MACEIÓ (AL) _ Cadê as provas? Toda vez que aparece uma denúncia de corrupção, a primeira providência do acusado é cobrar as provas do crime. Como ninguém costuma passar recibo registrado em cartório e com firma reconhecida para dar quitação da propina, na maioria dos casos não acontece nada e a maracutaia continua.
Pois aqui em Maceió, onde estou participando da V Bienal Internacional do livro de Alagoas, a Polícia Federal está investigando as provas de que o governo do PSDB cobrou 25% de propina para pagar uma dívida de R$ 3,3 milhões com o Banco Panamericano, a 60 dias das eleições de 2010, em que o governador Teotonio Vilela Filho foi reeleito.
"Wilson, na reunião realizada ontem a pedido do governo de Alagoas, o Dr. Luiz Otávio Gomes, Secretário de Estado, ratificou que a única forma de liquidarem o débito é efetuar o pagamento na forma abaixo, ou seja, retorno de 25% sobre o principal e devolução integral da correção monetária", diz um dos e-mails apreendidos pela PF, enviado por Luiz Carlos Parandin a Wilson Roberto de Aro, ambos dirigentes do Panamericano época em que o banco de Silvio sSantos quebrou, deixando um rombo de 4,3 bilhões de reais.
Comentário do analista da Polícia Federal que consta do inquérito: "(...e uma taxa chamada "RETORNO" que deverá ser paga pelo banco a cada repasse do governo alagoano na forma de doação de campanha para o PSDB mediante recibo ou emissão de nota fiscal por empresa que será indicada pelo secretário".
O nome de Luiz Otávio Gomes, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Estado, chamado por aqui de "super-secretário" é citado várias vezes na troca de correspondências que fazem parte do inquérito da Polícia Federal aberto por determinação do juiz Douglas Camarinha,da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal.
O superintendente da PF em Alagoas, delegado Amaro Vieira, informou à "Gazeta de Alagoas", o jornal da família Collor de Mello, que, se houver necessidade, o governador Teotonio Vilela Filho poderá ser chamado para prestar depoimento.
No acerto feito entre o governo e o banco para o pagamento da dívida de R$ 3,3 milhões em quatro parcelas, o PSDB ficaria com uma taxa de retorno de 25% sob a rubrica "doação, no total de R$ 678,5 mil destinados ao "caixa dois" do partido que deveria ser repassado em espécie, ou seja, em grana viva.
O objetivo do inquérito da PF é investigar "provável ocorrência de corrupção passiva e ativa". Não é o único caso que está dando trabalho para a PF em Alagoas, "quase sempre em primeiro lugar no Brasil nos piores índices de desenvolvimento social", como registra o jornal dos Collor. Dos 102 municíos do Estado, há investigações em curso em 91 deles _ 50 novos inquéritos foram abertos este ano.
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