O episódio da notícia plantada pelas viúvas da ditadura n'O Estado de S. Paulo para pressionar a
presidente Dilma Rousseff (ver aqui) terminou com o incrível exército de Brancaleone batendo em retirada sob vara, conforme o
próprio jornalão relata:
"Os presidentes dos Clubes Militares foram obrigados
ontem a publicar uma nota desautorizando o texto do 'manifesto interclubes' que
criticava a presidente Dilma Rousseff por não censurar duas de suas ministras
que defenderam a revogação da Lei da Anistia.
Dilma não gostou do teor da nota por não aceitar, segundo
assessores do Planalto, qualquer tipo de desaprovação às atitudes da comandante
suprema das Forças Armadas.
A presidente convocou o ministro Celso Amorim (Defesa) para
pedir explicações. Ele se reuniu com os comandantes das três Forças, que
negociaram com os presidentes dos clubes da Marinha, Exército e Aeronáutica a
'desautorização' da publicação do documento, divulgado no site do Clube Militar
no dia 16, como revelou o Estado na terça-feira.
No dia seguinte, houve a reunião de Amorim com os comandantes
das três Forças e uma conversa com a presidente. Paralelamente a essa
movimentação, os comandantes telefonaram aos presidentes dos três clubes a fim
de que a nota crítica a Dilma fosse suprimida.
Ontem, o 'comunicado interclubes' foi retirado do site no
início da tarde. Por volta das 16 horas, foi divulgado um outro texto, em que
os presidentes desautorizavam o comunicado anterior. Esse desmentido, porém,
não chegou a ficar meia hora no ar. O Clube do Exército, para tentar encerrar a
polêmica, retirou a nota e o desmentido..."
Uma avaliação interessante do episódio é a da colunista
Eliane Cantanhêde, na Folha de S. Paulo:
"A nomeação de Menicucci [para a Secretaria de Políticas
para as Mulheres] sinaliza claramente que a primeira presidente mulher da
história brasileira, torturada pela ditadura militar, tem um encontro marcado,
em algum momento à frente, entre restrições políticas e convicções, entre
palavras e atos. É quando fará sua foto oficial para a história.
Não é fácil. O caminho é tortuoso, cheio de obstáculos e
armadilhas. Uma delas foi a nota impertinente dos clubes militares, na qual
oficiais de pijama se deram ao direito de criticar a presidente e comandante em
chefe das Forças Armadas e exigir que ela desautorizasse duas ministras
-Menicucci e Maria do Rosário (Direitos Humanos)- por defenderem a verdade
sobre ditaduras.
Tal como a presença de Menicucci 'diz' o que Dilma não pode
dizer, militares da reserva muitas vezes verbalizam o que os da ativa pensam,
mas não podem falar. Tal como Menicucci mede as palavras para não expor a amiga
presidente, os da reserva tiveram de recuar por conveniência dos da ativa. E a
luta continua".
Eu só faria uma ressalva:
alguns militares da reserva
temerosos do que a Comissão da Verdade possa vir a apurar verbalizam o que
alguns colegas na ativa com esqueletos no armário pensam, mas não podem falar.
A grande maioria do oficialato quer mais é saber de sua carreira,
pragmaticamente.
Então, a Dilma agiu muito bem ao pagar para ver, expondo o
blefe de uma minoria extremista e fazendo seus autores o engolirem a seco.
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