domingo, 27 de março de 2011

Lélia Abramo, atriz do povo

Delúbio Soares (*)

“Todo artista tem de ir aonde o povo está” - (Milton Nascimento)

Lélia Abramo, uma das mais admiráveis atrizes brasileiras de todos os tempos, faria 100 anos em 8 de fevereiro. Deixou-nos em abril de 2004, depois de uma existência profícua vivida intensamente, com profundo amor aos semelhantes e crença inabalável em um mundo melhor e uma sociedade mais justa, solidária e feliz. Filha de imigrantes italianos, Lélia nasceu em São Paulo e foi viver na Itália entre 1938 e 1950. Lá conheceu de perto os horrores do fascismo e a miséria da guerra. Irmã de dois de nossos maiores jornalistas, Cláudio (o maior de sua geração) e Perseu (meu companheiro petista), e de Fúlvio, renomado artista plástico, desde muito cedo ela respirou arte e política, colocando a vida a serviço de suas idéias generosas.

Cumprindo a sina e o destino das grandes mulheres, Lélia Abramo foi muito mais do que dela se poderia esperar. Ao Invés de ter-se acomodado no alto de sua fama, no inegável prestígio angariado ao lado de uma carreira irretocável construída graças ao imenso talento cênico aliado a um caráter admirável, ela foi uma guerreira das melhores causas do povo brasileiro. Gritou quando muitos se calaram. Lutou pela liberdade de expressão nos tempos do obscurantismo e da ditadura. Não se acovardou, não temeu, com a mesma garra com que iluminava os palcos desfilou em passeatas estudantis, lutou pelas diretas, foi companheira solidária e destemida dos que sofriam a opressão do regime totalitário. Que mulher admirável!

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