Mauro Santaynna
A crise no Ocidente, com suas conseqüências para a bolsa no Brasil, não se origina apenas do fato – lição que deveria ser aprendida de uma vez por todas pelos brasileiros que adoram se abaixar para a Europa e os Estados Unidos - de que os países ditos “desenvolvidos” não são, na verdade, tão avançados assim.
Ou da constatação, derivada do mais comezinho bom senso, de que não é possível que os Estados Unidos continuem financiando ininterruptamente suas guerras, ao custo de 35 bilhões de dólares por semana apenas no front do Afeganistão e do Iraque, sem conseqüências para sua economia.
Também desafia a razão e a justiça, que um quarto da população mundial usufruísse, durante décadas, de padrões de vida e de consumo absurdamente altos com relação ao restante da humanidade, sem dispor, para isso, dos recursos naturais necessários.
Assim como ofendia a ordem natural das coisas, que países como Portugal e a Espanha, miseráveis e agrários até os anos 1970, aqui aparecessem, menos de 20 anos depois, e comprassem – com a prestimosa colaboração de entreguistas locais – setores inteiros de nossa economia. E que executivos de países reconhecidos pelo seu óleo de oliva, bacalhau, sardinha, vinho e azeitona, de repente viessem pavonear no Brasil sua “excelência” em finanças, energia ou telecomunicações.
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