domingo, 17 de julho de 2011

Continuidade e aprovação

Marcos Coimbra - Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
Dilma está sendo bem avaliada pelo que seu governo faz. Lula continua a ser um fator que contribui para explicar o desempenho, mas seu peso tende a ser menor a cada dia
Ao longo da campanha presidencial do ano passado, foi comum a discussão de precedentes para a candidatura de Dilma. Nos meios políticos e na imprensa, volta e meia eram lembrados casos parecidos ao dela.
Desde muito cedo, ficou evidente que era a favorita. Apesar de não ter experiência eleitoral. Apesar de começar sua carreira pelo alto, sem ter pleiteado cargos menores. Apesar de ela nem sequer ser militante histórica de seu partido. Apesar de não ter "jeito" para a televisão e o palanque. Apesar de seu visível mal-estar no trato com os políticos tradicionais.
A todas essas limitações, sua candidatura respondia com um argumento: o apoio de Lula. Podia faltar-lhe tudo, mas tinha esse trunfo. Como legítima herdeira do ex-presidente, ela representava algo que a maioria do eleitorado queria: continuidade.
Nisso, a novidade estava apenas em que o cargo em disputa era a Presidência da República. Nosso sistema político já conhecia vários exemplos bem-sucedidos de candidaturas com perfil semelhante, em eleições estaduais e municipais. Em todos, havia alguém encerrando sua administração com alto nível de aprovação popular e que indicava um sucessor para prossegui-la.
Com base nesses casos, ficou mais fácil prever o resultado da eleição de 2010. Parafraseando a famosa (e equivocada) frase "É a economia, estúpido!", a vitória de Dilma pôde ser antecipada e, depois, explicada por outra: "É a continuidade, estúpido!".

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