domingo, 17 de julho de 2011

Chico, o tempo e as canções

Cantor inspira-se em assuntos como o amadurecimento para as músicas do novo CD que chega às lojas no dia 20

Lauro Lisboa Garcia - O Estado de S. Paulo

Num dos vídeos postados no site chicobastidores.com.br, como forma de criar interesse antecipado (os modernos teasers) pelo novo álbum de Chico Buarque, o violonista e diretor musical Luiz Cláudio Ramos comenta que uma das faixas do CD, Barafunda, é "um samba de velho". "São as lembranças que não são mais claras. É o Chico lidando com o amadurecimento dele."

O personagem da canção lembra o velho doente do livro Leite Derramado, mas não é o único momento do bom CD Chico (que chega aos consumidores em forma física no dia 20, com 4 mil exemplares vendidos antecipadamente pela gravadora Biscoito Fino) em que o autor lida com a ação do tempo e sua adaptação de homem maduro à modernidade do século 21.

O uso da internet como plataforma de divulgação de seu CD não é a descoberta da pólvora, mas para ele é uma ferramenta nova e um tanto difícil de lidar. Até porque foi dessa forma que descobriu, confessadamente espantado, mas com altivez e bom humor, que não é mais a "unanimidade nacional" da década de 1970 - alvo inclusive dos ataques de internautas recalcados.

Nas canções, essa questão do tempo se manifesta, sempre com leveza poética, em Essa Pequena (‘meu tempo é curto, o tempo dela sobra/ Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora"), falando da relação de um homem maduro com uma mulher jovem; e Tipo Um Baião, em que utiliza vícios de linguagem da geração shopping center-MP3 para expressar conflito próximo ao das personagens da outra canção, contrapondo-se à "pequena", garota no sentido figurado, fora de uso há décadas no vocabulário masculino.

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