Charge por Zeg
Segundo as últimas
pesquisas, Serra – o eterno candidato da direita a qualquer cargo, ano sim, ano
não – despenca vertiginosamente na preferência do eleitor de São Paulo além de
chegar ao maior índice de rejeição já visto: 34%. E pela velocidade da queda
ouso levar em conta a possibilidade de que nem chegue ao segundo turno. Se essa
tendencia se confirmar depois do início do horário eleitoral, é muito provável
que a mídia demotucana finalmente entenda que ele já deu o que tinha que dar e
engula Russomano como seu candidato. Neste caso teríamos Russomano contra
Haddad no segundo turno e, consequentemente, a vitória do petista. Otimismo
meu? Talvez. Mas há indícios.
Comparar Russomano com
Haddad é covardia. Russomano está mais para um Silvio Santos que para
administrador de qualquer coisa. É fruto de reportagens de quinta categoria
vestindo-se como “defensor de consumidor”. Está no nível dos pastores que
enganam ingênuos madrugadas afora em emissoras de TV menores. Imaginar que tem
capacidade de governar uma cidade tão complexa como São Paulo é piada. Só está
empatado com Serra pela enorme rejeição deste e pelo fato da maioria
desconhecer Haddad como candidato de Lula. Infelizmente, pela baixa qualidade e
partidarismo raso de nossa mídia, Haddad depende dos programas eleitorais na TV
para alavancar sua candidatura. É um gigante perto dos demais candidatos. Em
todos os sentidos. Pergunte-se o que cada um dos candidatos realizou
verdadeiramente em sua vida pública e a conversa termina aí mesmo.
A mídia requenta o
chamado “mensalão do PT” – golpe que não deu certo em 2005 – e espera
contaminar novamente a campanha eleitoral demonizando o PT. Mas as pesquisas
não mostraram ainda qualquer efeito disso sobre o eleitor. Pelo contrário. Na
última pesquisa o eleitor foi perguntado sobre a sucessão presidencial para
2014. Lula chegou aos 70% das preferencias, Dilma 59%. Ambos seriam eleitos em
primeiro turno. Fato é que o povo já julgou o “mensalão do PT” em 2006 e 2010 e
não está interessado em novos julgamentos dessa matéria.
A “campanha” do
mensalão é a última tábua de salvação que resta à direita e sua mídia. Velhos e
arrogantes, os caciques demotucanos não dão espaço para a renovação em seus
próprios partidos. Daí sua decadência. Lula, ao contrário, tem mais contato com
a realidade, conhece melhor o eleitor e aposta em renovação. Por isso foi
certeiro ao sacar Dilma. Por isso escolheu Haddad e vai elegê-lo em São Paulo.
Para reverter mais uma
derrota acachapante, a oposição e sua mídia teriam que apresentar provas
contundentes de que Lula teve participação no “desvio de verbas públicas e
compra de votos” e colocá-lo na prisão. Essa seria a única maneira de tirar-lhe
a influência sobre o eleitorado. Convenhamos, é mais fácil provar que o homem
nunca chegou à Lua.
Não entendo o
juridiquês dos magistrados nem tenho conhecimento em direito. Mas como cidadão
comum, nunca vi prova alguma de “quadrilha, desvio, compra de voto etc” durante
o governo Lula. O que está claro é o tal caixa dois – irregularidade usada por
TODOS os partidos em TODAS as campanhas eleitorais pós redemocratização e o
pagamento de dívidas da campanha eleitoral dos partidos que formavam a base
aliada em 2004. Como se sabe, e muitos são contra, para acabar com isso, só
fazendo a reforma política e instituindo o financiamento público das campanhas
eleitorais.
Uma das poucas coisas
que entendo sobre direito penal é que todo réu é inocente até que se prove o
contrário. Jornalistas do PiG criam manchetes, estórias, presumem, deliram,
atacam. Estão lá, nas redações, escrevendo para vender jornal e atender aos
interesses de seus patrões. Espalham preconceitos e mentiras, destroem
reputações sem ter que dar satisfações a ninguém. Informar honestamente não faz
parte de suas obrigações. Isso faz efeito, ou faria efeito, na opinião pública,
mas não condena em tribunal.
Pelo que entendi nas 5
horas em que o procurador Roberto Gurgel leu suas acusações, não há provas
concretas contra os réus do chamado mensalão, apenas suposições. Ficou evidente
que o PGR reproduziu matérias de Veja, Folha, Estadão e Globo no calhamaço que
leu. Intuo que os advogados de defesa vão dar um banho técnico neste julgamento
e os ministros serão levados a uma encruzilhada: ou cedem à pressão da mídia
demotucana e jogam fora seu juramento ou respeitam suas consciências e fazem
justiça – mesmo que lhes custe o escracho que sobrevirá.
José Dirceu é odiado
pela PiG por ter decentralizado as verbas de publicidade institucional que até
2003 eram divididas entre a elite jornalística. Convicto de sua inocência, não
renunciou ao cargo preferindo ser cassado. Se tivesse rabo preso ou enriquecido
ilicitamente, teria fugido. Sem falarmos de sua biografia, uma vida inteira
dedicada à luta pela redemocratização do país e pela construção do PT. Se for
absolvido, caem por terra todas as teorias que conspiraram contra o governo
Lula, eleito democraticamente em 2002. A mídia golpista seria finalmente
desmascarada e a justiça seria feita.
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