Presidente dirige um ônibus pela rua Dilma’s Way (Caminho de Dilma), com ministros sendo arremessados para fora e o ex-presidente Lula intrigado. Ilustração: Claudio Munoz/The Economist
A presidente Dilma Rousseff se distancia de seu antecessor, imprime estilo próprio ao governo e pode estar preparando uma agenda ambiciosa, afirma a tradicional revista liberal The Economist, em edição que chegou às bancas britânicas na noite de quinta-feira (16).
Sob o título “Sendo ela mesma”, o texto destaca que, sem gestos bruscos, a presidente vem emergindo da sombra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “predecessor e patrono”, “para remodelar o estado brasileiro a seu próprio jeito”. A revista também destaca os princípios firmes, o perfil mais técnico, a lealdade a aliados e o toque feminino como traços principais do atual governo brasileiro.
A matéria também recorda que, embora tenha mantido a composição –e muitos ministros– de Lula, a presidente demitiu sete ministros por suspeita de corrupção, “depois de defendê-los inicialmente”.
E, embora tenha escolhido seus sucessores, manteve certo pragmatismo –traço de Lula– como no caso da substituição de Mario Negromonte no Ministério das Cidades. O novo titular da pasta, Aguinaldo Ribeiro, “já enfrentava acusações ao assumir”, lembra a publicação.
Agenda ambiciosa
Por outro lado, a Economist afirma que Dilma parece estar preparando terreno para uma agenda mais ambiciosa.
“Muitas de suas escolhas soariam descabidas sob Lula”, pondera a publicação, antes de citar as nomeações de Eleonora Menicucci, para a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Marco Antonio Raupp, para a Ciência e Tecnologia, e Maria das Graças Foster, para a presidência da Petrobras, como sinais de que está sendo posto em prática “um programa próprio”.
“Muitas de suas escolhas soariam descabidas sob Lula”
‘Lembrar quem manda’
A revista diz que, em seu primeiro ano de governo, Dilma levou ao Congresso apenas uma grande reforma, a Desvinculação das Receitas da União, que permite ao Executivo manejar livremente até 20% de suas receitas anuais.
Mas estariam a caminho, segundo a Economist, a reforma no sistema previdenciário, a partilha dos recursos do Pré-Sal, o Código Florestal e a adoção de metas para o serviço público.
Diante deste cenário, a publicação cita a aprovação crescente, 59%, a ampla maioria na Câmara dos Deputados, onde a oposição “tem meros 91 representantes entre os 513 parlamentares”, e o crescimento econômico como fatores que podem ajudar a presidente a se livrar de aliados problemáticos e “lembrar quem manda”.
*Com informações da BBC Brasil
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