Têm sido dias de uma difícil reflexão sobre como o Brasil ainda é um país em estágio civilizatório elementar, um país no qual grupos de interesse ainda logram impor sobre as instituições da República até os próprios caprichos. Eis, aí, o sistema brasileiro de organização do Estado e das instituições. Estamos vendo como o Estado brasileiro foi montado, isto é, de forma a que pudesse ser pressionado por grupos. Essa, aliás, é a história da República.
O Brasil é um país em que entre todos os governos que teve desde a aurora do período republicano, a maioria deles não conseguiu completar o mandato popular que recebeu, tendo sido violados, esses mandatos, pelos desejos e idiossincrasias de setores abastados e “influentes” da sociedade, com destaque para a imprensa, a eterna e suprema eleitora e derrubadora de governos desde sempre, por aqui, e representante dos grandes interesses políticos e econômicos.
Este país, porém, viu, na década passada, um ponto fora da curva, um momento de sua história em que, por mais que esse poder que volta a se agigantar sobre a nação – arrogando a si o direito de apontar quem são os políticos e governos “corruptos” e de blindar os políticos e governos amigos das denúncias de corrupção que acometem a qualquer governo – tentasse, não conseguia mais falar sozinho, acusar sem réplica, pois o Estado não aceitava mais ser fustigado por grupos políticos, ideológicos e econômicos para forçarem políticas públicas.
Em um momento em que se vislumbram tentações autoritárias dos mesmos grupos de interesse e de poder que outrora jogaram este país em décadas de regime de governo autoritário, esta lembrança vem como um sopro de ar fresco sobre o pó do passado que parece voltar a encobrir a nação: houve um homem que jamais se rendeu à direita midiática que volta a estender suas garras, tornando-a, em seu período, um dos atores, mas não a protagonista do processo político.
Luis Inácio Lula da Silva, em seu período, era comentado por este blogueiro e amigos como aquele que separava este país da escuridão, sendo só o que impedia que as forças autoritárias de outrora voltassem a se erguer sobre nós, o povo, para nos cassarem a era de democratização de oportunidades que se iniciou em 2003 e que, após quase uma década, fez do Brasil um dos países mais promissores em meio a um mundo em franca decadência.
As investidas todas sobre o ministério de Dilma e os delírios autoritários de alguns – por enquanto, poucos – que pensam poder apeá-la do poder preservando-a para a hora do bote, assim, não têm pela frente apenas a consolidação da economia brasileira como uma das mais organizadas do planeta, mas a sombra de Lula, a quem o povo dedica uma confiança que o mantém popular apesar de continuar sendo alvo da maior e mais longa campanha difamatória da história brasileira, ao menos.
Quando este blog relata o clima político resultante da perda do quinto ministro “por corrupção” ou os delírios de grupos políticos que já lograram materializar seus pendores golpistas, não faz campanha contra Dilma ou tenta sobrepor Lula a ela, porque não faria sentido. O que se quer é manter as mentes alertas, ainda que sempre pregue que também há que manter o coração tranqüilo, pois instrumentos para conter os golpistas, não faltam.
Isso, porém, não significa que eles não existem. E que não andam cada vez mais assanhados.
PS: feliz aniversário atrasado, presidente Lula. E sobre as notícias de sua doença, quem venceu tudo o que o senhor venceu em sua vida, não será um tumorzinho que irá vencê-lo.
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