domingo, 19 de junho de 2011

Piratas e a ágora contemporânea

Artigo de Emiliano José publicado no site Conversa Afiada (18/06), do Paulo Henrique Amorim:

Emiliano José*

Penso que a internet faz parte dessas ironias da história. E de seus aparentes paradoxos. Ela surge, como lembra Sérgio Amadeu, no contexto da Guerra Fria, como fruto de um projeto militar norte-americano e da reordenação das verbas e projetos de pesquisa dos EUA diante do avanço tecnológico soviético no fim dos anos 50. Vejam só: do então avanço tecnológico da ex-URSS. Foi dessa iniciativa que surgiu a rede mundial, rede que não tem dono, não é controlada por nenhuma empresa, sempre na esteira do que diz Sérgio Amadeu em artigo publicado na revista Teoria e Debate, número 78, de julho/agosto de 2008. Os protocolos essenciais dessa rede foram e são desenvolvidos com colaborações, sem patentes nem restrições de uso. É um território de uso comum. É território dos comuns.

Antes que prossiga, e para não perder uma afirmação preciosa, valho-me de observação de Luiz Fernando Franco Martins Ferreira, procurador federal da Advocacia Geral da União, também em artigo na revista Teoria e Debate, este no número 91, de março/abril de 2011, segundo a qual a internet confirmaria as previsões de Marx e Engels de que o desenvolvimento das forças produtivas, no caso a informática, deve necessariamente, em dado estágio de sua evolução, entrar em contradição com as velhas formas da superestrutura política, e aqui ele se referia especificamente ao fenômeno do site Wikileaks, que tanto rebuliço tem causado mundo fora, a par da impressionante perseguição ao seu idealizador Julian Assange. A democracia, em sentido amplo e não restrito à idéia da democracia representativa apenas, deve muito à internet.

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