre a guerra. Dá para escrever a história da Segunda Guerra Mundial com as músicas. É muito gozado que esse capítulo termina com três músicas com o Laurindo, um personagem fictício, que os sambistas do Rio criaram para mandar recados. Wilson Batista fez umas cinco músicas com Laurindo. No final, queria fazer uma música em que o Laurindo seria assassinado, porque ele não aguentava mais o Laurindo. Mas o Laurindo volta da guerra com ideias socialistas. O Wilson Batista faz: “O camarada Laurindo lutou na guerra, é um herói, mas aprendeu na guerra que agora tem que mudar”. Aí fazem (José Gonçalves e Ari Monteiro) o samba Conversa, Laurindo, sacaneando o Wilson Batista: “Você fica dizendo que foi lutar, que foi um herói. Você não saiu nem de Niterói”. A guerra representou uma derrota do nazifascismo, uma vitória das teses progressistas, da democracia, e também das ideias socialistas.
O clima reflete o que viria nas eleições de 1945.
Ou já era reflexo da mudança de comportamento de alguns setores. Prestes se elegeu senador com uma votação espetacular. O Partido Comunista elegeu a terceira bancada. Era sintoma de que havia uma percepção do papel da União Soviética na derrota do nazifascismo. Isso no mundo todo, não só aqui. A produção musical sobre política continua fortíssima. Tem um fenômeno novo, que antes não existia, que é a produção para eleições.
Quando começa a se criar o ambiente que desembocaria na Bossa Nova?
Em 1950, Getúlio tem uma produção musical muito grande em torno da campanha e, depois, da vitória. Isso vai até o suicídio. Reuni umas 12 canções sobre a morte dele. Tem embolada, rojão, toada gaúcha, música caipira, samba. Depois, tem uma grande produção musical no período do Juscelino, que é quando vai surgir a Bossa Nova – de todos os gêneros, o único que nunca fez nada sobre política. A Bossa Nova mesmo tem um período curtíssimo. Vai de 1958 a 1961. E muitos de seus autores, compositores e interpretes vão gravar músicas sobre política depois. Carlos Lyra era da Bossa Nova, e foi importantíssimo no Centro Popular de Cultura da UNE. Sérgio Ricardo também é da Bossa Nova e foi ser compositor de ritmos ecléticos. Vinicius, Baden Powell, Nara Leão... Mas de todos os gêneros que estudei é o único que não tratou sobre política. Por quê? Foi um período muito efêmero. O repertório é o amor, o sorriso e a flor. Não passa muito daquilo.
MANIFESTAÇÃO DAS LIGAS CAMPONESAS
No início dos anos 1960, cantava-se o “dia que virá”. Quando caiu a ficha que a ditadura viria para ficar, entra em cena o “tem de lutar, não dá pra esperar”
Mas influencia os compositores das canções de protesto.
Em 1964, o CPC da UNE é algo que tem uma influência muito grande, e vai ter depois, no teatro Opinião, no Arena. Abrir-se para as grandes expressões culturais regionais, o frevo tem uma participação musical intensíssima. Mas já está indo para o que, depois, vai se chamar de música de protesto. Parte dela produz um pouco daquele negócio do “dia que virá”. É como se a gente não precisasse lutar por ele. As pessoas achavam que o regime ia durar muito pouco. Logo devolveria o poder aos civis e a luta política voltaria a padrões semelhantes aos anteriores a 1964. Só em 1965, 1966 é que se dão conta de que a ditadura tinha vindo para ficar. Coincide com a época dos festivais, e a música do “dia que virá” vai cedendo espaço para o “tem que lutar, e não esperar”. A partir do AI-5 vem uma censura brutal, e ao mesmo tempo muita música de adulação do regime.
Com a censura, os compositores começam a trabalhar mais o conteúdo social, a crônica?
Tem muita coisa política também. Não é em cima do fato político. É em cima do clima de opressão. A partir de 1974, a ditadura começa a sofrer derrota nas eleições, a se embaralhar. Fica evidente que nem com o regime de terror, nem com a propaganda conseguiriam ganhar a maioria do país. Na década de 1970 tem músicas vindas de todos os lugares do Brasil. Tem o Clube da Esquina, de Minas, tem o pessoal do Ceará (Fagner, Belchior, Ednardo), de Pernambuco (Alceu Valença, Geraldo Azevedo) e outros, da Paraíba – fora os baianos, que já tinham chegado. Gonzaguinha, João Bosco, Aldir Blanc crescem nessa década. É produção de caráter nacional. Cada um do seu jeito. O Ednardo tem uma música sobre o Araguaia lindíssima (“Quando eu me banho no meu Araguaia/ E bebo da sua água sangre fria (…) Triste guerrilha, companheiro morto/ Suor e sangue, brilho do corpo”). Tem outra que é Passeio Público (“Hoje ao passar pelos lados/ Das brancas paredes, paredes do forte/ Escuto ganidos, ganidos, ganidos, ganidos/ Ganidos de morte”). É uma música sobre Bárbara Alencar, que se insurgiu contra o Império em 1917, e ficou presa na fortaleza – que dá nome à cidade de Fortaleza. É uma música sobre a tortura que as mulheres sofriam durante a ditadura.
No final dos anos 70 a censura deixa de ser sistêmica. O pessoal testa o terreno, começa a ousar. O rock entra com peso. Até 1977, era zero de rock
E quando o rock entra?
Em 1978, a censura deixa de ser sistêmica. O pessoal vai testando o terreno, começa a ousar. É nesse período que o rock entra com peso. Geração Coca-Cola e Que país é esse?, por exemplo, são gravadas na década de 1980, mas são de 1979, com o Aborto Elétrico, primeira banda de Renato Russo. Em São Paulo, tem bandas extremamente interessantes, meio rock, meio MPB, até difícil de definir, Premeditando o Breque, Esquadrilha da Fumaça, Língua de Trapo, o pessoal do Lira Paulistana. Uma coisa eclética. E até 1977 era zero de rock. Quer dizer, o rock deixa de ser o que falava só de amor e comportamento. O Raul Seixas bate à porta. O rock é curioso. Vai, vai, e quando dá 1990, para. A partir daí, é rap, é funk, é samba-reggae, repente.
Hoje você vê algo tão parecido com crônica, associado a uma realidade social e política sendo produzida fora do mundo do rap, da música da periferia?
Não falo sobre depois de 2002, porque não estudei. Mas o rap, o funk, o samba-reggae, até mesmo o samba do Bezerra da Silva, que também tem o caráter disso que eu chamo de “bronca social”, se referem a eventos. Diário de um Detento é sobre o Carandiru (1992). A chacina de Eldorado dos Carajás (1996) tem música. Mas a característica central deles, do rap, do funk, e do samba-reggae, é uma música muito mais antissistema do que crônica. Reflete as esperanças que o povo vai perdendo no sistema. Isso perpassa, praticamente, todos os gêneros. O manguebeat é isso. Falam “tenho que mudar o sistema”, mas ninguém tem muita expectativa de que vai convencer um bonitão a olhar diferente. Contra a discriminação racial, a exclusão social, a falta de escola, de hospital, a barbárie da polícia, os massacres, uma democracia na qual os políticos fazem o que querem com ela e que não chega no povo. É nítido que o Brasil estava à beira de uma explosão social.
Esse cenário não perdura?
Não acho que perdura, porque 36 milhões de pessoas saíram da pobreza. É outro cenário. Resolvem-se alguns problemas e aparecem novos. Mas naquele momento estávamos à beira de uma explosão social. Em todos os lugares, todas as músicas, todos os gêneros, é um negócio de “não dá mais”. Você não está pedindo liberdade, está pedindo “olhem por mim”. A primeira música do último capítulo, Eu só quero é ser feliz, fez o maior sucesso (Rap da Felicidade, de Cidinho e Doca, 1995), é aparentemente leve e politicamente premonitória. Lá pelas tantas, diz: “Trocaram a presidência, uma nova esperança/ Sofri na tempestade, agora eu quero a bonança/ O povo tem a força, precisa descobrir/ Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui”. É música de garotos, tem um quê de esperança e de advertência. E a que isso correspondia? A 20 anos sem crescimento, décadas perdidas, desemprego brutal, concentração de renda monumental, Estado ineficiente, repressão como forma de conter a luta social, massacres, ação da polícia nas periferias, nas favelas. Essa polícia ainda está na ativa. A diferença é que antes ninguém falava nada.
Tem alguma coisa da sua pesquisa musical que se encaixaria bem na atual conjuntura?
Acho que, no fundo, Eu só quero é ser feliz encaixa. Tem muitos progressos, e tem novos problemas. Continua atual. Um rap que gosto muito, do Gog, Brasil com P, continua atual. Pobre, Preto e Prostituta vivem sendo objeto de agressões...
Pode acrescentar Petista aí também?
Pode. Mas o PT tem de melhorar, senão fica difícil. O PT precisa entender isso. Quem não luta não merece triunfar, entende?
A produção iconográfica dos três volumes de Quem foi que inventou o Brasil?, coordenada por Vladimir Sacchetta, inspirou também a exposição A Música Canta a República, que fica em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, até 2 de agosto. Depois segue para o Rio de Janeiro até novembro, quando vai para Brasília, no Espaço Cultural dos Correios das duas cidades.






