Dois fatos interessantes, me chamaram a atenção durante esta semana, e vou aqui tecer alguns comentários.
O Primeiro: Uma pesquisa coordenada pelo professor André Trindade, da Unopar (Universidade do Norte do Paraná), a respeito do grau de conscientização social e política de alunos do ensino médio de escolas públicas de Londrina (PR), Chapecó (SC) e Passo Fundo (RS), revelou números assustadores, ainda que estejamos falando de jovens.
De acordo com a pesquisa, em um universo de 1.012 entrevistados, 70% não sabem quais são seus direitos sociais; 78% desconhecem o que é a Constituição Federal de 1988; 40% ignoram os Três Poderes; 68% não têm muita noção do que faz um deputado estadual; e 70% não sabem o que é a democracia, muito menos como exercê-la. Observem bem, estamos falando de Londrina, Chapecó e Passo Fundo!
Esse absurdo assustador, está em matéria publicada na revista Carta Capital desta semana, matéria assinada pelo jornalista Aurélio Munhoz
O Segundo: Nada pode ser mais vazio e demagógico do que se colocar fortemente em defesa de algo… que ninguém é contra! Não faz sentido ser “a favor da vida” porque não existe ninguém contra a vida. Não faz sentido fazer a “defesa da família” porque não existe ninguém anti-família. São ambos rótulos vazios (...) O que quer dizer isso, afinal? Existe alguém pró-corrupção? Que ações práticas isso implica – além da pura retórica vazia? O que um pretenso político anti-corrupção vai fazer que já não seria sua mais reles obrigação? Por que não fazermos também uma campanha para que nossos políticos não atropelem criancinhas na faixa de pedestres? Faria sentido isso?
Esse texto é de Alex Castro, está publicado no Blog Papo de Homem
Por que linkei os dois textos? O fiz, pelo fato de falarem do mesmo público, composto salvo raras exeções, de "analfabetos funcionais e alienados" - uma geração composta basicamente por jovens, que costumo dizer, são da geração "fast-food" - acreditam que a vida gira em torno de modismos efêmeros, e sem saber muito bem do que se trata, pegam algumas ondas, e surfam no papel de massa de manobra de grupos que não querem aparecer (a mídia e empresários), mas se a "onda crescer" - eles jogam suas pranchas e se apresentam como "líderes" do movimento, foi assim com o "Movimento Cansei", e não foi diferente agora com a "Marcha Anti Corrupção."
A pesquisa citada, da o exato retrato desta situação, onde o cara desempenha o papel de papagaio, pois repete chavões desconexos, sem fundamento, onde quase sempre não se aprofundou no assunto, no máximo, leu na manchete na banca de jornal, ou de orelhada, assistiu no "famoso" Jornal Nacional, e de quebra, reproduz o que ouve em casa. E sai por aí, emitindo "opiniões" e fazendo juízo de valor de assuntos sérios, sem uma conexão com a realidade.
Vivemos numa sociedade, consumista, onde prevalece a filosofia do "ter" - sobre o "ser", portanto, muito mais importante ostentar carrões, roupas de grife, relógios caríssimos, que possuir cultura, conhecer seu país e suas leis.
Pesquisa recente, mostrou que o brasileiro assiste em média, quatro horas de TV por dia, e quem fica esse tempo todo na frente de um aparelho de televisão, é bombardeado por nada menos que trinta e cinco mil anúncios comerciais por ano. Não precisa ser sociólogo, para entender o efeito que isso tem na cabeça de qualquer cidadão. Em especial, das crianças e jovens.
Aqui observo o seguinte: Minha caixa de e-mails, minha pagina do facebook, fica abarrotada de mensagens, onde pessoas bradam o tempo todo, por moral, por correção e também, com frequencia, querem um lugarzinho no 1º mundo e o engraçado, que fala como se isso (não dependesse dela), essa vontade é sempre terceirizada.
Para mim, nada mais subdesenvolvido, que reivindicar um reconhecimento junto aos países desenvolvidos, quando aqui, nós não fazemos a lição de casa. Isso sem ao menos entender, que temos somente 511 anos de existência, ou cinco séculos, dos quais, quatro deles fomos colônia, e um século de democracia capenga, entre-cortadas por golpes militares. Portanto ainda somos pautados por vícios de 400 anos de colonialismo.
Apesar que reivindicarmos o "fim dos corruptos" - cometemos a todo momento, "pequenos atos de corrupção" - e achamos isso, como diz a igreja católica, uma "pecadinho venial" - e sem importância afinal, todo mundo faz!
Vejamos: Quem de nós brasileiros, nunca se viu num "pecadinho venial" desses:
01 - Colocando nome em trabalho que não fez;
02 - Colocando nome de colegas que faltaram em lista de presença;
03 - Pagando para alguém fazer seus trabalhos;
04 - Saqueando cargas de veículos acidentados nas estradas;
05 - Estacionando em calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas;
06 - Subornando ou tentando subornar quando é pego cometendo infração;
07 - Trocando votos por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura;
08 - Falando no celular enquanto dirigem;
09 - Usando o telefone da empresa onde trabalham para ligar para o celular dos amigos (me dá um toque que eu retorno...) - assim os amigos não gastam nada;
10 - Trafegado pela direita nos acostamentos num congestionamento;
11 - Parando em filas duplas, triplas, em frente às escolas;
12 - Violando a lei do silêncio;
13 - Dirigindo após consumir bebida alcoólica, isso quando não bebendo ao volante;
14 - Furando filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas;
15 - Espalhando churrasqueiras, mesas, nas calçadas;
16 - Pegando atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho;
17 - Fazendo "gato " de luz, de água e de tv a cabo;
18 - Registrando imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos. Inclusive FHC fez isso com sua fazenda;
19 - Comprando recibos para abater na declaração de renda para pagar menos imposto;
20 - Mudando a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas;
21 - Quando viajamos a serviço pela empresa, se o almoço custou 10, pedimos nota fiscal de 20;
22 - Comercializamos objetos doados nessas campanhas de catástrofes;
23 - Estacionamos em vagas exclusivas para deficientes;
24 - Adulteramos o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado;
25 - Compramos produtos piratas com a plena consciência de que são piratas;
26 - Substituimos o catalisador do carro por um que só tem a casca;
27 - Diminuimos a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem;
28 - Emplacamos o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA;
29 - Frequentamos os caça-níqueis e fazemos uma fezinha no jogo de bicho;
30 - Levamos das empresas onde trabalhamos, pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse furto;
31 - Comercializamos os vales-transporte e vales-refeição que recebemos das empresas onde trabalhamos;
32 - Falsificamos tudo, tudo mesmo... só não falsificamos aquilo que ainda não foi inventado;
33 - Quando voltamos do exterior, nunca dizemos a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que trazemos na bagagem;
34 - Quando encontramos algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolvemos;
34 - Acabamos com o meio ambiente, jogando lixo, ponta de cigarro por todo o lado
Mas eu acredito nesse país, assim como creio que um dia tudo isso vai mudar prá melhor, só depende primeiramente do povo, depois dos governantes, afinal, quem escolhe os governantes não é o povo? Então, fechamos esse conta? Se nenhuma entidade se apresenta a favor da corrupção, por que um movimento contra?
Enquanto o brasileiro não resolver SE MELHORAR, nada irá ocorrer por osmose.
Publicada por Paulo Cavalcanti
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