domingo, 14 de agosto de 2011

Esta não é a crise definitiva do capitalismo, diz professor da Unicamp Paulo Daniel

Com o objetivo de compreender, analisar e debater a crise financeira e econômica mundial, o Blog Além de Economia em conjunto com o site da revista CartaCapital, está promovendo uma série de entrevistas neste mês de agosto.

Para esta segunda rodada de entrevistas, convidamos o Professor José Carlos de Souza Braga, economista, Livre Docente do Instituto de Economia da Unicamp, com Pós-Doutorado pela Universidade de Berkeley, California, USA e Diretor Executivo do Centro de Estudos de Relações Econômicas Internacionais (CERI-Unicamp).

De acordo com Braga, o Brasil está em melhores condições para enfrentar a instabilidade mundial, entretanto, não se pode permitir a deterioração do balanço de pagamentos. Enfrentar a crise quer dizer; mais Estado, tanto do ponto de vista quantitativo, como qualitativo.

Além de Economia/CartaCapital: Nos últimos tempos o capitalismo está em uma busca insana de obter lucros e aumento da renda sem passar pelas agruras do processo de produção. A que se deve esse processo? Que consequências pode se observar no sistema econômico?

José Carlos de Souza Braga: É próprio do capitalismo desenvolver tanto a acumulação de lucros pela produção como pela via financeira. Afinal o conceito de capital financeiro é a fusão das formas parciais de riqueza; logo a fusão da forma lucro e da forma juros. No capitalismo atual até as empresas industriais e comerciais de peso ganham com o chamado lucro operacional e também com o lucro financeiro. Mas, além disso, desde o rompimento dos acordos de Bretton Woods que regulava a economia internacional, emergiu o capitalismo financeirizado, ou seja, aquele em que a dominância financeira é o caráter principal. A dinâmica de expansão/crise, par indissolúvel no movimento capitalista ganhou outras feições. A principal conseqüência é que as crises de desvalorização da riqueza financeira necessariamente são contornadas com o apoio dos governos via bancos centrais e tesouros nacionais. Os estados nacionais viram reféns dos proprietários dessa riqueza: os bancos, as empresas de grande e médio porte, os investidores institucionais e as famílias de elevada riqueza.

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