sábado, 16 de abril de 2011

Cobertura da Globo ao massacre na Escola do Realengo motiva de nota de repúdio da Defensoria Pública da União


A nota de repúdio, assinada pelo Defensor Público Federal Ricardo Emílio Pereira Salviano, Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva, resgata a esperança daqueles que não aceitam mais a manipulação midiática e a falta de compromisso com a sociedade dos barões da mídia nacional. Segundo a nota:

Diante do fatídico evento ocorrido naquela escola municipal, verifica-se que a divulgação do vídeo feito pelo autor do delito em horário nobre pela emissora de televisão Rede Globo afronta a ética profissional e enseja a responsabilização civil devido ao dano moral coletivo gerado pelo agravamento do dano psicológico já suportado pelas vítimas. O trauma advindo do abalo emocional dessas pessoas foi acentuado sobremaneira pelo temor provocado pela exposição das declarações, ainda que insanas, do delinquente esquizofrênico.

A gravidade e a repulsividade da ofensa é notória e causa perplexidade justamente pela insensibilidade da imprensa na abordagem da matéria jornalística. De certa maneira, a imprensa foi usada pelo autor do delito para a difusão da temeridade no meio social. O que nos faz refletir sobre diferentes questões. Quem não se sente amedrontado com a possibilidade de um novo surto psicótico de um esquizofrênico? A exposição dos motivos e das razões que o levaram a praticar o crime não aumenta a sensação de insegurança da população? Não seria essa a verdadeira intenção do mentor do fato delituoso? A imprensa contribuiu de certa forma para a instalação do caos e do pavor nos cidadãos? Isso prejudica a recuperação e o desenvolvimento das pessoas diretamente envolvidas na tragédia? A exposição do vídeo não dificultará a recuperação das pessoas envolvidas no massacre, sobretudo considerando os efeitos de ordem psicológica? Houve comportamento aético da imprensa, em virtude da divulgação do vídeo, capaz de ensejar a responsabilização civil pelos danos daí advindos?

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