domingo, 10 de julho de 2011

Simpatia e Identidade Partidária

Ao contrário do que muita gente pensa, a proporção de eleitores brasileiros que se identificam com algum partido pode ser considerada elevada. Já foi o tempo em que era avassaladora a maioria dos que não tinham afinidade com nenhum.
Comparações internacionais relevantes são difíceis. Cada país tem sua história, seus partidos e seu tipo de participação política. Fundamental, por exemplo, é a distinção entre aqueles onde o voto é universal e obrigatório, como o Brasil, e aqueles onde é facultativo, como na maior parte dos desenvolvidos.
Melhor é comparar nossa situação de agora com a do passado. Fazendo isso, podemos ver com mais clareza como e em que estamos mudando.
No começo do século passado, éramos um sistema político tão limitado e restritivo que nem fazia sentido a pergunta a respeito de identidades partidárias. Os partidos que tínhamos pouco mais eram que grupos regionais de interesse, dos quais participavam algumas centenas de indivíduos, quase todos recrutados nas oligarquias econômicas locais e em setores satélites (profissionais liberais, burocratas, intelectuais, magistrados, juristas).
As diferenças sociais e programáticas entre, por exemplo, os diversos Partidos Republicanos (Paulista, Mineiro, etc.), eram irrelevantes. No sentido mais literal, eram todos farinha do mesmo saco, em suas bases, quadros, ideias, discurso e propostas.
Há 100 anos, Hermes da Fonseca (gaúcho, concorrendo pelo Partido Republicano Mineiro) venceu a eleição presidencial com 400 mil votos, ficando Ruy Barbosa (baiano, candidato do Partido Republicano Paulista) em segundo, com 220 mil.
Apenas Hermes obteve os votos hoje necessários para garantir a eleição de um deputado federal em São Paulo. Com os seus, Ruy conseguiria ser deputado em Minas e no Rio (por pouco).

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