domingo, 22 de maio de 2011

Entrevista Celso Amorim: “O voto contra o Irã não é mudança na política externa”

O ex-ministro Celso Amorim diz que não teria votado a favor das investigações sobre direitos humanos no Irã.

Por Tatiana Merlino

O voto do Brasil a favor das investigações sobre violações de direitos humanos no Irã não representa uma mudança na política externa brasileira, acredita o ex-ministro Celso Amorim. Em entrevista concedida por telefone, Amorim disse que, com os elementos que tinha no governo anterior, “talvez não tivesse votado dessa maneira, porque isso dificulta o esforço de persuasão para que o Irã melhore algumas políticas”, embora tenha reiterado que respeita a avaliação “que tem sido feita pelas pessoas que tiveram que pensar nisso no momento”. Em artigo publicado dias após o voto, ele disse que “esse tipo de relator sobre um país específico, do ponto de vista simbólico, representa o nível mais alto de questionamento sobre o estado dos direitos humanos”.

Durante a conversa com Caros Amigos, o exchanceler explicou que hoje, no mundo, apenas oito países são objeto de um relator especial. “Se formos olhar o número de países que viola direitos humanos no mundo – não digo nem os que violam de maneira ocasional, mas os que violam sistematicamente –, encontraremos, pelo menos, 40 ou 50. Então, é um processo altamente seletivo que tem a ver com objetivos políticos de potências. Essa era a avaliação do governo anterior”.

Se por um lado ele acredita que não se pode minimizar a importância do voto, que “é sim um fato que tem uma consequência política”, por outro “tampouco se pode dramatizar demais. É preciso entender o que aconteceu. Nem é uma mudança na política externa nem é um fato politicamente irrelevante, como outros procuraram mostrar”.

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