Somos uma economia de mercado e ninguém, em sã consciência, acha que existam condições objetivas de limitar salários privados, embora todos saibam que isso pode – e realmente deve – ser feito quando se trata de empresas públicas ou do próprio Estado.
Mas a mídia, ao longo dos anos, conduziu a opinião pública a acreditar que os “altos salários” estatais eram os responsáveis pela pobreza e precariedade dos serviços públicos no país.
A reportagem da Folha, hoje, mostrando alguns dos super-salários dos executivos de empresas no Brasil deveria nos fazer refletir sobre o quanto essa visão nos desvia da questão essencial que deveria estar em jogo: a distribuição dos impostos em nosso país.
É possível termos a mesma alíquota de Imposto de Renda para um modesto professor ou médico, ganhando R$ 4 mil mensais (quando ganham), ter uma incidência percentual idêntica à de um executivo como os mostrados aí na ilustração publicada na Folha, que ganham muito mais de R$ 1 milhão por mês? Na verdade, percentual ainda menor, porque parte desta remuneração se dá em prêmios, benefícios e pecúlios sobre os quais incidem impostos menores e, às vezes, nenhum imposto.
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