Delúbio Soares (*)
Faz uma década que o
Brasil disparou. Não deixou para trás apenas a letargia de um ciclo neoliberal,
elitista e improdutivo. Fez mais: optou pelo desenvolvimento econômico com
justiça social, acompanhado do mais exitoso processo de distribuição de renda
já visto.
Os brasileiros passaram
a conviver com a realidade de um país mais justo, menos desigual e em franco
processo de reencontro consigo mesmo, onde a classe média foi fortalecida com a
chegada de 40 milhões de cidadãos egressos das classes D e E. Poderia desfilar
cifras e elencar fatos da maior relevância para ilustrar o novo país que
surgiu, mas opto pelo mais simples: há mais brasileiros comendo, estudando,
consumindo, trabalhando, construindo e girando a economia.
Nos últimos anos, o
crescimento de nosso PIB – o Produto Interno Bruto – se deu de forma
consistente e em viés de alta. A pequena desaceleração observada em 2011 se
deveu, em grande parte, a fatores externos como a grave crise que castiga o
continente europeu. Mas em 2012, a partir do segundo trimestre, o crescimento
de nossa economia retornará ao ritmo de antes e atingirá algo em torno dos 3,5%
até os 4%.
Mas o desenvolvimento
econômico, com sentidos reflexos na sociedade, tem tido como algoz a elevada
taxa de juros praticada pelo sistema financeiro. Os bancos, lamentavelmente,
renunciaram a qualquer pretensão de exercer papel de fomento econômico e social
para praticar, pura e simplesmente, a usura. Enquanto desponta entre as grandes
potências do século 21, tornando-se a sexta economia mundial e apresentando
indicadores surpreendentes em todos os setores, o Brasil convivia com o flagelo
dos juros irreais que figuravam entre os mais altos do planeta. Enquanto os
bancos apresentam ganhos biliardários, as forças produtivas encontram nas taxas
praticadas um entrave para o financiamento de suas atividades e a consequente
geração de empregos, divisas e riqueza.
A decisão corajosa da
presidenta Dilma Rousseff, ao determinar que as duas maiores instituições
financeiras do país, ambas com mais de um século de grandes serviços prestados
ao Brasil e aos brasileiros, colocou o ponto final em tão alarmante quadro. O
Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, lastreadas em sólidos ativos e
excelentes administrações, cumpriram a determinação presidencial e baixassem a
patamares realistas os juros cobrados. Enquanto os bancos privados chegam a
cobrar 10% no chamado rotativo (quando o cliente não paga o total da fatura)
dos cartões de crédito, BB e Caixa estão operando com a aceitável e correta
taxa de 3%. Os juros praticados nos cheques especiais e nas operações de
crédito ao consumidor seguiram igual rumo e estão beneficiando dezenas de
milhões de brasileiros que, já sendo clientes ou procurando a vasta rede de
agências das duas instituições oficiais abrem novas contas, livram-se da
verdadeira agiotagem praticada pela banca privada.
É impressionante o
número de cidadãos que estão procurando as agências do BB e da Caixa em todo o
território nacional, abrindo contas e passando a operar com as duas grandes
instituições que sempre apostaram no Brasil e nas potencialidades de sua gente.
É um verdadeiro choque de realidade nos que, com ganhos estratosféricos, se
afastaram de qualquer comprometimento com o país, seu desenvolvimento e sua
população.
A Caixa Econômica
Federal, por exemplo, tem mais de 80% do crédito imobiliário de todo o país,
além de ser a gestora do FGTS e implementar serviços sociais como o pagamento
de seguro-desemprego, PIS, Bolsa Família e o Fies (crédito estudantil).
Juntando todos, a Caixa tem impressionantes 57 milhões de clientes, ou seja,
quase 30% de toda a população do país.
Aliás, tinha 57 milhões de correntistas, pois mais alguns milhões de
brasileiros estão migrando dos bancos sem compromisso com o Brasil para a Caixa
e o BB.
Mais de R$ 8 bilhões
foram disponibilizados pela Caixa para capital de giro para pequenas e médias
empresas, enquanto serão praticadas taxas de 2,33% a 2,55% pelo BB em operações
de crédito de até R$ 15 mil em 36 meses. Não é apenas o barateamento do
crédito, mas uma verdadeira e potente injeção de capital na economia através de
pessoas físicas e pequenas e médias empresas, que se livrarão da usura da banca
privada sem compromisso com o Brasil e sem respeito para com seus clientes.
Em competente e
corajoso artigo, publicado na Folha de S. Paulo em 17 de abril, o presidente da
Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, lembra que “dos oito maiores lucros
auferidos por empresas no Brasil em 2010, cinco foram obtidos por bancos” e,
também, que “no ano passado o setor bancário foi o de maior volume de lucro
entre as empresas de capital aberto, excluídas da amostra a Petrobras e a Vale.
E abocanharam 39,4% do total de lucro obtido pelas 344 empresas avaliadas”.
Trocando em miúdos: os brasileiros, notadamente a classe média e os pequenos e
médios empresários, penaram muito para que tão poucos ganhassem tanto.
A presidenta Dilma
Rousseff está fazendo valer tanto a lei do mercado, onde o consumir dá
preferência a quem melhor atende suas necessidades, quanto seu compromisso
inarredável com o desenvolvimento sustentável do país e a defesa dos interesses
maiores de seu povo. A corajosa decisão de nossa presidenta reflete a
indignação dos brasileiros diante da agiotagem que boicota o progresso social e
o desenvolvimento econômico do Brasil.
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