domingo, 14 de agosto de 2011

Governo paulista é contra a TV Cultura?

Nota do Escrevinhador: Enquanto isso, a TV Cultura perde uma de suas estrelas. Após um ano no Roda Viva, Marília Gabriela deixa o programa e terá exclusividade com o SBT.

O governo paulista é contra a TV Cultura?

Por Eugênio Bucci, do O Estado de S.Paulo

O título deste artigo não é uma provocação. A pergunta que ele encerra está na ordem do dia. Afinal, o que o Palácio dos Bandeirantes quer da TV Cultura? Pretende asfixiá-la? Embora essa resposta se esconda nas ambiguidades melífluas do governo, os fatos parecem indicar que sim, a intenção é abandonar a nossa emissora pública à carência total de recursos. Entre as evidências mais recentes, destaquemos uma, apenas uma. Na segunda-feira, reportagem da Folha de S.Paulo, assinada pela repórter Lúcia Valentim Rodrigues, mostra que, ano após ano, vai escasseando o investimento público na Fundação Padre Anchieta (à qual pertencem a Rádio e a TV Cultura). Em 2003, ele representava 81,53% da receita da fundação. Agora, está na casa dos 50%. Em valores absolutos, o declínio é dramático. A previsão de R$ 84 milhões de verba estatal para este ano fica 35% abaixo da verba de 2010.

Ainda que não sejam exatos, esses números não são acidentais. Há neles a consistência de uma política deliberada, embora não declarada. Prestemos atenção, porque, se levada ao limite, essa política vai matar a TV Cultura. Das duas, uma: ou ela não terá recursos para mais nada e se perderá na irrelevância, até desaparecer na garoa cinzenta, às margens do Tietê, ou terá de buscar o faturamento no mercado publicitário – o que já vem fazendo, há uns bons anos – e, nesse caso, ficará cada vez mais parecida com as televisões comerciais. Será a morte, do mesmo jeito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário