Em Porto Alegre, Dilma Rousseff ataca ortodoxia do Fundo Monetário Internacional (FMI), que negocia pacotes de socorro com países europeus endividados. Segundo ela, Brasil 'se livrou' do FMI e, como credor da entidade, 'jamais aceitará' que imponha a outras nações condições que já sacrificaram brasileiros.
Najla Passos
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e sua tradicional ortodoxia foram alvo de críticas da presidenta Dilma Rousseff nesta sexta-feira (14). Em evento em Porto Alegre (RS), Dilma disse que o país nunca aceitará que a entidade, da qual o Brasil é sócio e, agora, credor, imponha às populações de países devedores condições exigidas dos brasileiros no passado.
“Hoje nós temos recursos aplicados no Fundo Monetário, possivelmente, inclusive, nós iremos ter uma maior participação. Agora, jamais aceitaremos, como participantes do Fundo Monetário, que certos critérios que nos impuseram sejam impostos a outros países”, disse a presidenta, em cerimônia de pacto contra a miséria assinado com governadores da região Sul.
Dilma resgatou a emoção que ela e o ex-presidente Lula vivenciaram, no Palácio do Planalto, ao quitar as dívidas do país com o FMI, em 2005. “Nós pagamos o que o Brasil devia ao Fundo, e, com o passar do tempo, viramos credores do Fundo. Isso mostra uma grande virada neste país, um grande momento de soberania em nosso país.”
Sobre a crise econômica mundial e suas implicações nas restrições à soberania dos países, em especial dos europeus, a presidenta sugeriu que o Brasil possui acúmulo sobre o tema para adotar posições diferenciadas e ajudar a apontar caminhos.
“Quando nós vemos os países ricos envolvidos em discussões que para nós parecem um tanto quanto envelhecidas, é porque nós vivemos a nossa crise da dívida soberana também a partir de 1982, e acho que nós aprendemos muito com o que foram duas décadas sem crescimento”, explicou.
Ao avaliar o que significou esse período, a presidenta destacou como conquistas importantes a Lei de Responsabilidade Fiscal e o fato dos bancos brasileiros terem que cumprir o que ela definiu como “exigências de capital muito mais rígidas”.
Entretanto, a presidenta considera que o grande passo dado pelo Brasil foi a retomada do crescimento econômico. “Foi quando nós pagamos o Fundo Monetário e nos livramos dele imiscuindo na nossa política interna”, avaliou.
O FMI tem negociado pacotes de socorro com países europeus que enfrentam crises da dívida pública. O governo da Grécia, por exemplo, quer fazer um acordo com o FMI e arrancou aprovação do parlamento, mas a população tem feito manifestações contrárias. O motivo é que o acordo implica arrocho fiscal, falta de crescimento e desemprego, algo que o Brasil sofreu três vezes no governo Fernando Henrique.
Em discurso recente na Assembléia Geral das Nações Unidas, Dilma já havia dito que a crise econômica global não pode ser enfrentada com recessão.
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