sábado, 1 de outubro de 2011

Grilagem em MG envolve Vale e demos

Por Altamiro Borges


Na semana passada, a Justiça de Minas Gerais decidiu bloquear R$ 41 milhões que a empresa Vale pagou para uma quadrilha de grilagem de terras no estado. A decisão se deu após operação da Polícia Federal, que prendeu nove pessoas que comercializavam áreas públicas ricas em minério – entre eles, um empresário, uma tabeliã e dois diretores do órgão estadual de regulação fundiária (Iter).

A transferência eletrônica do dinheiro da mineradora para a quadrilha foi identificada em 28 de agosto pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda. Mesmo assim, relata o jornal Estadão, a Vale “negou ter feito a transação no valor e nas condições apontadas e disse agir com rigor ao adquirir terras”.

O impacto da “operação grilo”

A chamada Operação Grilo, desencadeada pela PF, constatou que o esquema fraudulento de apropriação de terras públicas em Minas Gerais envolve grandes interesses e gente graúda. As áreas griladas, no norte do estado, são ricas em minério de ferro. A mineradora, privatizada no reinado de FHC, tem bilionários negócios na região. A sua relação com políticos também é intensa.

Em petições do Ministério Público estadual, às quais a Folha teve acesso, os promotores apontaram como suspeitos os prefeitos de Indaiabira e Vargem Grande do Rio Pardo, os irmãos Marcus (DEM) e Virgílio Penalva Costa (DEM). Já o governo tucano de Minas Gerais afastou o secretário de Regulação Fundiária, Manoel Costa, e exonerou os dois funcionários presos do Iter.

“Terras subtraídas criminosamente”

As investigações indicam que os suspeitos utilizavam documentos emitidos pelo Iter para dar a posse de terrenos a laranjas, que depois transferiam as terras para intermediários da organização criminosa. Documento do Ministério Público descreve que, "em apenas um dos casos sob investigação, a Vale S/A comprou – efetuando pagamento único e em espécie – vasta extensão de terras subtraídas criminosamente do Estado de Minas Gerais pelo espantoso valor de R$ 41 milhões".

Segundo a Folha, “os promotores acusam a Vale e a empresa Floresta Empreendimentos de ‘patrocinar’ a disputa por terras no norte de Minas”. O Ministério Público afirma que a Floresta Empreendimentos é uma empresa de fachada, cujos sócios estão sediados no Uruguai. O caso é dos mais graves. Envolve a poderosa Vale, prefeitos do DEM e o governo tucano de Minas Gerais.

Um dos maiores anunciantes da mídia

Será que o escândalo será investigado a fundo? Num momento em que se fala tanto em “faxina” e “marchas contra a corrupção”, este esquema de grilagem e relações com políticos, descoberto pela Polícia Federal, propiciaria um excelente trabalho jornalístico. Será que a imprensa topa investigar a poderosa Vale, uma das maiores anunciantes da mídia brasileira?

Postado por Miro

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