O artigo do deputado
Carlos Zarattini (PP-SP) - ex-secretário municipal de Transportes da capital
- e do professor Ciro Biderman,
pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Massachusetts Institute of
Technology (MIT), hoje, na Folha de São Paulo, é imperdível e precisa ser lido
por todos.
O título resume o tema
por excelência: "Apagão no transporte de São Paulo". O texto vai
muito além da mera constatação da falência do sistema público de transporte na
capital paulista. Segundo os autores, um sistema moderno de ônibus integrado
aos trilhos é uma decisão política que os últimos governos simplesmente não
tomaram.
O texto ressalta uma
informação crucial para entender a situação: “A implantação dos corredores de
ônibus foi paralisada desde 2005. E, em 17 anos no governo do Estado, o PSDB
construiu menos de 30 km de metrô. (...) A linha 4, prevista para 2010, ainda
sequer entregou 5 estações”.
José Serra e Kassab
paralizaram corredores e nunca retomaram obras
A paralização dos
corredores em 2005 ocorreu por decisão do tucano José Serra que, eleito
prefeito no ano anterior, renunicou ao cargo antes de chegar a metade, deixando
a prefeitura para Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB, agora PSD). Kassab paralizou a
contrução de corredores.
Sobre os corredores, os
autores do artigo lembram, ainda: “Dos 68 km prometidos, nenhum foi entregue
até o momento. Nenhum tipo de planejamento ou controle foi implantado”.
É muito pouco ante, por
exemplo, a gestão de Marta Suplicy à frente da prefeitura. A petista, lembra o
artigo, construiu 70 km de novos corredores, além de restaurar os 46 km
construídos na década de 1980. Foi em sua gestão, também, que se deu a criação
do bilhete único, “um passo fundamental em direção a uma rede de transportes
interligada”. “O metrô se integrou ao sistema apenas em 2005, graças à pressão
da população”.
Calvário
diário
O quadro é assustador.
E se traduz no calvário diário de boa parte da população de baixa renda.
“Dependendo do trajeto e do horário, são necessárias mais de duas horas para
percorrer 17 km”, informa o artigo. Quase não há alternativas aos que ganham
menos de R$ 760,00. O texto frisa que mais de 75% das viagens desse grupo
ocorrem por transporte coletivo.
Zarattini e Biderman
ressaltam, ainda, que a prefeitura se comprometeu a investir R$ 1 bi por ano no
metrô. “Mas até agora apenas R$ 975 milhões foram transferidos para 'o governo
estadual [que] decide onde aplicar os recursos', como afirmou o prefeito
Gilberto Kassab” no início do mês.
O resultado dessa falta
de política para a área se evidencia na última pesquisa da Associação Nacional
de Transportes Públicos (ANTP). “Apenas 18% avaliam como bom o sistema de
transporte coletivo da cidade. Os ônibus municipais, que tinham 61% de
avaliação boa e excelente em 2004, agora têm só 40%”, comentam os autores. Para
os dois, só será possível superar o "apagão do transporte" se houver
na cidade uma política que supere a letargia dos governantes atuais.
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