Por Marino Boeira
Está no ar, ao vivo e a
cores, o novo show da mídia brasileira destinado a desestabilizar o projeto de
governo do PT, há três eleições referendado pelo povo brasileiro e que hoje tem
o apoio inédito da maioria da população, conforme comprovam todas as pesquisas.
O chamado “mensalação” e sua ampla cobertura pelos meios de comunicação, é
acima de tudo um esforço para preparar a candidatura do PSDB , seja ela com o
nome de Serra ou de Aécio, para as eleições de 2014.
A corrupção de agentes
políticos por grupos empresariais interessados em contratos de obras públicas é
recorrente na história do País. A cobertura dada pela imprensa é que é
diferente. A compra de votos no Congresso, que permitiu a mudança na Constituição
e a reeleição de Fernando Henrique Cardoso , passou quase batida pelas páginas
dos grandes jornais brasileiros e pela televisão. Mas, quando surge a
oportunidade de transformar a ação de alguns políticos corruptos da atual base
governista em uma prática estimulada e controlada pelo próprio governo, a mídia
afia suas garras com toda a força.
Ninguém é ingênuo para
não saber que ao basear seu governo em acordos com partidos fisiológicos, como
é o caso do PTB e do PR,o ex-presidente Lula e sua sucessora, a presidenta
Dilma, teriam que retribuir os votos desses partidos com alguns favores que
ficam, como disse, na época da privatização das teles, um ministro de FHC , nos
limites de uma postura ética.
A opção é não governar.
É não realizar as políticas de atendimento social que nos últimos 10 anos
consolidaram a economia brasileira e retiraram da miséria milhões de pessoas.
Mas, é exatamente contra a continuidade dessas políticas que se colocam os
interesses contrariados dos grandes grupos internacionais, que têm no PSDB a
sua bandeira política e na mídia os seus defensores mais exacerbados.
Enquanto isso, o
chamado “mensalação mineiro”, que envolve o financiamento ilegal da campanha do
ex-governador de Minas Gerais e atual senador, Eduardo Azeredo, do PSDB, através
do publicitário Marcos Valério, em 1998, permanece até hoje na pauta, mas sem
data para julgamento, no STF. Obviamente, é um assunto que não desperta maior
interesse da mídia.
Esse procedimento não é
novo na história do Brasil e a mantra da corrupção governamental é sempre
entoada. Em 1954, a política nacionalista de Getúlio Vargas precisava ser
desmontada a qualquer custo. A desculpa foi acabar com o “mar de lama que
corria nos porões do Palácio do Catete”, a sede do governo no Rio de Janeiro.
Com menos recursos de mídia como temos hoje, mas com o brilhantismo que não
existe mais de um jornalista e político como Carlos Lacerda, Getúlio foi levado
ao suicídio para não sair preso e desonrado do Catete. A sua dramática morte
impediu a consumação do golpe, que voltou a ser tentado, agora com sucesso,
contra João Goulart em 1964. Os personagens ainda eram os mesmos, como Carlos
Lacerda e alguns generais, e a pauta para a imprensa quase igual: Jango
pretendia instalar uma “república sindicalista”, com o apoio de “corruptos e
subversivos”. É claro, que o motivo, como hoje, era outro. O governo ameaçava
às classes dominantes com a possibilidade de fazer algumas das chamadas
“reformas de base”, principalmente a agrária.
Agora está montado um
novo o show da mídia comprometida com o anti-petismo. O resultado do julgamento
será comemorado pela mídia seja qual ele for. Caso o Supremo condene a maioria
dos implicados, principalmente os políticos mais ligados ao PT, como José
Dirceu e Delúbio Soares, estará comprovada a corrupção no âmago do partido. Se
não houver condenações em massa, o fato servirá para ampliar junto à população
o sentimento de descrédito em todas as instituições republicanas. Com isso,
abre-se o caminho para a retomada daquele velho discurso em favor da ordem e
progresso que tanto agrada aos militares.
Marino Boeira é
professor universitário
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