segunda-feira, 28 de maio de 2012

Veja está com medo da força da internet


Por Erick da Silva

A revista Veja abandonar os mínimos procedimentos éticos no seu “jornalismo”, infelizmente, não é uma novidade. O surgimento de gravações mostrando as relações da Veja com o bixeiro Carlinhos Cachoeira deram materialidade a um fato: a Veja ultrapassou a fronteira do jornalismo e ingressou no terreno da contravenção.
O silêncio dos veículos de comunicação de maior tiragem e da Rede Globo não foram o suficiente para abafar o estreito envolvimento da revista com o bixeiro. Silêncio este só quebrado pela Carta Capital, Record e pela força da internet. O silêncio mais notável foi o da própria revista Veja, que ficou três semanas sem se pronunciar a respeito, como se nada fosse com ela. Silêncio que foi quebrado nesta semana (edição de 16 de maio), onde adotou a linha de defender-se atacando.
Apelando para a velha manobra tergiversatória da “liberdade de imprensa” e recorrendo a requentada cortina de fumaça do mensalão, apressa-se em adjetivar a todos que exigem o aprofundamento das investigações como “defensores da censura”, mostrando que o pânico está batendo na porta da editora Abril.
Este medo que ronda a redação de Roberto Civita (dono da editora Abril) ficou explicito na matéria onde disfere ataques contra a internet. A grande mobilização na rede nas últimas semanas colocou a Veja na berlinda. Ao silenciar sobre as denúncias que pesam em seus ombros, motivaram a participação ativa de milhares de internautas.
Sem explicar-se, a revista partiu para uma tentativa de deslegitimar a mobilização, tentando taxá-la como uma “conspiração manipulatória do comunismo-petista”. Esbanjando desonestidade intelectual,  a Veja valeu-se de uma exótica combinação de argumentos que vão da defesa do capitalismo e do anticomunismo, a distorções e informações fragmentadas e desconexas (robôs, aranhas, Richard Dawkins, etc.)
A terrível ameça dos robôs!
A revista buscou, por um lado deslegitimar a critica, colocando-se acima do bem e do mal, e por outro  tentou delirantemente dizer que os milhares de internautas que tuitaram mensagens exigindo investigação das denúncias de práticas criminosas da Veja não existem! Seriam todos robôs ou insetos, que disparariam mensagens automáticas contra a revista no Twitter. Segundo eles, a hashtag #VejaBandida, só conseguiu ser um dos assuntos mais comentados no Brasil - e do mundo durante algumas horas - por força de uma “fraude petista”. Tentando “provar” sua tese a revista cometeu um dos maiores papelões de sua história. Afirmou que uma tuiteira carioca (de carne e osso), que usa o perfil @lucy_in_sky_, seria uma “robô”.
Absolutamente tudo o que diz a matéria da Veja sobre “táticas para fraudar redes sociais” é que é uma imensa fraude. Eles não entende como de fato funcionam as mobilizações na rede, ou talvez, o que é mais provável, de forma alarmada e atrapalhada, apela para argumentos distorcidos e tacanhos.
Veja quer censurar a Internet
A Veja critica os chamados tuitaços, que são mobilizações que envolvem milhares de internautas para pautas e campanhas específicas. Condenar e deslegitimar o direito a livre manifestação coletiva na rede é que é uma tentativa de censura.
Tuitaços, compartilhamento de conteúdos no Facebook, em blogs, etc. são manifestações legitimas e necessárias. Expressam novas formas de exercício da cidadania. A rede hoje é um instrumento efetivo de troca de informação, direito este a informação tantas vezes negado pela Veja/Editora Abril.
No mundo árabe, a utilização destas ferramentas foi de grande importância para impulsionar as mobilizações contra regimes ditatoriais. Será que este exemplo está amedrontando a Veja? Será o fato de perceber que o pouco que ainda lhe restava de credibilidade está sendo sepultado pela força da mobilização no território livre da internet? Estaríamos vendo uma espécie de “primavera” da democratização da comunicação? Sem dúvida isto é algo tão temido pela Veja, como a democracia para um ditador. Quando movimentos desta magnitude se consolidam, ninguém poderá freá-lo, nem o poder econômico ou tentativas de coerção. É isto que apavora Roberto Civita.

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