domingo, 14 de agosto de 2011

O continente que brincava com fogo

Em 2008, a trilogia de ficção policial intitulada Millennium – Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar – vendeu cerca de 21 milhões de exemplares em mais de quarenta países, alavancando seu autor, o jornalista sueco Stieg Larsson, à condição de segundo best-seller mundial. Infelizmente, Larsson não viveu para conhecer sua inesperada fama: morreu de um ataque cardíaco fulminante aos 50 anos, pouco depois de entregar os originais para seu editor.

Desde então, muito tem sido debatido a respeito da áspera violência, especialmente sexual, contida em seus livros. Os debates apontam para uma anomalia: como explicar que a Suécia, um país conhecido por ser uma espécie de paraíso na terra, onde supostamente imperariam a paz social e a tolerância racial, pudesse servir como pano de fundo para tanta sordidez praticada contra mulheres por indivíduos poderosos que, pra piorar, são acobertados por autoridades governamentais corruptas? Uma mirada no homem por detrás da trilogia insinua uma resposta.

Antes de Millennium, Stieg Larsson notabilizou-se como o principal especialista nos grupos neo-nazistas suecos. Tendo sido criado por um avô comunista que durante a Segunda Guerra Mundial foi aprisionado devido a seu ativismo, não causou surpresa que o jovem Larsson tivesse decidido juntar-se às manifestações estudantis contra a Guerra do Vietnã durante o final dos anos 1960 e início dos anos 1970. A relação do jornalista com a luta política evoluiu na direção da fundação da Liga Comunista dos Trabalhadores, uma organização que durante décadas atuou sob a bandeira da IV Internacional Comunista.

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