sábado, 16 de abril de 2011

'Sr. Foxconn' passa de crítico a fã da produção no Brasil

Jason Dean | The Wall Street Journal - Valor Econômico 

A julgar pelo que diz a presidente Dilma Rousseff, Terry Gou deve ser um grande fã do Brasil como base de produção industrial. Se isso for verdade, no entanto, o sentimento do chefe da Foxconn sofreu uma mudança bastante radical.

Dilma Roussef, em Pequim para uma visita oficial à China, disse na terça-feira que a Foxconn - nome comercial da Hon Hai Precision Industry, colosso de produtos eletrônicos de Taiwan fundada e administrada por Gou - está estudando a possibilidade de investir US$ 12 bilhões no Brasil, a maior economia da América Latina.

A Hon Hai é a fabricante terceirizada de acessórios onipresentes, como os iPads e iPhones, da Apple. Por isso não é de admirar que o comentário tenha chamado a atenção. Mesmo para a empresa de Gou, cujos analistas estimam uma receita de mais de US$ 100 bilhões no ano passado, US$ 12 bilhões no Brasil é bastante dinheiro.

Claramente, a Hon Hai foi pega desprevenida. A empresa levou a maior parte do dia de ontem para produzir um comunicado de 160 palavras (leia ao lado) que elogiava o potencial e a localização estratégica do Brasil e falava vagamente em explorar novas oportunidades de investimentos no país. Isso não surpreende: o Brasil é um grande mercado e a Hon Hai já tem uma fábrica no país - como tem na Hungria, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Rússia, Turquia, Índia, Vietnã, Malásia, Estados Unidos, México, e, naturalmente, China, onde a Hon Hai e suas subsidiárias empregam quase 1 milhão de pessoas.

Mas é preciso dizer que, pelo menos no fim do ano passado, Gou - um senhor de 60 anos sem papas na língua - estava longe de estar apaixonado pelas qualificações do Brasil como um grande centro de produção industrial. Em setembro, durante uma entrevista de quase três horas concedida ao "The Wall Street Journal" no enorme complexo industrial da Hon Hai na cidade de Shenzhen, no Sul da China, Gou ridicularizou a ideia de que o Brasil poderia de alguma forma rivalizar com a força da China em produção industrial.

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