Até hoje seus familiares lutam para que Justiça não o considere um desertor... Tombava, há exatos 40 anos, o capitão do Exército Carlos Lamarca, militante histórico da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Seu fim deu-se ao lado de Zequinha Barreto, Otoniel Campos Barreto e Luís Antônio Santa Bárbara. Lamarca foi vítima da sangrenta “Operação Pajuçara” – iniciada em fins de agosto de 1971, para aniquilar o líder de militantes que se opunham à ditadura, instalados na região de Brotas de Macaúbas (BA).
A operação transformou a cidade de Buritis em campo de concentração, torturou em praça pública e assassinou vários militantes diante de uma população estarrecida. O tempo ainda não curou as feridas daquele dia. Até hoje, familiares de Lamarca lutam na Justiça para que ele e outros militares que aderiram à luta armada contra a ditadura não sejam considerados como “desertores”. Ainda que, em junho de 2007, a Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, tenha dado a Lamarca a patente de coronel e à sua viúva, Maria Pavan, o direito a uma pensão e a indenização, uma ação movida por clubes militares das três Forças, ordenou a suspensão da promoção e dos pagamentos, alegando que o militar teria abandonado as fileiras do Exército brasileiro.
"Quem desertou foram aqueles que, como militares e funcionários públicos federais, tomaram o poder pelas armas e imprimiram ao povo brasileiro a lei do silêncio e terror psicológico e físico", disse à Folha de São Paulo, o filho Cesar Lamarca.
Sábado Resistente
Em homenagem a Lamarca, no próximo final de semana, será promovido em São Paulo no próximo “Sábado Resiste”, um evento sobre a morte de Lamarca, quarenta anos depois, no Memorial da Resistência de São Paulo.
A iniciativa contará com a presença de vários ex-militantes da VPR, como Ladislau Dowbor, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Roberto De Fortini, operário italiano, hoje assessor de atividades e cooperativas de agricultura familiar; Aluizio Palmar – jornalista e autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”; Dolantina Nunes Monteiro, camponesa, hoje ativista do movimento feminista na Argentina; José Carlos Mendes, exilado político de 1971 a 1979, entre outros.
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