Quem viu o PT nascer como eu, que aderi ao meu primeiro e único partido, há 32 anos, não poderia imaginar tantas mudanças. O Brasil que fundou o PT não existe mais. Hoje, somos outro País, com democracia, liberdade, avanços econômicos e menos desigualdades.
Mas para chegarmos até aqui tivemos que trilhar caminhos bem difíceis. Caminhos que os que chegaram depois, ou os que aderiram faz pouco, não tem a dimensão das dificuldades que passamos. Sofremos humilhações e chacotas, perdemos nossos empregos, fomos perseguidos.
Vencer esses obstáculos só foi possível pela força da nossa militância, que nunca teve medo nem preguiça para sair às ruas, seja para pedir voto, vender uma camiseta, um botton ou defender uma concepção de sociedade.
De 82 a 88, fomos o partido da contra-ordem, do “não”, de negativas ao status quo. Não fomos ao Colégio Eleitoral, não compactuamos com o Plano Cruzado do Sarney e sua enganação da época.
De 88 em diante, passamos a ter um papel mais propositivo, pois chegamos a várias prefeituras. Começamos a construir o Modo Petista de Governar, com democracia, participação e inversão de prioridades.
De 94, com a segunda derrota de Lula (a primeira foi em 89 contra o Collor) até a vitória dele, em 2002, foram anos de nadar contra a maré neoliberal do FHC, das perplexidades, das dificuldades, das crises.
De 2003 em diante, começamos um novo processo no País, com a chegada à Presidência da República, não fazendo nenhuma ruptura, como imaginávamos com nossas palavras de ordem de 82: Partido sem patrão, Fora FMI, classe contra classe. Foi a época de implementar a Carta aos Brasileiros que deu base ao nosso programa vitorioso, ganhando para o nosso lado o empresariado, e a simbologia foi exatamente o vice-presidente José Alencar, um rico empresário.
O Brasil foi mudando e nós do PT também. Não abandonamos nossos sonhos de um mundo igualitário, possível, com inclusão social, sustentabilidade econômica, social e ambiental, mas optamos pelo caminho da união com alguns setores até conservadores, para poder fazer as mudanças que tanto o Brasil almejava.
Não foi um caminho linear. Também nos perdemos, pelo menos alguns, pelos caminhos dos desvios éticos, de condutas condenáveis. Alguns optaram por cometer os mesmos ilícitos que outros, com o Caixa 2 de campanha. Mas ainda somos o partido das mudanças, dos sonhos, das esperanças. Queremos continuar sendo isto e muito mais, principalmente para voltar a reencantar nossos jovens, como eu me encantei com este sonho há 32 anos atrás.
Eu estive lá, e continuo aqui, construindo esta história.
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