Mandato promove debate por melhorias na política



Plenária do mandato do vereador Paulo Fiorilo realizada no último sábado (dia 4 de julho) contou com a presença do deputado federal Valmir Prascidelli (PT), que enriqueceu o debate sobre a atual conjuntura do País e os desafios enfrentados na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Também estavam presentes o companheiro José Zico Prado, a companheira Terezinha Martins, o deputado estadual Marcos Martins (PT), a coordenadora de políticas para Crianças e Adolescentes do município, Thalita Gonsales, e o subprefeito de Sapopemba, Nereu Amaral, que integraram a mesa da plenária.
Na discussão sobre a atual situação do Brasil, foram ressaltadas as adversidades e os desafios enfrentados pelo Partido dos Trabalhadores para a superação dessa fase. A plenária do mandato também abriu espaço para discussões sobre planos e melhorias para o partido.
Foram debatidas ações e propostas para renovação e reformulação das lideranças, além da iniciativa de criação de debates políticos envolvendo jovens (com primeiro debate já marcado para o dia 1 de agosto, na Câmara Municipal de São Paulo, às 10h), a fim de incentivá-los a uma participação mais ativa na política.
Outro desafio que o PT vem enfrentando é a extensa onda de ataques feita pela mídia. Informações rasas e tendenciosas vêm prejudicando e criminalizando a imagem do partido, que segue firme na luta por melhorias sociais e por uma mídia democrática.
Além disso, a reunião foi palco de outro assunto preocupante: a disseminação do ódio nos dias atuais. O vereador Paulo Fiorilo se posicionou contra a intolerância, ao destacar os casos da jornalista Maria Júlia Coutinho, da Rede Globo, que sofreu atos de racismo na internet; do apresentador Jô Soares, que foi ameaçado e teve a rua de sua casa pichada após entrevista com a presidenta Dilma Rousseff; e da menina de 11 anos, apedrejada na saída de um culto de candomblé, no Rio de Janeiro.
Para Paulo Fiorilo, todos foram vítimas do ódio e da intolerância atuais. “É inadmissível que possamos tolerar esse tipo de atitude”, completou o vereador.
No evento, Fiorilo também destacou os planos para o segundo semestre. “A partir de agosto, serão marcadas entre oito ou nove plenárias com o prefeito Fernando Haddad. Serão plenárias regionais, como as feitas no ano passado, com o intuito de ampliar os debates políticos”, explicou.



Você preferiria viver num mundo com a cara do papa ou num mundo com a cara de Malafaia?

Por Paulo Nogueira

O que existe de mais atrasado, reacionário, vulgar na cena brasileira se reuniu em torno do discurso de Francisco na Bolívia.
Olavo de Carvalho, Silas Malafaia e Reinaldo Azevedo saíram dando tiros pouco cristãos no papa.
Não surpreende, dadas as diferenças abissais de visão de mundo deles.
O que causa estranheza é o tom de choque dos que atacaram o papa. É como se Francisco tivesse dito o que disse – essencialmente, uma crítica à desigualdade – pela primeira vez.
Ridículo.
Francisco chegou ao Vaticano falando o que falou na Bolívia.
Você pode julgar alguém pela qualidade do que diz e faz, ou pela falta de qualidade.
Ou pode também julgar pela reação que provoca.
É um tributo a Francisco o veneno que escorreu de OC, Malafaia e Azevedo.
Problema teria sido eles aplaudirem.
Compare os dois mundos, o de Francisco e o de seus críticos.
Qual é mais cristão? Qual deriva dos ensinamentos de Cristo? Qual estende os braços para os pobres, os miseráveis, os excluídos? Qual impõe limites aos predadores, aos gananciosos, aos adoradores do dinheiro?
Coloquemos as coisas assim: você preferiria viver num mundo com a cara de Fracisco ou num mundo com a cara de Malafaia?
Olhemos para os anti-Franciscos.
Olavo de Carvalho é financiado pela plutocracia para defender seus interesses. Vive num dolce far niente nos Estados Unidos, entre um hang out e outro com Lobão e incursões ao Facebook e ao Twitter.
Silas Malafaia explora gente inocente para viver uma vida opulenta. Prega o exato oposto de Cristo: a intolerância.
Em torno dele cresce um cansaço, uma irritação tão profunda que provocou júbilo nacional, recentemente, uma sugestão para que fosse procurar uma rola.

Reinaldo Azevedo é pago para escrever (e agora falar) coisas do interesse da plutocracia. Como todos os outros pagos para fazer aquilo, vive das migalhas que os plutocratas deixam para seus serviçais.
Para ele, particularmente, devem ter descido pesado as palavras de Francisco sobre a mídia.
Não é possível desqualificá-las pelo método usual e primitivo: é coisa de petralha. (Tolstoi não se gabava de haver escrito Guerra e Paz e Ana Karenina. Aliás, se questionava. Mas Reinaldo Azevedo julga poder receber um Nobel por ter alegadamente criado a palavra petralha.)
Francisco condenou o monopólio da mídia, um novo tipo de “colonialismo ideológico”.
Quem sabe agora, com o endosso papal, o governo se anime a colocar na agenda a regulação da mídia, algo tão importante para a sociedade brasileira?
Francisco é um exército de um homem só.
Como tal, inspira tantos outros. Pouco antes de sua visita à América do Sul, a CNBB, num documento, produziu uma extraordinária ofensiva contra a “politização da Justiça”.
Alguém falou em Lava Jato, em Moro etc?
Virou “abstração”, disseram os bispos, o ideal de imparcialidade da Justiça.
Francisco e seus garotos dizem as coisas como elas são, e por isso são tão preciosos.
Atraem ódio, mas isso faz parte da vida de quem, como eles, combate o bom combate.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.



domingo, 24 de novembro de 2013

STF, achincalhes, chicanas e deboches.


Para o bem da democracia, juízes deveriam ser levados ao banco dos réus.

Por Alipio Freire

O achincalhe, a chicana, o deboche do Supremo Tribunal Federal (STF), frente às leis que regem (ou, pelo menos, deveriam reger) suas decisões, parecem não ter limites. As prisões ilegais dos réus do processo conhecido — não por acaso incorretamente — pela alcunha de “mensalão”, além de um atropelo às leis vigentes, segue a batida das piores tradições golpistas da direita brasileira: foi decretada em vésperas de feriado prolongado, quando a dispersão das organizações e movimentos populares e democráticos impede toda reação contra o ato.

