Se você morasse em uma cidade que tem um modelo de transporte
coletivo bacana, com tarifas compensadoras veículos de qualidade, cidade esta
onde tudo é bonito e tudo funciona, além de ser um lugar limpo, você realmente
preferiria pegar seu carro e enfrentar congestionamentos para ir trabalhar, ou
acharia melhor usar os ônibus?
A resposta durante muitos anos, para o morador de Curitiba,
foi o ônibus. Tempos bons aqueles quando
a cidade era famosa por ter um transporte público exemplar. Nada que uma
sequência de administrações irresponsáveis e privatistas não consigam estragar.
A reportagem mencionada acima, da Gazeta do Povo, mostra que
a capital do Paraná foi a única do Sul do Brasil a perder gente interessada no
transporte de massa. E o motivo é muito simples. Ele não presta mais.
E na medida em que o número de passageiros diminui, a tarifa
sobe. Na medida que encolhe o número de usuários, os congestionamentos aumentam
porque há muito mais carros nas ruas. Na medida em que a quantidade de
automóveis nas ruas aumenta, a Prefeitura, como que de pirraça, resolve fazer
"obras muito úteis" bem nos dias da semana e especialmente, em
horário de pico para mostrar serviço.
Na medida em que aumentam os congestionamentos, a Prefeitura,
que é reconhecidamente "inteligente", diminui as vagas de
estacionamento nas principais ruas para dar fluência ao tráfego, esganando o
comércio das lojas e transferindo os clientes todos para os shoppings, que já
estão abarrotados.
E por fim, na medida em que o comércio de rua se esfacela,
empregos são jogados fora e a renda da cidade cai. As ruas ficam abandonadas à
noite e viram alvo de vândalos, consumidores de crack, pichadores e pequenos
criminosos.
E daí você vai chamar este escriba de ingênuo porque acha que
todos os problemas da cidade aparecem só porque os ônibus deixaram de prestar.
Não, claro que a matemática não é essa, exatamente. Mas sim, existe uma ligação
intrínseca. E basta olhar as grandes cidades para se observar esta lógica.
Morar em Curitiba se
tornou um desastre medonho. Nada a ver com a antiga cidade, que era invejada
pelo país todo e até por gente de fora.
Pra coroar o sucateamento da cidade, eis que chega aos
ouvidos deste blogueiro que o leilão de espaços públicos que são alguns dos
cartões postais da cidade, irão a cabo porque aparentemente, a Justiça não
entende isso como sendo lesão ao patrimônio cultural e citadino de um povo. é
como privatizar o Cristo Redentor, mas ninguém acha estranho.
Desse jeito, fica difícil.
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