sábado, 23 de abril de 2011

Feriado em linha reta

Cristo e Tiradentes. Crucificação e forca. O calendário brasileiro permite esse encontro que, na pior das hipóteses, junta ideais de fé e liberdade. O que eu não sei é se os brasileiros entendem o verdadeiro significado desses dois ideais.
Na verdade, é o feriadão. O feriadão de um milhão de carros para as praias e outro milhão para o interior. Muito bacalhau e pouca fé. Muita arrogância, impunidade e pouca liberdade. Aquela liberdade que interessa, pelo menos. Não aquela que os publicitários, esse mundo à parte, cheio de glamour e mentiras, cunhou como sendo a liberdade de poder usar uma calça jeans. Só mesmo na cabeça de um idiota.
Enquanto o povão que batalha de sol a sol merece o descanso e os supermercados e pedágios se locupletam um pouco mais, o mundo gira e a Lusitana roda.
Cristo e Tiradentes. Tiradentes e Cristo. Dois ícones. Duas imagens de homens magros, de olhar sereno e barbas e cabelos compridos. Como nos anos 60 para quem viveu a guerrilha e o ‘paz e amor’. Dois homens que não foram vis. Para os que vão viajar e os que vão ficar em suas cidades curtindo o feriadão, um pouco da poesia do grande Fernando Pessoa (Álvaro de Campos):

Nenhum comentário:

Postar um comentário