A capa do jornal Zero
Hora, edição de hoje, é um primor de sutileza. Estampa a bela atriz global,
Taís Araújo, com a sua beleza afro, numa pose desafiadora, vestida com esmêro e
riqueza de detalhes.
A fotografia de Taís
como que ilustra uma matéria sobre a nova lei do trabalho doméstico. Por óbvio
e por tradição, ZH é contra a lei de direitos. Mas ao manifestar-se encobre-se
com a máscara da covardia e da dissimulação.
Observem o nexo que o
editor quis promover: uma negra bonita e produzida, com ar desafiador e
insolente face às novas regras, com mais direitos, às trabalhadoras do ambiente
doméstico.
A foto da atriz global
ilustra, a rigor, uma matéria sobre o seu trabalho na TV, mas a forma como foi
montado o jogo de ilustrações e manchetes da capa, há uma relação direta,
embora subliminar, entre Taís e a crítica que o jornal faz à nova lei de
direitos de trabalhadores no País.
A matéria de ZH quer
criticar a lei de direitos. Para tanto, sugere que está havendo desemprego e
insatisfação generalizada no meio: seja no patronato, seja entre as
trabalhadoras.
Este é o jornal da RBS:
jogando pedra numa lei modernizadora, constituinte de direitos, promotora de
dignidade de trabalhadoras que eram tratadas com objetos do lar da classe
média, uma lei que retira da servidão cerca de 7 milhões de pessoas que viviam
no limiar entre a casa-grande e a senzala.
Quando os últimos
sinais do regime escravocrata no Brasil são extintos, a RBS se insurge e faz
essa capa da vergonha e do atraso.
Sei não, mas Taís
Araújo pode muito bem processar judicialmente o jornal da RBS por uso indevido
de sua imagem, racismo velado e danos morais.
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