sábado, 11 de junho de 2011

E Dilma realmente assume

Mino Carta* Da Carta Capital - 10 de junho de 2011

Dia 8, quarta-feira, leio os jornalões para saber o que pensam a respeito da queda de Antonio Palocci. Meu interesse brota das reações da mídia quando da nomeação de Palocci para a Casa Civil, apontado como articulador político ideal e traço de união entre governo, empresariado e mercado financeiro. De improviso, o prestígio de Palocci sofre alguns abalos com a revelação do seu extraordinário enriquecimento. Mesmo assim, há duas edições Veja ainda via nele o paladino da razão em meio à tresloucada equipe governista.

Resta averiguar a sentença da semanal da Abril depois do fato consumado, por enquanto constato que os jornalões definem posições diversas em relação aos efeitos da demissão. O Estadão, em editorial bem calibrado, enxerga o fortalecimento da presidenta Dilma. A Folha concorda, com menor clareza. O Globo, pelo contrário, proclama em manchete o enfraquecimento do governo. CartaCapital entende que os fados foram generosos com a presidenta ao inspirarem a denúncia da Folha. Com a queda de Palocci, ela afirma a sua autoridade e, como diz a capa desta edição, assume efetivamente a Presidência da República.

Permitam-me citar a mim mesmo. Em um artigo publicado na primeira semana de janeiro, logo após a posse, eu escrevia: “Sabe-se que a composição do governo sofreu, como era natural, a influência de Lula, mas nada impede que a atual formação venha a ser retocada pela mão independente de Dilma”. Logo aventava a hipótese de que Palocci pretendesse contrapor-se a Guido Mantega, e CartaCapital sabe que, nos bastidores, o chefe da Casa Civil se esmerava há tempo em tecer comentários desfavoráveis sobre a atuação do ministro da Fazenda, bem como do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

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