Culpa dos países ricos
Presidente atribui a pressão pelo aumento dos preços às nações mais desenvolvidas por causa do excesso de liquidez internacional. Ao mesmo tempo, vende o Brasil como uma meca das oportunidades financeiras
Denise Rothenburg - Enviada especial
Boao — Na esperança de angariar a confiança e, se possível, mais investimentos nas cidades brasileiras, a presidente Dilma Rousseff aproveitou o penúltimo compromisso oficial ontem na China para vender o Brasil a uma seleta plateia como a meca das oportunidades, “democrática e de respeito aos direitos humanos”. Ao mesmo tempo, jogou no plano externo a culpa das preocupações econômicas que rondam o país e condenou as políticas de restrições de gastos que sempre são propostas em situações de incertezas. “A experiência do Brasil nos últimos anos demonstrou de forma inequívoca a importância do crescimento com melhora na distribuição de renda”, deixando nas entrelinhas, segundo diplomatas, a perspectiva de que é possível crescer sem rigorosos invernos nos investimentos.
Em seu discurso no Fórum Econômico de Boao, na Ilha de Hainan, a mesma que serviu de palco à reunião do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — na última quinta-feira, Dilma citou as perspectivas de negócios na exploração do pré-sal, da ampliação do sistema energético com o etanol e da necessidade de investimentos em infraestrutura para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
E quanto à ameaça inflacionária — sobretudo em economias exportadoras de commodities (produtos de origem primária), como é o caso do Brasil — e às dificuldades de segurar o deficit fiscal, a culpa é dos países ricos, conforme colocou a presidente brasileira num discurso recheado de termos econômicos, como requeria o plenário repleto de professores e analistas do mercado financeiro.
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