quarta-feira, 18 de abril de 2012

Apagão nos transportes paulistanos, obra da parceria demotucana


O artigo do deputado Carlos Zarattini (PP-SP) - ex-secretário municipal de Transportes da capital -  e do professor Ciro Biderman, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), hoje, na Folha de São Paulo, é imperdível e precisa ser lido por todos.
O título resume o tema por excelência: "Apagão no transporte de São Paulo". O texto vai muito além da mera constatação da falência do sistema público de transporte na capital paulista. Segundo os autores, um sistema moderno de ônibus integrado aos trilhos é uma decisão política que os últimos governos simplesmente não tomaram.
O texto ressalta uma informação crucial para entender a situação: “A implantação dos corredores de ônibus foi paralisada desde 2005. E, em 17 anos no governo do Estado, o PSDB construiu menos de 30 km de metrô. (...) A linha 4, prevista para 2010, ainda sequer entregou 5 estações”.
José Serra e Kassab paralizaram corredores e nunca retomaram obras
A paralização dos corredores em 2005 ocorreu por decisão do tucano José Serra que, eleito prefeito no ano anterior, renunicou ao cargo antes de chegar a metade, deixando a prefeitura para Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB, agora PSD). Kassab paralizou a contrução de corredores.
Sobre os corredores, os autores do artigo lembram, ainda: “Dos 68 km prometidos, nenhum foi entregue até o momento. Nenhum tipo de planejamento ou controle foi implantado”.
É muito pouco ante, por exemplo, a gestão de Marta Suplicy à frente da prefeitura. A petista, lembra o artigo, construiu 70 km de novos corredores, além de restaurar os 46 km construídos na década de 1980. Foi em sua gestão, também, que se deu a criação do bilhete único, “um passo fundamental em direção a uma rede de transportes interligada”. “O metrô se integrou ao sistema apenas em 2005, graças à pressão da população”.

Calvário diário

O quadro é assustador. E se traduz no calvário diário de boa parte da população de baixa renda. “Dependendo do trajeto e do horário, são necessárias mais de duas horas para percorrer 17 km”, informa o artigo. Quase não há alternativas aos que ganham menos de R$ 760,00. O texto frisa que mais de 75% das viagens desse grupo ocorrem por transporte coletivo.
Zarattini e Biderman ressaltam, ainda, que a prefeitura se comprometeu a investir R$ 1 bi por ano no metrô. “Mas até agora apenas R$ 975 milhões foram transferidos para 'o governo estadual [que] decide onde aplicar os recursos', como afirmou o prefeito Gilberto Kassab” no início do mês.
O resultado dessa falta de política para a área se evidencia na última pesquisa da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). “Apenas 18% avaliam como bom o sistema de transporte coletivo da cidade. Os ônibus municipais, que tinham 61% de avaliação boa e excelente em 2004, agora têm só 40%”, comentam os autores. Para os dois, só será possível superar o "apagão do transporte" se houver na cidade uma política que supere a letargia dos governantes atuais.

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