Em ação anticíclica, as instituições públicas ampliaram os desembolsos de crédito, contribuindo para que a crise financeira global não perpetuasse a economia brasileira em recessão. Na direção oposta, bancos privados, tomados pelo 'pânico', adotaram tática conservadora e reduziram exposição ao risco, restringindo as operações.
Marcel Gomes – Agência Carta Maior
Tornou-se senso comum dizer que o crédito fornecido por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES impediu que a economia brasileira afundasse em recessão após o estouro da crise financeira internacional, em 2008. Pois esse senso comum, ao contrário de muitos outros, está corretíssimo.
É o que confirma um novo estudo lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta semana, com a análise do perfil dos desembolsos executados por instituições financeiras públicas e privadas entre 2003 e 2010 – os anos do governo Lula. O trabalho aponta que os bancos privados, tomados pelo “pânico”, restringiram fortemente o crédito durante a crise, após cinco anos seguidos de aceleração da oferta. Em ação anticíclica, as instituições públicas ampliaram os desembolsos, contribuindo para que a instabilidade econômica não passasse de “marolinha” – expressão introduzida na época pelo ex-presidente Lula ao vernáculo econômico.
“Desde 2004 nós vivíamos um ciclo único de expansão do crédito na história brasileira. No início, os bancos privados expandiam suas operações até com mais intensidade do que os públicos. Em 2008, porém, começou a crise financeira internacional, e as instituições privadas passaram a ter uma atuação muito conservadora. Os bancos públicos assumiram, então, a estratégia de expandir suas operações de crédito”, explica Victor de Araújo, um dos autores da pesquisa, intitulada “Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal: a atuação dos bancos públicos federais no período 2003-2010”.
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