 Assim foi com o Ato Institucional Número Cinco — AI-5 (numa sexta-feira de meados de dezembro — dia 13); assim tentou o fraudador da Constituição — doutor Nelson Jobim, então ministro da Defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na passagem do ano de 2009 para 2010, contra o Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), do também então ministro Paulo Vannuchi, hoje — com todo mérito — eleito membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

 Toda vez que uma decisão importante e de interesse da maioria for tomada às vésperas de um feriado longo, em longínquos dias de dezembro, ou em qualquer momento de desmobilização, estejamos alertas: trata-se de um golpe contra os interesses da maioria da sociedade.

 Aprendamos — mas jamais repitamos.Ou seja, método tipicamente da direita, tão velho quanto sonhar agachado — há quem confunda a serventia da posição e a use para seus devaneios, sendo que o presidente do STF — doutor Joaquim Barbosa e a maioria dos seus pares parecem especializados neste metier. Enfi m, existem sonhos de todo tipo e qualidade...

Há os que sonham, por exemplo, com a impunidade — exatamente por isto se agacham céleres perante qualquer possibilidade de ascensão que vislumbrem, tornando-se muitas vezes vassalos mais realistas que seus senhores.

A Corte Suprema do país é isto. E não se trata apenas de mudar os nomes que a compõem, embora de imediato isto fosse o desejável. Quem sabe um impeachment. Por essas e outras, ou abrimos através de uma séria reforma política essa caixa-preta, ou as nossas conquistas democráticas retroagirão. Os venais devem ser punidos. Estejam nos executivos, nos legislativos ou nos judiciários — mas punidos na forma da lei.

E a independência dos Três Poderes jamais deve servir de pretexto para a omissão e a crítica de uns sobre os outros. Lembram-se das fanfarronadas do doutor Gilmar Mendes, quando presidente do STF, em seus comentários sobre decisões do Executivo e do Legislativo?

Aliás, assusta-nos a presteza com que o atual ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça (PT), tem atendido e cumprido as ordens emanadas de certos setores da escancarada oposição de direita, ultradireita e de pusilânimes em geral. E não apenas no que diz respeito à disponibilização de forças federais frente aos mais tolos conflitos sociais.

No presente caso, é imperdoável a postura do ministro Cardozo frente à “fuga para a Itália” do ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, entrando imediatamente com o pedido de sua extradição junto ao governo de Roma. O caso Henrique Pizzolato (cidadão com dupla nacionalidade) é uma das maiores aberrações do processo em curso: todos sabemos (é mais que público) que o doutor Joaquim Barbosa ocultou cínica e despudoradamente as provas de inocência do réu, que constavam do processo.

Ora, o ministro Cardozo teria feito melhor para a nossa democracia, se houvesse contestado o doutor Barbosa e — pelo menos — forçado o esclarecimento da questão. Mas, se for possível o julgamento do senhor Pizzolato por um tribunal italiano (como ele pretende), a desmoralização do STF, do doutor Barbosa e de seus parceiros de venalidade, ganhará dimensão internacional. E, junto com a caterva, irá água abaixo o nome do ministro Cardozo...

A rigor, o comportamento do STF (com as honrosas exceções de alguns juízes), coadjuvado pela grande mídia comercial, não é o da busca da Justiça — papel defi nido pela Constituição. Ao contrário: é a busca da estigmatização e linchamento dos réus do “mensalão” que, de fato, enquanto tal jamais existiu(*), embora outros atos ilícitos tenham sido cometidos, como admitem mesmo alguns dos réus. Em qualquer democracia ou república, o linchamento é o oposto de toda Justiça. E aqui, convêm algumas considerações e perguntas:

Exceto o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que tomou atitude firme e pública durante seu Congresso no final da semana passada, onde andam as forças de esquerda, os partidos e demais entidades democráticas deste país? Pretendem ganhar eleições ou barganhar cargos à custa mesmo da injustiça e arbítrio das forças saudosas da ditadura? A manifestação da Executiva Nacional do próprio Partido dos Trabalhadores — ao qual pertenceram vários dos réus, foi pífia, de tão tímida.

