Os tucanos hibernaram
com todo aquele discurso falso-moralista de combate a corrupção. A
pseudo-indignação foi engavetada, talvez por avaliarem que a insistência no
tema se volta contra eles mesmos. Há muitas investigações que andam pendentes,
como a do "mensalão tucano", a chamada lista de Furnas, o escândalo
das propinas da Alstom, a casa "mal-assombrada" do governador Marconi
Perillo (PSDB-GO), negociada com Carlinhos Cachoeira.
No Congresso, o
deputado Carlos Leréia (PSDB-GO) voltou a ser a bola da vez, também por suas
relações com o bicheiro.
Mais de um ano após a
divulgação das denúncias – e de o
próprio Lereia ter declarado em varias entrevistas ser amigo de
Cachoeira - o Conselho de Ética da Câmara começará o processo por quebra de
decoro contra Leréia. O relator poderá dar andamento às investigações, ouvir
testemunhas e requisitar investigações feitas contra o o tucano pela Polícia Federal e pela CPI do
Cachoeira.
O presidente do
Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar Júnior (PSD-SP), sorteou ontem os
deputados do conselho que poderão relatar
o processo ; os três deputados
sorteados são: Ronaldo Benedet (PMDB-SC), Júlio Delgado (PSB-MG) e Missionário
José Olímpio (PP-SP).
Diálogos interceptados
pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, revelam que Leréia também
negociava com a organização comandada pelo bicheiro Carlos Alberto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira. O tucano, segundo as investigações, recebeu depósitos
bancários e bens - inclusive imóveis - supostamente obtidos com atividades
ilícitas.
Entre os valores
destinados à Lereia e já rastreados
estão um depósito de R$ 100 mil, feito na conta de uma empresa comandada
supostamente por laranjas - a Linkmidia Tecnologia da Informação e Editoração
Ltda - e uma sociedade com Cachoeira em terreno avaliado em R$ 800 mil, em um
condomínio de luxo em Goiânia.
Contra Leréia, segundo
o relator na Corregedoria, Jerônimo Goergen (PP-RS), pesam acusações graves: a
exemplo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), também usava um telefone da
marca Nextel, habilitado nos Estados Unidos, cedido por Cachoeira para
dificultar grampos nas comunicações do grupo. Outro complicador para o tucano é
a sociedade com o grupo de Cachoeira em um avião, admitida pelo próprio
deputado.
Além disso, o deputado
confirmou ter usado um cartão de crédito
do bicheiro com a autorização dele. Leréia é aliado do governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB) , se diz amigo do governador. No governo de Perillo, o
deputado usou sua “força” para demitir e
nomear servidores do governo de Goiás, inclusive da polícia, a pedido de
Cachoeira. Além das gravações e da investigação da polícia, o próprio Leréia
usou a tribuna da Câmara várias vezes para deixar claro sua amizade com o
bicheiro.
Mais uma vez a imprensa
esqueceu de mencionar o PSDB nas manchetes
Na quarta feira (17), o
presidente do PSDB-DF, Márcio Machado (que lançou o movimento volta Arruda),
foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão e multa de R$ 300 mil, em ação
impetrada pelo Ministério Público do DF. O tucano era secretário de Obras do
governador José Roberto Arruda (ex-DEM),
também condenado a 5 anos e 4 meses de
prisão mais uma multa de R$ 400 mil, por
ter lesado os cofres públicos em R$ 10
milhões, sem licitação.
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