Gravações telefônicas divulgadas ontem pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, mostra que o líder da greve da PM baiana, o ex-policial Marco Prisco, incentivou atos de vandalismo no Estado.
O deputado federal Anthony Garotinho (PMDB-RJ) confirmou nesta quinta-feira que conversou por telefone com o cabo do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro Benevenuto Daciolo, preso na noite de quarta-feira por envolvimento nos protestos grevistas de PMs na Bahia. Garotinho negou, no entanto, que tenha estimulado os policiais e bombeiros a também cruzarem os braços para pressionar o Congresso pela aprovação da PEC 300.
A deputada estadual Cidinha Campos (PDT) pediu formalmente à Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que avalie a possibilidade de quebra de decoro parlamentar supostamente praticada pela deputada Janira Rocha (PSOL), que teria dado instruções ao cabo Daciolo sobre um possível erro na estratégia de fechar a negociação baiana antes da programada greve dos policiais do Rio. Cidinha diz que já tem em mãos o resultado do laudo encomendado ao perito Mauro Ricard, comprovando que a voz de mulher identificada pela polícia é da parlamentar.
Numa escuta que segundo o telejornal foi autorizada pela Justiça, um interlocutor de Prisco identificado como David Salomão diz que vai "queimar viatura" e "duas carretas" na rodovia Rio-Bahia.
O líder da greve responde: "fecha a BR aí meu irmão, fecha a BR".
Em outra gravação, um bombeiro do Rio fala em inviabilizar tanto o Carnaval baiano quanto o fluminense -ele foi preso ainda ontem.
"O material demonstra a vinculação de lideranças com a prática de atos de vandalismo para aterrorizar a população", disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Cerca de 300 grevistas estão amotinados na Assembleia Legislativa, em Salvador. O prédio está cercado pelo Exército, que voltou a cortar luz e água, deixando o clima tenso.
Os PMs baianos estão em greve desde 31 de janeiro, data a partir da qual foram registrados casos de vandalismo e aumento da violência no Estado
Investigações da Polícia Civil apontam indícios da ação de grupos de extermínio. Em entrevista, o governador Jaques Wagner (PT) ligou grevistas a mortes de sem-teto.
Prisco, que teve a prisão decretada, chamou o petista de "leviano" e o desafiou a provar suas acusações. Sobre as gravações, afirmou que o áudio está editado. A conversa, declarou, ocorreu na madrugada de segunda para terça.
Em nota, o governo baiano conclamou ontem grevistas a retornar ao trabalho, alegando que sua proposta eleva salários em até 38%. O Estado propôs parcelar gratificações.Na Folha
Greve da PM é ilegal, diz presidente do TST
Para o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), João Oreste Dalazen, 59, o movimento dos PMs na Bahia -com a ameaça de se espalhar pelo país- não é greve, mas um "motim".
"É inconcebível greve de um poder armado, que deixa toda a população desprotegida, desamparada e refém dos grevistas", disse.
O chefe da Justiça trabalhista entende que a Constituição é clara: é proibido greve de militares, valendo tanto para membros das Forças Armadas quanto para PMs -que chama de "força auxiliar e reserva do Exército".
Dalazen diz que a sociedade brasileira precisa ter mais "apreço" à lei. O possível alastramento desses "motins", disse, "revela a leniência das autoridades".
"O que estão fazendo é uma grave agressão ao Estado democrático de direito e à Constituição", afirmou.
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