A autofagia na política é uma coisa supimpa, mesmo. Um mesmo partido vai matando os seus integrantes para propor a sobrevivência de outros.
No Paraná nos dias de hoje vemos uma coisa bem curiosa. Os baluartes da "moralidade" sendo trocados por amigos de conveniência obviamente, por um projeto outro, que não inclui tais baluartes.
Álvaro Dias ficou famoso por se especializar em ir para a Tribuna do Senado e detonar o governo petista. Para isso, levava o inseparável exemplar da revista Veja da semana. Era sempre nela que ele baseava suas denúncias bombásticas e altamente acreditáveis, tipo a dos dólares de Cuba, da ligação de Lula com as FARC e a de que o ex-operário iria converter o Brasil em uma espécie de União Soviética dividindo a casa das pessoas de classe média entre 5 famílias pobres. Quem tinha ao menos 20 anos em 2002, sabe que eu não estou mentindo ou exagerando.
Álvaro decerto pensou em levar também a revista Contigo porque nela seguramente haveria outras coisas muito importantes a serem faladas. Mas pelo jeito ponderou, porque poderia não pegar bem para sua imagem de parlamentar. Ele talvez ingenuamente tenha imaginado que seu lugar nessa boquinha estava garantido forever, como o Denunciador Geral da República Tucana.
Mas o mundo dá voltas e então, o excluído de ontem do PSDB resolveu dar um alerta ao excluído de amanhã. Gustavo Fruet, aquele que saiu do PMDB porque não lhe deixaram ser candidato e que anos mais tarde saiu do ninho tucano por também ter sido jogado para escanteio chegou e falou a verdade. "Álvaro, amigo. Você está com os dias contados". A fritadeira industrial já está ligada na tomada e o óleo tá começando a ferver.
É que o Governador Beto Richa, proprietário do PSDB no Paraná acha melhor colocar gente que coadune mais com seu projeto próprio de poder, do que deixar alguns criarem seus feudos particulares. Trocando em miúdos, Beto não vai deixar Álvaro se candidatar de novo ao Senado e no lugar dele, vai colocar um de seus aliados do momento. Richa é dono de um esquemão e sabe muito bem organizar sua patota, "conquistando" seus apoiadores. Arranjo de cargos e nepotismo são moeda forte em seu governo e hoje ele faz tudo o que até ontem dizia que era errado. Inclusive voar num helicóptero emprestado, que ele "não sabe" a quem pertence.
Álvaro se quiser continuar vivo na política vai ter que começar a se coçar. Ou vai tentar sabotar os comandos de Richa ou vai pular fora do partido. Se sabotar Richa, corre o sério e concreto risco de se queimar pra sempre porque o Governador não é fraco e não deixa barato. Se sair do partido vai ter que começar a maneirar o discurso ácido de oposição e fazer uma fogueira com os exemplares de sua assinatura da Veja. Como é sabido, ele não terá muitos outros partidos pra ir, que não estejam na base aliada do Governo Federal.
E agora, Álvaro. Qual o seu caminho?
No Anais Políticos
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