Ao mapear pioneiramente o incrível sistema montado por
Golbery do Couto e Silva no Instituto Ipês, que acabaria desembocando na
vitória do golpe, o cientista político René Armand Dreifus, (1964: A Conquista
do Estado – Ação Política, Poder e Golpe de Classe – lançado em 1981) nos
apontou a fórmula que hoje é usada por Veja
Toda a direção da revista Veja envolvida com a máfia do
Cachoeira
Por Denise Assis
A História tem seus ciclos e estes tendem a se repetir.
Porém, quando não tratada com seriedade e atenção, quando os fatos evidenciados
em algum período não são devidamente esmiuçados e levados em conta pela
sociedade, eles se repetem mais rapidamente. Com este nariz de cera assumido,
pretendo desaguar nos fatos vindos à tona agora, com a CPMI do Carlinhos
Cachoeira, com relação à revista Veja.
O que a revista Veja fez, nada mais é do que a repetição dos
métodos de atuação do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipês), no período
compreendido de 1962 a 1964, quando amparado de forma escancarada pela mídia,
atingiu o seu objetivo: o golpe.
Foi desta e de outras formas, tais como as gordas doações
para reforçar os cofres do instituto, que a sociedade civil participou da
derrubada do presidente João Goulart.
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a verdade Globo demitiu Ricardo Boechat pelas mesmas razões que defende a
revista Veja Tivesse ele um cenário intrincado para governar, ou limitações
para conduzir o momento político delicado, foi a campanha desenfreada, custeada
por empresários, multinacionais e simpatizantes (incluindo os donos de veículos
de Comunicação), que minaram o seu poder e despertaram na sociedade a ânsia por
mudanças. Fosse da forma que fosse.
E da maneira que foi, um golpe, os destinos do país
caminharam para os rumos sombrios que agora conhecemos e começamos a autopsiar.
Esse é o risco. No calor da hora ninguém vislumbra a tragédia que está a um
palmo do nariz. Importa apenas impor seus interesses e surrupiar o poder. E
poder, hoje, não se limita à cadeira de presidente. Já se sabe. Pelo muito ou
pouco que se ouviu das gravações vazadas, sabe-se que o poder hoje é o
casamento da política com a economia, e de forma espantosa.
General Golbery do
Couto e Silva inspirou os métodos de Veja
Ao mapear pioneiramente o incrível sistema montado por
Golbery do Couto e Silva no Ipês, que acabaria desembocando na vitória do
golpe, o cientista político René Armand Dreifus, (1964: A Conquista do Estado –
Ação Política, Poder e Golpe de Classe – lançado em 1981) nos apontou a fórmula
que hoje é usada por Veja. Outros autores trataram do tema, e em meu livro:
Propaganda e Cinema a Serviço do Golpe, lançado em 2001, o assunto voltou a ser
enfocado, desta vez aproximando a lupa na direção desse resultado: a atuação da
mídia e do cinema enquanto armas de convencimento. Para o bem ou para o mal.
Não foi, portanto, falta de aviso, de que o método era
eficiente. Quero crer que houve, sim, um alheamento conveniente, já que “os
tempos eram outros”. Eram, mas o vento sempre pode virar. Com outra roupagem,
agora com o auxílio de tecnologias mais sofisticadas, mas a mesma intenção: o
poder. O que o grupo de Cachoeira não avaliou, no entanto, foi que a tecnologia
pode falhar (vide o Nextel que permitiu o grampo, quando não era o esperado),
ou pode trabalhar, agora, a favor dos caluniados. Não apenas os “grampos”, que
isto é do tempo dos arapongas, mas a Internet, que está aí para infernizar a
vida dos que pensam poder articular à sorrelfa contra o poder constituído,
instituições, pessoas. Não podem. Em tempos de Carolina Dieckmann e de
internautas politizados, a verdade termina por vir à tona.
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