domingo, 20 de novembro de 2011

O que está em curso no País é uma contínua desconstrução do governo Lula

Leonardo Attuch

Nos oito anos da era Lula, Fernando Henrique Cardoso comeu o pão que o diabo amassou graças à popularização de um carimbo cunhado pelos petistas ainda na fase de transição. Era a “herança maldita”, expressão que caiu na boca do povo e dava conta de que o Brasil estaria quebrado no final de 2002. Era uma construção retórica absolutamente falsa, mas que atingiu seus objetivos políticos. “FHC quebrou o País, Lula o salvou.”

Dilma Rousseff, eleita graças ao sucesso do “lulismo”, que também teve sementes plantadas na era FHC, naturalmente não poderia falar em “herança maldita”. Primeiro, porque o brasileiro está feliz. Segundo, porque foi ela a gestora dos principais programas sociais e de infraestrutura do governo passado. Mas o que está em curso no Brasil, com as sucessivas demissões de ministros indicados pelo antecessor e que saem suspeitos de corrupção, é a contínua e progressiva desconstrução do governo Lula.

Desta vez, é Carlos Lupi. Antes, foram Antônio Palocci, Alfredo Nascimento, Nelson Jobim, Wagner Rossi, Pedro Novais e Orlando Silva. E qual é o comentário padrão dos analistas políticos? “É, todos eles foram herdados por Dilma.” Conclusão lógica: Lula, que seria o verdadeiro culpado pelos escândalos, teria deixado uma herança maldita para a sucessora.

Nos meios políticos, já se analisa até qual seria o padrão Dilma de demissão. Seria um jeito mineiro, mais dissimulado, conciliador e sem confrontos explícitos. Seja como for, esse método também produz resultados políticos. Dilma seria a continuidade do lulismo, mas num governo que “não rouba nem deixa roubar”.

Será que essa imagem se constrói de forma acidental? Será mesmo Dilma uma presidente refém da mídia e sem coragem para enfrentar o que os esquerdistas chamam de “imprensa golpista”? Ou será a “imprensa golpista” um instrumento operacional do Palácio do Planalto para fritar ministros e desconstruir antecessores?

O que está em jogo no Brasil não é o combate ao “malfeito”, o novo eufemismo para a palavra corrupção. O que está em jogo é 2014.

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