sábado, 23 de abril de 2011

Amor e Revolução tem que mostrar imprensa golpista


Antes de chegar ao ponto que o título deste texto anuncia, proponho ao leitor que examine artigo do único colunista da grande imprensa que me parece ter algum escrúpulo, Paulo Moreira Leite, da revista Época. O texto aborda a novela do SBT Amor e Revolução, trama que vem esquentando o clima político no Brasil.

Amor e Revolução - Paulo Moreira Leite

Fico feliz em constatar que a Censura sofreu uma derrota importante. Militares da reserva tentaram proibir a novela “Amor e Revolução”, do SBT, mas foram derrotados. Acho ótimo.

“Amor e Revolução” é uma novela com vários defeitos mas não se pode deixar de registar sua coragem. Não há notícia, na história da TV brasileira, de um retrato tão cru (e em certa medida cruel) da violência ocorrida nos porões do regime militar. O folhetim exibe cenas de tortura como nunca se viu, sem tratá-la como um evento incomum, mas como um dado banal da luta política no período.

É chocante, mas não deixa de ter seu mérito. O resgate de um fato verdadeiro é sempre um valor positivo — por mais que seja doloroso e inconveniente.

Outro aspecto é que a TV brasileira tem uma dívida histórica com a memória do país. As grandes redes de TV cresceram e se consolidaram durante o regime militar. Não é possível definir uma relação de causa e efeito entre o governo dos generais e a construção das redes nacionais — este processo era inevitável do ponto de vista do progresso das comunicações e iria ocorrer de qualquer maneira.

Mas ele assumiu formas peculiares em nosso país e isso se explica pelas relações promíscuas entre os canais de TV e o regime.

A Censura era uma força determinante no noticiário das emissoras, no foco da cobertura e na escolha dos assuntos. Vivia-se sob um regime de força e é assim  que as coisas ocorrem numa ditadura. Mas não só. Havia também o interesse.

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