A experiência brasileira no combate à fome pode servir de exemplo a outros países em desenvolvimento, desde que adaptados à sua realidade, afirmou nesta quinta-feira (14) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele participou de uma conferência sobre políticas públicas de segurança alimentar, desenvolvimento e redução da pobreza que ocorreu em Des Moines, nos EUA, após a cerimônia de entrega do World Food Prize, em que foi laureado.
“O Brasil quer transferir esse conhecimento para os países irmãos e cooperar de forma solidária – sem cobrar contrapartidas, como convém a um país que defende o multilateralismo. Não se trata de ensinar uma fórmula pronta, mas acredito na possibilidade de partilhar nossa experiência, multiplicando os esforços na luta contra a fome”, afirmou o ex-presidente.
Durante a conferência, Lula defendeu que esse problema é uma responsabilidade do Estado, “por isso exige políticas sociais integradas, combinadas com uma agenda de distribuição de renda e desenvolvimento econômico sustentável”, afirmou.
O ex-presidente também descreveu grandes projetos do Governo Federal que proporcionaram crescimento do mercado interno e ajudaram a criar empregos e diminuir a fome, como o Bolsa Família, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Luz Para Todos.
“A combinação de uma agenda de inclusão social com um período de forte crescimento econômico, impulsionado pelos investimentos públicos e privados, contribuiu para gerar 16,5 milhões de empregos formais de 2003 até junho deste ano”, disse. “E os resultados enchem os brasileiros de alegria. Tiramos 28 milhões de brasileiros da pobreza. Outros 39 milhões de brasileiros ascenderam paras as classes sociais A, B e C, no maior processo de mobilidade social que o Brasil já conheceu.”
Longo caminho
O trabalho de Lula na área da segurança alimentar não começou em seu governo. “Eu sabia, pela minha vivência pessoal, que a fome é a pior arma de destruição em massa do mundo, porque não mata soldados, e sim crianças inocentes. Minha determinação em combater a fome cresceu ainda mais durante minhas viagens pelo Brasil na década de 1990, quando cruzei o país várias vezes e visitei a periferia das metrópoles brasileiras. Eram as Caravanas da Cidadania, que instituímos depois que perdi a eleição presidencial, em 1989”, relatou.
Já em 1992, no Instituto da Cidadania, onde Lula atuava, foi formulada uma proposta de política de segurança alimentar, que foi entregue ao então presidente da República, Itamar Franco.
“A proposta incluía a criação de um Conselho de Segurança Alimentar, o Consea, órgão diretamente ligado à Presidência da República. Hoje, o Consea é um instrumento de política de Estado e, ao mesmo tempo, o fórum onde se debatem as grandes questões a respeito da desnutrição e da fome no Brasil”, explicou.
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