PiG esconde “Guerra Suja”
Na Folha (*) deste domingo, na pág. A10, aparece o melhor
título piguento (**) do Século XXI:
“Ex-agente que agora admite crimes na ditadura tem longa
ficha policial”
Quer dizer que para a Folha (*) há criminosos que não cometem
crimes.
Quem, por exemplo, Otavinho ?
A amiga navegante Benedita Jordão, que leu “Memórias da
Guerra Suja”, tem uma explicação para o comportamento do PiG (**) diante dos
crimes do regime miltar (o Conversa Afiada evita a palavra “ditadura” , porque,
no Brasil, até isso a elite conseguiu desmoralizar):
Caro Paulo Henrique,
Os grandes jornais,
assim como a TV Globo, começaram uma campanha de boicote ao livro Memórias de
uma Guerra Suja. Isso se deve a dois trechos do livro que seguem abaixo.
Eles querem tentar
desqualificar o depoimento de Cláudio Guerra e o conteúdo do livro. Começou
ontem com o Estadão e hoje com a Folha.
O Estadão chega ao absurdo de não publicar o capitulo que
conta com detalhe como foi o atentado que (Roberto Marinho) sofreu e que até
agora nao havia sido esclarecido.
Os grandes jornais estão fechados por causa da questão da CPI
do Cachoeira.
Como sabe, eles estão avisando à CPI que nao aceitarão a
convocação do Civita.
Agora se fecharam em
torno do boicote ao livro Guerra Suja, que começa a mostrar os absurdos da
ditadura, que eles ajudaram a consolidar cada um ao seu modo, mesmo se
arrependendo depois em muitas situações.
Att…
Seguem-se os trechos em que a
Folha e o Roberto Marinho aparecem como protagonistas do carater sujo da guerra
(PHA):
O APOIO À OBAN - No
final dos anos 60 o governo federal optou por autorizar o Exército uma
organizar uma açao e combate à esquerda na capital paulista. Surgiu então a
OBAN – Operação Bandeirante – dirigida pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury,
encarregada de combater as atividades
subversivas dentro do Estado. Isto foi o embrião da união de policiais civis
com militares no combate aos comunistas. Foi nesta época que se começou a
receber o apoio de empresários com o do Banco Mercantil.
A Folha de S. Paulo apoiou informalmente estas operações da
OBAN. Os seus carros que distribuiam jornais eram usados em campanas para
prisão de comunistas, um até bem famoso na época, mas não consigo lembrar o
nome. O Joe se lembra muito bem disto, foi ele que me contou que fez muita
campana nestes veículos. Estes carros eram muito úteis porque disfarçavam bem,
ninguém suspeitaria que membros da OBAN estariam ali dentro preparados para
agir.
ATENTADO À CASA DO
ROBERTO MARINHO
O atentado à casa do Roberto Marinho não fez parte desta
linha de ação idealizada na reunião do Hotel Glória, que tinha como objetivos
atingir veículos de imprensa que não compactuavam com o regime político.
A bomba que explodiu na casa do dono das organizações Globo
foi, na verdade, parte de uma estratégia formulada por ele mesmo – Roberto
Marinho.
Aquele negócio de explodir bomba lá na casa do Roberto
Marinho foi simulado[3]. Tudo foi feito a pedido dele, para não complicá-lo com
os outros veículos de comunicação. Fomos nós que fizemos, na casa dele. Eu
coloquei a bomba. Para todo mundo, ele foi vítima. Estourou a bomba lá, mas não
houve danos, nem vítimas.
A ordem para executar o atentado partiu do Coronel Perdigão,
a pedido do próprio Roberto Marinho. Ele alegava que era para poder se defender
da desconfiança de suas relações com os militares.
Ele estava ficando visado pela esquerda, e pela própria
imprensa. Achavam que ele estava apoiando a ditadura, por isso ele precisava
ser vítima da ditadura para ficar bem com os colegas. Então ele próprio
idealizou o plano. Pediu, segundo o Vieira e o Perdigão, que fosse vítima de um
atentado.
E isso foi feito. Eu
executei, com a cobertura de um policial civil, o Zé do Ganho, de São
Gonçalo. Quem montou o artefato, quem
colocou dentro da casa fui eu. A função da cobertura era me dar fuga de carro
após a explosão.
Eu coloquei TNT, mas coloquei uma carga bem pequena. Eu usei aquela que é em tijolinho, que é mais
potente, C4. C4 é mais potente que dinamite.
Coloquei numa varanda. Mas sempre atento para não causar
muito dano material. Porque ali eu controlava. Já estava do lado de fora,
quando, por controle elétrico, detonei a bomba.
Eu sabia que não tinha ninguém em casa, aí eu apertei.
A casa estava vazia. Eu não sei se eles sabiam quando ia
acontecer, isso eu não sei. Eu recebi orientação do dia e do horário que a
missão deveria ser cumprida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário