Luis Nassif
Joaquim Barbosa, relator do mensalão:
“Não sou de dar
satisfações, até porque acho que o Supremo não tem de dar satisfação alguma.
Mas esse processo foi feito com total transparência. Os atos que pratiquei
nesse processo poderia classificar até de muito generosos”.
Levará tempo para que o Supremo apague da memória geral a
imagem dele próprio, projetada pelo anjo vingador, Joaquim Barbosa. Tenho para
mim que a história registrará sua participação como o Torquemada, o condenador
implacável, o justiceiro sem nenhuma sensibilidade para com pessoas que estavam
sendo julgadas. O homem que aboletou-se no cargo e, a partir daí, passou a
valer-se dele como revanche da vida. Um vingador a quem o sofrimento, as humilhações
pelas quais passou no início de vida, tornaram-no mesquinho, ao invés de um
vencedor generoso.
Não me refiro à condenação de Katia Rabello e outros
dirigentes do Banco Rural, justamente condenados com base em sua participação
objetiva nas tramoias. Mas na maneira como Barbosa quis a todo custo executar a
vice-presidente Ayanna Tenório
Ela foi absolvida por 9 votos a 1 por uma corte implacável.
Nove Ministros, dos quais 7 com propensão a condenar, que nada viram que
pudesse comprometer a executiva. O único voto pela condenação foi de Joaquim
Barbosa.
A sanha de afirmação política do STF e do Procurador Geral da
República, até então, não tinha poupado ninguém. Colocaram quase 40 pessoas no
mesmo pacote e passaram a se lixar para as culpas objetivas de cada um. Em uma
guerra por espaço político, entre o STF, a PGR e o PT, sobraram balas perdidas,
matando quem estivesse no caminho, mesmo que não fizesse parte da disputa.
Ayanna foi o primeiro sinal de que não haveria execução
sumário de todos os envolvidos pela sanha do Procurador Geral. Não foi outro o
motivo que levou meu colega Jânio de Freitas a escrever, em sua coluna de hoje,
que finalmente o STF tinha descoberto que existiam pessoas, seres humanos sendo
julgados.
Dentre todos, nenhum magistrado foi tão insensível quanto
Joaquim Barbosa. Arrogante até a medula, atropelando princípios de direitos
individuais, chegou a interromper colegas que defendiam a inocência da
executiva, para alardear que ela estava recorrendo a malandragens para se
safar.
Um paradoxo: o grande homem, enquanto lutava para vencer
preconceitos e dificuldades produzidas pela vida; uma figura mesquinha, quando
chegou ao topo.
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