O Partido dos Trabalhadores (PT) é a legenda mais amada e também a mais odiada pelos brasilienses. É o que revelou pesquisa divulgada pelo Instituto O&P Brasil na última semana. O total de 22% dos entrevistados afirmou que entre as atuais legendas, o PT é o que detém a maior simpatia ou preferência. Por outro lado, quando perguntados sobre por qual partido teriam a maior antipatia, 17% responderam o PT.
Para o cientista político Luiz Gonzaga Mota, o maior atrativo da legenda, o que poderia justificar o amor de milhares de pessoas, é a identidade bem definida, o que costuma ser raro entre os partidos.
"O PT, sem dúvida, é a grande novidade da política brasileira nos últimos 20 anos. Antes, não tínhamos partido que tivesse uma identidade ideológica bem definida. Então, nasceu como o PT, como o partido dos trabalhadores , explicou. "Tem um segmento do eleitorado que é muito fiel e que tem essa identidade com o partido, porque sabe que ele vai se manter na mesma posição. É o que faz o PT tenha essa simpatia", avaliou Mota.
IDENTIDADE
Por outro lado, segundo o especialista, é justamente a identidade que afasta as demais pessoas e faz com que ele se sobressaia na lista dos mais antipatizados. "Até por conta de representar um segmento identificado e uma posição política definida, tem bastante antipatia de quem não têm essa preferência política ideológica. O PT é um partido com uma fidelidade muito grande, mas por outro lado, é o partido com maior rejeição. É simples: ou você é PT ou você é contra o PT", constatou. Fundado em fevereiro de 1980, o PT reúne cerca de 35 mil filiados em Brasília, sem contar com militantes e simpatizantes. No Brasil, o número salta para 1,5 milhão.Para o cientista político Octaciano Nogueira, os números que indicam o PT como o mais apreciado e o menos admirado não representam uma dicotomia. "Aqueles que escolheram o PT, o fizeram por uma razão. Mas teve outras pessoas que deixaram de votar no partido, também por uma razão. Então, não me parece uma dicotomia", ponderou. IDEALISMOO especialista João Paulo Peixoto, por sua vez, lembrou que os dados refletem a imagem do governo. "Eu acho que está vinculado ao desempenho do governo. A população de Brasília veio de uma decepção muito grande por conta dos escândalos de corrupção no qual foi mergulhada. As pessoas achavam que tudo iria mudar, e isso não aconteceu. Acho que os números são um retrato da diferença entre o que se idealiza e a realidade", disse. Cristiano Noronha, também cientista político, faz coro à tese do idealismo distante da realidade. "Tal -vez, a antipatia pode ser um reflexo da falta de apoio da população à gestão do PT em Brasília", disse. Por outro lado, no que se refere ao bom desempenho da sigla, ele avaliou que há uma tendência nacional. "O PT, nacionalmente, é um dos partidos que gozam de maior credibilidade. Então, os dados locais guardam correlação do que existe no plano nacional", destacou.
O PT tem a maior bancada na Câmara dos Deputados, a segunda maior no Senado e a terceira posição em número de governadores, além da maior bancada nos legislativos estaduais. Na Câmara dos Deputados, dois deputados do partido representam o DF: Erika Kokay e Roberto Policarpo. Isso porque outros dois - Paulo Tadeu e Geraldo Magela - se licenciaram para ocupar cargos no Executivo local. Na Câmara Legislativa, há cinco representantes: Chico Leite, Patrício, Rejane Pitanga, Chico Vigilante e Wasny de Roure. Eles compõem a maior bancada na Casa.Divisão normal O presidente regional do PT, deputado federal Roberto Policarpo, afirmou que o quadro político em Brasília está dividido entre aqueles que apoiam o PT e os que seguem o ex-governador Joaquim Roriz. E que, por isso, é possível o PT estar nos dois extremos. "Sempre houve essa divisão no DF. Então, os que são "ro r i z i s t a s ", em geral, odeiam o PT. E tem também uma boa parte da população que trabalha com o PT", refletiu.
Para Policarpo, no entanto, os números devem mudar para melhor nas próximas pesquisas. "Va -mos mostrar que o governo (de Agnelo Queiroz) tem a prioridade de investir, olhando para todos os setores, principalmente para a área social. E, mais para a frente, a expectativa é de que as barreiras sejam quebradas e a divisão se atenue", disse.De qualquer forma, para Policarpo, os dados demonstram que o PT "continua sendo o principal partido que detém a simpatia de Brasília e, também do Brasil".
A pesquisa ouviu 900 pessoas, entre os dias 4 e 7 de novembro, em todas as regiões administrativas do Distrito Federal. A margem de erro do levantamento é de 3,3 % e o intervalo de confiança é de 95%.
Legenda sempre no topo Em uma lista com 16 siglas, a preferência pelo PT variou entre as classes sociais, escolaridade e região, mas sempre se manteve no topo. Na faixa etária entre 16 e 24 anos, por exemplo, 23,6% das pessoas disseram preferir o PT. Contudo, o grau de escolha é maior entre aqueles com mais de 60 anos.
Nesta faixa etária, 32% afirmaram maior simpatia Entre aqueles com renda familiar de até um salário-mínimo, 22,5% gostam do PT. Mas entre os que ganham acima de 20 salários, só 14,7% preferiram a sigla. Ao comparar no nível de escolaridade, a variação é menor. A preferência muda de 20,2% para aqueles com o 1º grau incompleto e de 17,1% para os que têm o superior completo. Entre as regiões, a preferência maior pelo PT é daqueles que moram em ex-assentamentos, como Samambaia, Recanto das Emas e Estrutural, com 20,9%.
Na região do Plano Piloto, 15,9% preferem o PT. Na pesquisa, outros 0,6% afirmaram gostar de todos os partidos por igual. A maioria, 46% afirmou não ter preferência por nenhuma sigla. Não souberam ou opinaram 5,3% dos entrevistados.
IDADE NÃO CONTA
Na outra ponta, entre os que afirmaram ter maior antipatia pelo PT, a faixa etária fez pouca diferença. Entre 16 e 24 anos, 18,6% disseram não gostar da legenda. Já entre aqueles com mais de 60 anos, 20% afirmaram ter antipatia pela sigla. Entre os que têm o 1º grau incompleto, 14% disseram não gostar do PT. Já entre os que detêm Ensino Superior completo, o percentual de desafetos do partido é de 17,6%. Daqueles que ganham até um salário-mínimo, 16,7% relataram não gostar do PT e são acompanhados por 26,7% entre os que ganham acima de 20 salários.
No que se refere às regiões, a rejeição no Plano Piloto é maior (19,5%) do que nas cidades satélites (14,2%). Os moradores de antigos assentamentos (21,5%) também disseram não gostar do PT. As entrevistas foram divididas em GPP (Grande Plano Piloto), que engloba Asa Sul e Asa Norte, Lago Sul e Lago Norte, Guará, Sudoeste, Octogonal e Cruzeiro. Outra área foi Tag e Cei (Taguatinga e Ceilândia), que compreendeu as duas cidades, além de Vicente Pires. Os pesquisadores também foram divididos na região SAT, que são as demais cidades satélites. Por fim, a pesquisa também compreendeu a região ASS (ex-assentamentos), como Paranoá, São Sebastião, Santa Maria, Riacho Fundo, Varjão, Samambaia e Recanto das Emas.A maioria dos entrevistados ouvidos pela O&P - 46% - afirmou não ter preferência por nenhuma sigla. As informações são do Jornal de Brasília
Postado por O TERROR DO NORDESTE
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