O sistema político brasileiro por definição é corrupto.
Não mais que o americano, o italiano, o russo ou o mexicano, por exemplo.
Mas, corrupto é.
Nos acima citados sistemas, a Caixa Dois, a sobra de campanha e a sujeição aos interesses dos financiadores são goiabada com queijo.
Uma das formas centrais do sistema político corrupto – como nos acima mencionados – é o acesso à televisão.
Tempo de tevê vale ouro – e voto.
E a manipulação do acesso à tevê é uma das causas do descrédito dos partidos e dos homens públicos nessas grandes democracias.
O noticiário político só faz equiparar a atividade público a reality show de ex-prostitutas.
Outra causa é a notória impunidade.
O sistema judicial torna-se cúmplice e parte de um sistema que se nutre de corrupção.
O financiamento público e uma Ley de Medios podem atenuar a penetração da corrupção no sistema político.
No Brasil, à parte a geneneralizada impunidade – que se acentuará com o fechamento do Conselho Nacional de Justiça pelo Supremo -, há um fenômeno que não se repete em nenhuma das citadas democracias.
É a concentração do PiG (*).
Três famílias – Marinho, Frias e Mesquita (by proxy) – , dominam a tevê, o rádio, o jornal, as revistas, as agências de notícias e portais na internet.
(A família Civita, expulsa da Argentina, no Brasil explora outro ramo de negócio, que não o jornalismo.)
Três famílias – duas em São Paulo e outra no Rio, a Globo, que, porém, trabalha para o IBOPE de São Paulo – dominam o conteúdo da informação e a agenda de debates de um país de 200 milhões de almas, com uma maravilhosa e suprimida diversidade cultural.
O papel central do PiG é derrubar os Governos trabalhistas, onde, apesar de todo o bom-pracismo dos governantes, os negócios empresariais do PiG enfrentam mais obstáculos.
Quando os Neolibelês (**) estiveram no Governo, o PiG sentava-se à mesa do banquete.
O PiG não é golpista porque denuncie a corrupção.
O PiG é golpista porque SÓ denuncia a corrupção dos trabalhistas.
Para o PiG, a massa cheirosa não rouba.
Nem roubou.
O PiG tem parte, tem lado, obedece a uma linha política, como o Ministro Gilmar Dantas (***): está sempre do lado de lá.
As denúncias de corrupção são apenas uma das faces do golpismo.
Outra é a fixação da agenda.
O PiG e o Congresso acabam por discutir só o que o PiG quiser.
O PiG determina a hierarquia: a ponte de 3,5 km sobre o rio Negro não tem menor importância.
Só teria se ficasse comprovado o esmagamento de um bagre na hora de fincar uma estaca.
Aí, sim, seria um Deus nos acuda.
Vamos sublimar, amigo navegante, a criminosa discriminação que o PiG pratica contra os atos dos governos trabalhistas.
Vamos por à parte o excepcional Governo do Nunca Dantes, aprovado por 80% da população.
Ou do Governo de sua sucessora, que segue a mesma trilha.
Vamos à Argentina.
Agora, com a acachapante vitória da Cristina, só agora se sabe que o maior eleitor foi a bonança econômica.
A Argentina bomba !
E aqui se tinha a impressão de que a Argentina era uma pocilga encravada na caverna do Ali Babá.
As atividades do PiG são, pela ordem, deturpar, omitir, mentir.
As denúncias de corrupção do PiG são bem-vidas, porém.
E devem servir de elemento para coibir o malfeito.
O problema é que no PiG se esvaecem como nuvens as denúncias de corrupção do outro lado: as ambulâncias superfaturadas; o Ricardo Sergio, o Preciado, o Paulo Preto, o Daniel Dantas, o Robanel dos Tunganos; a concorrência do metrô de São Paulo; o mensalão de Minas; a empresa de arapongagem do Cerra paga pelo contribuinte paulista; os anões do Orçamento da Assembléia tucana de Sao Paulo.
Tudo isso se lava com água e sabão e vai embora pelo ralo.
E a corrupção da empresa privada ?
Os subornadores, os financiadores dos políticos ?
Quem compra os políticos ?
A Madre Superiora ?
Quem ganha todas as concorrências e não perde uma na Justiça ?
Quem são e o que fazem os que a Evita Peron chamava de “oligarcas de mierda ?”
Por que no Brasil não tem empresário ladrão ?
Nem rico na cadeia ?
É por isso que o PiG é golpista.
Porque é cúmplice, beneficiário e arauto dessa máfia do poder, como diz o Mino.
As denúncias de corrupção são a face branda quase pueril do PiG.
Vamos pegar o PiG pelo gancho: vamos fazer uma Ley de Medios.
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