Marcos Coimbra na CartaCapital
As primeiras discussões da comissão do Senado sobre a reforma política deixam clara a ambiguidade com que os partidos são percebidos em nossa cultura. Todos concordam que são fundamentais para a vida democrática, mas poucos os levam verdadeiramente a sério.
É possível, no entanto, que a legislação partidária seja a área que mais deveria merecer o esforço da comissão. Se de seu trabalho saíssem unicamente a revisão das regras para a criação e o funcionamento dos partidos, já seria suficiente, e ela daria uma imensa contribuição ao aperfeiçoamento de nossas instituições.O Brasil não é o único país democrático onde não existem partidos bem enraizados na sociedade. Todos aqueles saídos de longos ciclos de ditaduras e regimes autoritários são parecidos nesse particular. Nenhum tem uma estrutura partidária consolidada.
Que diferença das democracias maduras. No Reino Unido e nos Estados Unidos, por exemplo, o sistema partidário vem do século XIX e permaneceu estável, apesar de diversas transformações. Novas regras, novas relações com o eleitorado e mesmo novos partidos surgiram, mas a estabilidade do sistema predominou.
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