Mas, deixemos de lado as instâncias formais e subalternas. Reportemo-nos diretamente ao poder de fato do PT, que migrou e se metamorfoseou ambulante e sucessivamente do grupo de “compadres sindicalistas”, para as Caravanas da Cidadania; destas para o Instituto da Cidadania; passeou em seguida pelos aparelhos da Presidência da República e, hoje, se manifesta através do Instituto Lula, onde senta praça.

Onde foi parar toda essa gente? Esperam se ver livres de companhias hoje “incômodas”, das quais fi eram todo tipo de uso e agora descartam? Temem se chocar com a direita que integra as bases de governabilidade dos seus sucessivos governos? Sim, realmente — com a política que desenvolveram acumpliciados com alguns dos hoje réus, fica difícil sequer se referir ao julgamento do ex-presidente Fernando Collor de Mello, cujo processo jaz em alguma gaveta há mais de 20 anos, “à espera de ser julgado”.

E as correntes do PT? Até o momento, exceto o líder de O Trabalho, Markus Sokol, os representantes das demais tendências não disseram a que vieram. Pensam se livrar de alguns camaradas que nas disputas internas se utilizam de métodos muitas vezes da direita para abater seus adversários? Vão agir como alguns deles que hoje criticam e até execram, mas aos quais já se aliaram em diversos momentos?

Algo precisa ser dito, sem rebuços. Independentemente de qualquer crítica que tenhamos (e temos muitas, algumas graves) ou venhamos a ter a qualquer dos réus petistas, todos eles se comportaram com uma dignidade exemplar: em nenhum momento hesitaram em assumir para si as responsabilidades perante as acusações pelas quais respondem. Jamais sequer cogitaram em lançar mão do espúrio direito da “delação premiada”, que transforma cada cidadão brasileiro num potencial dedo duro. Se há algum outro petista (dirigente ou não) envolvido no assunto, nunca saberemos — pelo menos, através desses homens presos.

Às vezes nos parece haver um certo júbilo de uns e outros, frente a essas prisões e linchamentos. Algo como alguns personagens de esquerda que comemoraram o fi m da antiga União Soviética — a Queda do Muro de Berlim, promovida pela direita... E vejam no que deu. Isto acontece sempre que nos aliamos ou nos omitimos perante o inimigo. Diria Dercy Gonçalves: a perestroika da vizinha está presa na gaiola. Mas, a omissão, a covardia, o permanente “senso de oportunidade” têm sempre um preço. Como escreveu em mensagem sobre o assunto, numa lista, a nossa companheira Eliete, “Àqueles que não se rebelam contra as injustiças: amanhã será tua vez!”.

Mais que Dirceu, Genoíno, Delúbio e outros, mais do que o PT, e muito mais que qualquer divergência política ou de métodos (estas últimas, as mais graves); mais que os resultados eleitorais de 2014 — ou a não conquista do tão almejado cargo de assessor de porteiro na Embaixada do Brasil em Uganda perseguido por tantos; mais que o fato de não petistas também estarem a ser igualmente punidos de forma arbitrária; o que está em jogo são conquistas democráticas conseguidas com o sangue e o suor de milhões de brasileiros. Silenciar neste momento é capitular. Perder uma eleição é uma derrota conjuntural. Perder conquistas democráticas é uma derrota estrutural. A defesa das nossas instituições democráticas é um dever de todo e toda cidadã.

(*) O termo “mensalão” foi criado pela grande mídia comercial, para designar um suposto crime de corrupção que implicaria em um pagamento mensal regular que seria feito por dirigentes petistas a diversos parlamentares federais, para que apoiassem/ votassem as propostas do Partido dos Trabalhadores no Congresso. Já foi sobejamente provado e aceito que tal prática jamais aconteceu. A insistência no uso da expressão faz parte de uma campanha de criminalização e difamação dos réus ora processados.

Alipio Freire é jornalista, escritor e membro do conselho editorial do Brasil de Fato.