terça-feira, 12 de julho de 2011

Nos bueiros da privatização

Rodolpho Motta Lima – Direto da Redação

Os habitantes da cidade do Rio de Janeiro vêm experimentando, de alguns meses para cá, sensação similar à daquelas pessoas que vivem em regiões conflagradas, nas quais, a qualquer momento, pode explodir uma bomba e, com ela, muitas vidas. Até aqui, mais de cinquenta bueiros foram repentinamente para o ar , em movimentadas ruas do Rio. Se, por sorte, nem todas as explosões provocaram consequências trágicas, algumas causaram sérios problemas aos cidadãos atingidos, com danos físicos e prejuízos materiais.
O assunto leva a um tema que, volta e meia, se coloca em discussão: a questão das privatizações. Sobre ele, não dá para ficar em cima do muro. Nem dentro do bueiro...
Pode parecer, a muitos ingênuos, que a discussão do assunto seja apenas um mote para, de tempos em tempos, ativar discussões políticas. Contudo, um espectador atento da cena nacional sabe que está aí, realmente, um grande divisor de águas entre dois modelos de administração do interesse público.
Os bueiros em questão são cerca de 40.000, presentes nos quase 6.000 quilômetros da rede subterrânea da cidade e espalhados por logradouros de grande movimentação de carros e pedestres. São da responsabilidade da Light, uma das “jóias” do processo generalizado de privatizações empreendido no governo de Fernando Henrique Cardoso, tendo Serra como seu ministro de Planejamento.
No caso, a privatização data de 1996, feita através de leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. A Light, depois de um longo período sob administração do Governo Federal, foi arrematada por um consórcio de três empresas. Como aconteceu então com a Eletropaulo, em São Paulo, houve dinheiro subsidiado no negócio, em processo que envolveu BNDES e a Eletrobras, além da Companhia Siderúrgica Nacional, também privatizada. Depois de consolidado o controle da empresa pelo grupo francês EDF, acabou acontecendo, em 2006. um contrato de compra e venda, cujos meandros não cabem neste artigo, mas de que resultou, em 2009, a passagem da administração para a CEMIG, companhia de capital aberto controlada pelo Governo do Estado de Minas Gerais, uma das participantes do consórcio original.

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