Marcos coimbra
Nas idas e vindas do episódio de agora, o PSDB paulista só
emitiu sinais negativos. Que não é capaz de definir como prefere escolher seu
candidato, hesitando entre fazer prévias com seus filiados ou deixar que os
notáveis decidam
O impasse tucano em São
Paulo
Não faz muito tempo,
brincava-se, nos meios políticos, com a mania que os petistas tinham de criar
complicações para si mesmos. Complicações desnecessárias, que podiam
perfeitamente evitar.
Era um que falava demais, outro que dizia inconveniências,
alguns que não sabiam se comportar. Por uma razão ou por outra, expunham suas
desavenças e criavam embaraços para todos. O que devia ficar entre quatro
paredes saía no jornal.
Os próprios petistas eram seus maiores inimigos.
Hoje, depois de oito anos de Lula, e neste início de segundo
ano de Dilma, o PT parece estar pacificado. As futricas internas e as clivagens
entre seus grupos e correntes não desapareceram, mas foram apaziguadas. Ninguém
dá caneladas nos companheiros, seja por descuido ou de propósito (a não ser com
discrição, longe dos holofotes).
Enquanto isso, o PSDB, em sua mais tradicional cidadela e na
eleição de maior visibilidade nacional, age de maneira oposta. Nos últimos
quinze dias, fez tudo que podia fazer de errado.
A escolha do candidato tucano a prefeito de São Paulo se
tornou um espetáculo de forte desgaste para o partido. Que poderia ter sido
evitado, pois quem o inventou e encenou foi o próprio PSDB.
Seria um exagero dizer que a secção paulista do partido
define sua imagem nacional. Afinal, apenas 20% de bancada parlamentar do PSDB
vem do estado e o “candidato óbvio” a presidente em 2014 — nas palavras de seu
mais ilustre expoente, o ex-presidente Fernando Henrique — é o mineiro Aécio
Neves.
Mas é impossível negar o peso que os paulistas têm no
partido. Apenas para ilustrar: desde sua criação, em 1988, todos seus
candidatos à Presidência da República vieram de São Paulo — Mário Covas,
Fernando Henrique, Serra e Alckmin.
Nas idas e vindas do episódio de agora, o PSDB paulista só
emitiu sinais negativos. Que não é capaz de definir como prefere escolher seu
candidato, hesitando entre fazer prévias com seus filiados ou deixar que os
“notáveis” decidam. Que está fragmentado e confuso, dividido em alas que mal
conseguem dialogar. Que não tem lideranças que exerçam, com legitimidade, a
função de liderar.
Nas palavras de Arnaldo Madeira, peessedebista paulista de
alta plumagem — foi líder do governo Fernando Henrique na Câmara e secretário
da Casa Civil de Geraldo Alckmin: “O partido não sabe para aonde vai. Essa
falta de rumo afeta o PSDB há alguns anos, não é de agora (...). O partido está
sem direção, perdido nacionalmente e em lugares como São Paulo, único em que o
partido existe para valer”.
Fora os exageros, a irritação de Madeira talvez decorra da
crise atual — pois parece não engolir a submissão de seu partido aos vacilantes
humores de José Serra, em sua hamletiana dúvida entre ser ou não ser candidato
—, mas o diagnóstico que faz sobre o PSDB é mais profundo — e verdadeiro.
No momento em que o PSDB mais precisaria mostrar-se capaz de
se tornar (ou de voltar a ser) um meio de expressão e um canal de representação
para uma parcela importante da sociedade brasileira — contrapondo-se ao PT, a
Lula e a Dilma —, marca passo e retrocede em São Paulo.
Seus líderes locais parecem fortes, mas estão “perdidos”,
como diria Arnaldo Madeira. As lideranças nacionais tucanas assistem de longe.
Deixam nítido que o partido não tem uma instância de articulação nacional para
evitar que conflitos paroquiais o afetem como um todo.
E ainda tem gente que não entende por que Lula e o PT se
tornaram o que são no Brasil.
Postado por APOSENTADO INVOCADO
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