É isso mesmo. Ainda que o COPOM tenha cortado 0,5%, a decisão...
O Brasil precisa cortar sua taxa básica de juros, a Selic, no mínimo, para 7,75%. Só assim o país deixará o topo do ranking de mais alto juro mundial.
É isso mesmo. Ainda que o Comitê de Política Monetária (COPOM), do Banco Central (BC), tenha cortado a Selic em 0,5 ponto - de 11% para 10,5% ao ano, o Brasil continua em 1º lugar no pódio dos maiores juros reais do mundo. Mesmo com este quarto corte sucessivo na taxa, se descontada a inflação estimada para os próximos 12 meses, na prática, os juros básicos no Brasil ainda ficam em 4,9% ao ano.
Assim, o que pagamos de juros reais por estas paragens é quase o dobro do cobrado na Hungria, país em 2º lugar nesse ranking, mas onde a taxa real dos juros é de 2,8%. A China, 3ª colocada, paga 2,4%, seguida pela Indonésia, que remunera a 2,1% ao ano. Para que o Brasil deixasse o topo do ranking, e apenas empatar com a Hungria, o corte na Selic, ontem, teria de ser de 2,6 pontos percentuais.
Bolsa banqueiro
Cada meio ponto percentual cortado conta, e muito. Segundo o BC, entre dezembro de 2010 e novembro de 2011, ou seja, em apenas doze meses, pagamos a bagatela de R$ 235,6 bi pelo serviço dessa dívida. Equivale a 5,72% do nosso PIB e representa quase R$ 80 bi a mais do que gastamos com saúde e educação.
Pelos cálculos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma queda de 0,5% na Selic representa uma economia de apenas R$ 8,5 bi na dívida pública. Por isso, para Carlos Cordeiro, presidente da CONTRAF, a Selic é um verdadeiro “programa de transferência de renda aos donos de títulos públicos, a chamada bolsa-banqueiro”.
A trajetória de queda da Selic é bem-vinda e essencial. No patamar em que ainda se encontra, no entanto, permanece sendo uma barbaridade. Sem uma redução drástica, vamos levar décadas para resolver problemas que, em poucos anos, estariam equacionados com investimentos públicos e privados.
A nefasta influência da taxa alta no câmbio
Sem falar na nefasta influência das taxas de juros no câmbio e do custo financeiro e tributário que nossas empresas transferem para o preço de nossos produtos. Pelo comunicado divulgado pelo COPOM ao término de sua reunião, o mercado avalia que há a real possibilidade de continuidade de redução da taxa de juros até abril, quando poderá chegar a 9,5% ao ano - Selic em um dígito, como quer o governo.
É pouco, mas o caminho deve ser este se o que buscamos é estimular a economia brasileira. Aguardemos a próxima reunião do COPOM no início de março. Até lá, o governo já terá anunciado seus cortes no orçamento.
Dependendo da economia a ser feita, teremos um cenário mais claro sobre como conduzir a política monetária e condições de nos focarmos no que realmente interessa: investimentos em educação, saúde, infraestrutura, ciência e tecnologia, segurança...
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